Com mais voos no palco, Wicked retorna, pela terceira vez, ao teatro

A atriz Myra Ruiz tinha 16 anos quando assistiu a Wicked na Broadway pela primeira vez. No momento em que Elphaba alça voo no palco cantando os versos de Defying Gravity, Myra sentiu um arrebatamento que nunca havia experimentado. “Eu também quero provocar isso nas pessoas”, pensou.

Em 2025, Myra está prestes a acender esse sentimento na plateia pela terceira vez. A partir de 20 de março, no Teatro Renault, em São Paulo, ela retorna como Elphaba, novamente ao lado de Fabi Bang como Glinda. Juntas, elas prometem trazer de volta ao público a magia de Wicked.

O musical já esteve em cartaz no Teatro Renault em 2016, assistido por mais de 340 mil pessoas. Em 2023, no Teatro Santander, Wicked registrou a maior bilheteria da história do teatro, com um público de mais de 156 mil espectadores e cinco meses de sessões esgotadas.

Desde sua estreia, em 2003, na Broadway, Wicked tem atraído multidões e arrecadou US$ 1,68 bilhão, sendo o segundo musical de maior bilheteria dos Estados Unidos. Um fenômeno que transcendeu os palcos e chegou às telonas.

O filme, intitulado Wicked: Parte 1, traz Ariana Grande e Cynthia Erivo no elenco. Lançado em novembro de 2024, o longa repete a parceria de Fabi Bang e Myra Ruiz como as vozes de Glinda e Elphaba na versão dublada em português.

A obra no cinema recebeu 10 indicações ao Oscar 2025, incluindo melhor filme, melhor atriz (Cynthia Erivo) e melhor atriz coadjuvante (Ariana Grande).

Diante do êxito da história e de uma janela de disponibilidade no Teatro Renault, a principal casa de musicais de São Paulo, o produtor Carlos Cavalcanti, presidente do Instituto Artium de Cultura, enxergou uma nova oportunidade. “Faltou sessão na temporada do Santander. Esgotamos todos os ingressos dois meses e meio antes do final da temporada”, diz Cavalcanti, ao NeoFeed.

Segundo Cavalcanti, o interesse do público deve aumentar ainda mais com a chegada do filme ao streaming. Mesmo faltando quase dois meses para a estreia, as duas primeiras semanas da nova temporada já estão com ingressos esgotados. Algumas sessões de abril também já não têm mais lugares disponíveis. O preço dos ingressos varia de R$ 21,10 a R$ 400.

A montagem atual não leva o selo “original Broadway”. Embora mantenha o texto e músicas, os cenários e figurinos foram produzidos localmente. Por isso, Cavalcanti promete uma experiência renovada. E mais: “a gente não vai ter apenas dois sistemas de voo, vamos ter três”, revela.

Além do icônico voo de Elphaba sobre a plateia e da entrada aérea de Glinda em sua bolha mágica, haverá um terceiro sistema paralelo ao da bolha. “Vai ter mais gente voando”, garante o produtor.

O musical é um prelúdio à história de Dorothy e do Mágico de Oz. Wicked conta as trajetórias das bruxas Má do Oeste e Boa Norte. Elphaba, vivida por Myra Ruiz, é uma jovem incompreendida por sua pele verde e por um poder que ainda não domina.

Na escola de magia, ela conhece Glinda, interpretada por Fabi Bang, que encarna a popularidade e a ambição de quem cresceu cercada de privilégios. Apesar das diferenças, surge uma amizade inesperada.

Essa história encontra eco na vida real das atrizes. Fabi, 40 anos, e Myra, 32, com quase uma década de diferença de idade e trajetórias profissionais distintas, uniram-se pela primeira vez como protagonistas no musical.

Dessa parceria nasceu uma amizade que vai além dos bastidores. “Tinha tudo para gerar conflitos, mas sempre escolhemos nos apoiar nos momentos difíceis, em vez de competir”, diz Myra.

Myra e Fabi são as únicas integrantes presentes nas três montagens. Ainda assim, ambas destacam que cada temporada tem sua singularidade. “Minha performance nasce da troca com os outros atores. A Elphaba de 2025 será fruto dessa interação com o novo elenco”, afirma Myra. Para que tudo fique alinhado, os atores ensaiam de segunda a sábado, por oito horas diárias. “É uma maratona”, define a atriz.

Para Fabi, revisitar Glinda pela terceira vez é uma chance de explorar novas nuances. A experiência de dublar Ariana Grande no filme reacendeu memórias de sua adolescência, que ela pretende incorporar à personagem. “Aquela essência adolescente, cheia de frescor, de quem está vivendo algo pela primeira vez. Eu quero trazer um pouco dessa energia para Glinda”, diz.

Fabi ainda promete uma surpresa: “Eu sempre gosto de homenagear nosso país, nossa cultura e nosso folclore dentro do espetáculo, mas respeitando a essência da peça. Desta vez, não será diferente.”

Substituta no Mamma Mia!

Aos 17 anos, Myra acompanhava uma amiga para uma audição e acabou fazendo o teste. Para sua surpresa, foi aprovada como substituta da protagonista Sophie, no musical Mamma Mia!. “Depois emendei outro musical, mas falei: ‘Preciso estudar, me formar’”, relembra a atriz ao Neofeed.

Myra se mudou para Nova York para estudar teatro na Lee Strasberg Theatre & Film Institute. “Sempre soube que era importante focar no teatro, porque somos contadores de histórias. Temos que cantar, dançar, mas, acima de tudo, contar uma história. Era essencial me formar como atriz”, explica.

Fabi Bang, por sua vez, tem uma trajetória marcada pela dança desde a infância. Formada como bailarina pelo Theatro Municipal do Rio de Janeiro, descobriu a paixão pelos musicais ao assistir a Não Fuja da Raia, estrelado por Claudia Raia.

“Eu sabia que tinha encontrado ali a minha turma”, conta. Mas o mercado de teatro musical no Brasil ainda era muito pequeno. “Aquilo ficou adormecido. E fui focar na minha carreira de bailarina.”

Montagem de 2023 do musical Wicked, no Teatro Santander

Myra Ruiz e Fabi Bang atuaram na montagem de 2023

Em 2023, musical Wicked recebeu 156 mil espectadores

Determinada a construir uma carreira internacional, Fabi se mudou para Hamburgo, onde fez pela primeira vez uma audição para um musical, não foi escolhida, mas vislumbrou ali uma possibilidade de carreira.

De volta ao Brasil, em 2003, fez o teste para integrar o elenco de apoio d’O Fantasma da Ópera e ficou em cartaz por dois anos. Desde então, dedicou-se a aprimorar suas habilidades no canto e na interpretação, com a mesma disciplina rigorosa que aplicava ao balé.

Aos 23 anos, Myra Ruiz estava satisfeita com sua carreira. Era destaque em Nine, Um Musical Felliniano, dirigido por Charles Möeller e Cláudio Botelho. Foi nesse momento que surgiu a oportunidade de participar das audições para Wicked, no papel de Elphaba. Quando compartilhou a notícia com Möeller, ele foi direto: “Você vai passar”. Myra, porém, não compartilhou do mesmo otimismo.

“Tem 20 atrizes veteranas à minha frente. Ninguém vai dar esse papel — o mais difícil do teatro musical — para uma novata”, pensou. Após 11 etapas exaustivas de audição, a previsão de Möeller se concretizou. Myra conquistou o papel.

Fabi, aos 31 anos, também vivia um momento otimista em sua carreira. Após ser escalada como substituta em cinco produções, ela finalmente tinha conquistado um papel de destaque em Kiss Me, Kate. Quando as audições para Wicked foram anunciadas, ela inicialmente considerou tentar o papel de Elphaba. No entanto, amigos insistiram que ela deveria se candidatar ao papel de Glinda.

“Foi um processo de autoconhecimento”, relembra Fabi. “Eu precisei colocar uma lente de aumento em mim mesma e enxergar: uou, peraí, esse é o meu brilho. Todo mundo está vendo isso, menos eu.” Confiando na opinião da maioria ao seu redor, decidiu seguir o conselho. Não só conseguiu o papel como conquistou o Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Atriz, em 2016, pela atuação.

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