‘Pesadelo americano’: colombianos deportados pelos EUA chegam a Bogotá

Dois aviões militares colombianos pousaram em Bogotá nesta terça-feira, 28, trazendo cerca de 200 migrantes deportados pelos Estados Unidos. Muitos deles denunciaram as condições degradantes do programa de expulsão liderado pelo governo de Donald Trump, classificando a experiência como um verdadeiro “pesadelo americano”.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, inicialmente se opôs à chegada dos voos militares com deportados, exigindo “condições dignas”, como a remoção das algemas. Após negociações tensas que geraram uma breve crise diplomática com ameaças tarifárias, Bogotá aceitou os termos e enviou duas aeronaves oficiais para buscar os migrantes nas cidades americanas de San Diego e Houston.

Denúncias de maus-tratos no retorno

Imagens da AFP mostraram os deportados — incluindo menores de idade — desembarcando no aeroporto El Dorado usando máscaras faciais. Fotos divulgadas pelo governo colombiano confirmaram que não havia algemas dentro das aeronaves oficiais.

Carlos Gómez, um dos migrantes, descreveu sua experiência como pior do que estar na prisão: “Não sabíamos se era dia ou noite, nos davam comida estragada.” Ele e seu filho de 17 anos, que haviam migrado apenas duas semanas antes, foram algemados ao serem levados para o voo inicial, rejeitado por Petro.

“Papai, está doendo”, relatou Gómez sobre as palavras do filho durante o trajeto. Segundo ele, a comida era jogada no chão enquanto estavam na cela.

Resposta do governo colombiano

Após a chegada dos deportados, o presidente Petro afirmou: “Eles são colombianos, são livres e dignos e estão em sua pátria, onde são amados. O migrante não é um criminoso.” Além disso, o governo anunciou a criação de um plano de crédito acessível para apoiar a reintegração produtiva dos repatriados, sem detalhar os valores ou condições do programa.

Outros migrantes também relataram maus-tratos. Daniel, que estava em um dos voos, disse ter pago mais de 5 mil dólares a coiotes para chegar aos Estados Unidos. Ele criticou: “Entramos de maneira ilegal, mas o tratamento foi precário. Levaram nossos pertences e nos algemaram como criminosos de alto nível.”

Crise diplomática e sanções

A postura de Gustavo Petro gerou o primeiro confronto diplomático entre a Colômbia e Donald Trump, que desde janeiro adotou medidas mais rígidas contra a migração irregular. Como retaliação à resistência inicial de Bogotá, Trump anunciou altas tarifas sobre importações colombianas e suspendeu a emissão de vistos na embaixada dos EUA.

Petro respondeu com sanções comerciais semelhantes, intensificando as tensões entre os dois países, que há décadas possuem cooperação militar no combate ao narcotráfico e às guerrilhas.

As deportações em massa reacenderam o debate sobre o tratamento dado aos migrantes, especialmente àqueles da América Latina, que representam a maior parte dos 11 milhões de imigrantes em situação irregular nos Estados Unidos.

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