A revolução das GovTechs: oportunidades para transformar governos e economias

*Por Gustavo Maia

As GovTechs estão liderando uma transformação sem precedentes na gestão pública global. Em um mundo onde a tecnologia redefine setores como saúde, educação e finanças, os governos enfrentam o desafio de modernizar suas estruturas ainda baseadas em sistemas legados e processos burocráticos.

A busca por eficiência, transparência e sustentabilidade impulsiona a adoção de tecnologias que não apenas digitalizam operações, mas reconfiguram a forma como os serviços públicos são oferecidos e como os cidadãos interagem com o poder público.

Esse movimento, detalhado no relatório do Fórum Econômico Mundial, projeta um impacto global potencial de 9,8 trilhões de dólares até 2034.

O relatório projeta um crescimento significativo do mercado de GovTechs, hoje avaliado em 606 bilhões de dólares, para 1,42 trilhão nos próximos dez anos, com uma taxa anual de crescimento composta de 8%.

Mais do que números impressionantes, esses dados refletem a transformação estrutural que as GovTechs podem proporcionar em áreas-chave da administração pública. Elas representam uma nova abordagem para problemas antigos, onde eficiência, transparência e sustentabilidade são os pilares centrais.

Por meio da automação de processos, ferramentas de análise de dados e integração de tecnologias como inteligência artificial e blockchain, as GovTechs estão gerando economias substanciais para os cofres públicos.

O relatório estima, por exemplo, que essas soluções possam reduzir custos operacionais em até 30%, economizando 5,8 trilhões de dólares globalmente, além de combater a corrupção e promover uma gestão mais sustentável. O potencial de impacto das GovTechs é evidente em exemplos ao redor do mundo.

Na Ucrânia, a plataforma Diia consolidou mais de 30 serviços públicos em um aplicativo móvel,
permitindo que a maior parte da população adulta interaja com o governo pelo celular.

Em Ruanda, o portal IremboGov digitalizou mais de 250 serviços, simplificando processos e aproximando cidadãos do Estado. No Brasil, a Lei do Governo Digital já conectou 4.000 serviços digitais, beneficiando milhões de brasileiros. Além disso, o país conta com o primeiro fundo de venture capital para GovTechs na América Latina, lançado pela gestora de impacto KPTL.

Com mais de 50 milhões de reais para investir no setor, o fundo é um marco na consolidação de um ecossistema de inovação pública robusto, do qual tenho orgulho de ter contribuído bastante para sua constituição.

O Brasil, com uma população altamente conectada e um histórico de ineficiências administrativas, apresenta grande potencial para as GovTechs. Iniciativas como o Colab, plataforma que conecta cidadãos e governos, vão além da digitalização: elas promovem interação direta entre população e gestores, aumentando a transparência e agilizando a resolução de demandas.

Contudo, para que o Brasil lidere esse movimento, será necessário investir em cultura organizacional e capacitação, além de tecnologia.

A expansão do mercado de GovTechs enfrenta desafios, como a resistência a mudanças e a necessidade de investimentos em infraestrutura e segurança de dados.

No entanto, os custos da inação são ainda maiores: governos que não se adaptarem correm o risco de acentuar suas ineficiências e perder a confiança dos cidadãos.

Para os investidores, esse mercado une retorno econômico e impacto social, tornando-se uma oportunidade estratégica em um cenário de prioridades globais como sustentabilidade e inclusão.

O relatório do Fórum Econômico Mundial ressalta que as GovTechs não são apenas uma tendência, mas uma mudança estrutural.

Sua implementação exige colaboração entre setor público, iniciativa privada e sociedade civil. Para gestores públicos, é hora de adotar práticas ágeis e fomentar parcerias estratégicas.

Para empreendedores, é a chance de criar soluções escaláveis e impactantes. E, para os cidadãos, é a promessa de um governo mais eficiente, transparente e próximo.

A transformação que as GovTechs oferecem não é uma promessa distante; ela já está acontecendo. Países como Ucrânia, Ruanda e Brasil mostram que é possível alcançar resultados concretos, desde que haja vontade política e visão estratégica.

Para as empresas que atuam no setor, o momento é de consolidar soluções que criem valor público e preparem o caminho para uma gestão mais moderna e responsiva.

O mercado de GovTechs está apenas começando a mostrar seu potencial, mas uma coisa é certa: ele não é apenas a bola da vez, é a oportunidade de transformar a relação entre governos e sociedades no século XXI.

*Diretor Executivo da GovTech Colab, advisor do fundo GovTech da KPTL e Membro do Global Future Council on GovTech and Digital Public Infrastructure do Fórum Econômico Mundial.

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