Milei reduz (finalmente) tarifas sobre grãos na Argentina. E afeta mercado

Eleito com apoio de boa parte do agronegócio argentino, o presidente Javier Milei prometeu desde a campanha que reduziria as barreiras na exportação de grãos.

Na época, a intenção foi confirmada pelo então secretário de agricultura da Argentina, em entrevista exclusiva ao AgFeed. Porém, até ontem o setor ainda esperava que alguma ação prática nesse sentido fosse adotada.

As “retenciones” não acabaram, mas foram reduzidas em anúncio feito nesta quinta-feira pelo governo argentino.

Na soja, a tarifa caiu de 33% para 26% e no milho de 12% para 9,5%. Já o farelo e o óleo de soja agora estão sujeitos a uma tarifa 24,5%, abaixo dos 31% praticados anteriormente. No trigo a taxação caiu de 12% para 9%.

A medida entra em vigor na próxima segunda-feira, dia 27 de janeiro, e vale até 30 de junho de 2025.

O ministro da Economia argentino Luís Caputo disse que a medida se justifica no momento em que os preços das commodities estão mais baixos e em função da seca que começa a causar perdas na safra do país. Ele afirmou que gostaria de eliminar as tarifas, mas alegou falta de recursos para isso. Por enquanto, com o recente superávit alcançado no país, o ministro falou em apoio ao setor agro e mostrar que o governo “não está indiferente” aos problemas dos agricultores.

A Argentina é grande exportadora de farelo de soja já que o país sempre incentivou que a cadeia exportasse mais o produto processado e menos a soja em grão.

Com menos tarifas, a tendência é de maior oferta de farelo de soja argentino no mercado internacional.

Por isso, já na abertura do mercado, nesta sexta-feira, na Bolsa de Chicago, o farelo apresentava queda de 2% nas cotações.

Isso influenciou as cotações da soja que também se mantiveram no negativo na maior parte do dia. O contrato para março 25 na CME fechou em queda de 9,75 pontos, cotado a US$ 10,55 por bushel.

O analista Matheus Pereira, da Pátria Agronegócios, alerta que a Argentina, com a medida, pode ficar mais ativa no mercado mundial da soja, embora ainda esteja com baixa competitividade logística para chegar a China, se comparada ao produto brasileiro.

Enquanto o Brasil exportou mais de 97 milhões de toneladas de soja em 2024, os argentinos embarcaram apenas 5 milhões de toneladas.

Semana de emoções na soja

A notícia vinda da Argentina não foi o único fator a contribuir para a volatilidade da soja ao longo da semana. No dia seguinte à posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, a soja chegou a subir 30 pontos na Bolsa de Chicago.

Analistas aguardavam um anúncio mais radical em relação à aplicação de tarifas dos americanos sobre a China, mas o discurso de Trump acabou sendo bem mais brando do que o mercado esperava, o que favoreceu a expectativa de quer a demanda pela soja americana não seja tão afetada.

A chance de uma guerra comercial entre EUA e China é um fator que poderá fazer os asiáticos buscarem mais soja brasileira, mas o cenário por enquanto tem favorecido os americanos, em função dos sinais mais “amistosos” de Trump em relação a Xi Jinping.

Outra notícia da semana no mercado da soja foi o embargo de cargas de soja do Brasil por parte da China. Pelo menos cinco empresas teriam sido afetadas, entre elas Cargill, Olam e ADM. Na quarta-feira o Ministério da Agricultura do Brasil confirmou que foi notificado pelas autoridades chinesas, que teriam identificados resíduos não autorizados em algumas cargas. O AgFeed apurou junto aos traders que a movimentação no mercado praticamente não foi afetada já que essas multinacionais operam com diferentes CNPJs e apenas alguns, específicos, foram alvos da restrição.

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