A Porto Serviço quer mostrar mais serviço. M&As voltam ao radar

Quando foi lançada oficialmente, no fim de 2023, como parte da estratégia de diversificação da Porto para além dos seguros, a Porto Serviço trouxe, já de saída, alguns dados deixando claro que a nova empresa estava longe de partir do zero.

Fruto da combinação das operações da CDF, comprada em 2022, a companhia nasceu com um portfólio amplo de serviços, de eletricistas, encanadores e help desk a guinchos, consertos e instalações de eletrodomésticos. E já acumulava, em sua fase de gestação, mais de 3,7 milhões de serviços prestados.

Nessa largada, faltava, porém, um número que traduzisse o potencial à frente do novo negócio. Agora, essa lacuna está preenchida. E, a partir desse indicador, a Porto Serviço já se movimenta para reforçar seu leque de ofertas e capturar uma fatia mais relevante de um mercado de cifras bilionárias.

“Fizemos um trabalho de três meses com uma consultoria externa para entender o tamanho dessa oportunidade”, diz Lene Araújo, CEO da Porto Serviço, ao NeoFeed. “E isso nos fez chegar a um mercado endereçável e factível de R$ 50 bilhões a R$ 80 bilhões.”

Hoje, o portfólio da Porto Serviço compreende 48 serviços, prestados por um batalhão de mais de 13 mil profissionais em campo. E as próximas ofertas para fortalecer esse arsenal já estão no forno e serão lançadas de janeiro.

As novidades incluem a instalação de ares-condicionados e a impermeabilização de sofás, que estarão disponíveis inicialmente na região da Grande São Paulo. Outra estratégia será expandir ofertas ainda incipientes dentro do portfólio. É o caso da categoria de montagem de móveis.

“Esse é um segmento que queremos, de fato, entrar. Vamos expandir essa rede em 2025”, afirma Araújo. “É um mercado lucrativo e promissor. No Brasil, quase 60% das vendas de móveis já são feitas por vias digitais, em várias plataformas. E essas pessoas precisam contratar a montagem de terceiros.”

Outra linha ainda pequena e que a Porto Serviço planeja dar mais escala neste ano são os serviços de dedetização. Ao mesmo tempo, há ofertas sendo testadas em campo desde 2024 e que também começam a ganhar tração. O principal exemplo são os serviços de instalação de carregadores elétricos.

Enquanto coloca essas ofertas “nas ruas”, a Porto Serviço planeja voltar a percorrer outra via para ampliar o seu portfólio: os M&As. Além da CDF, que deu origem à operação, a companhia comprou a Unigás, de instalação e assistência técnica de sistemas de aquecimento e gás, em agosto de 2023.

Segundo Araújo, após um hiato de movimentações, a empresa está bastante ativa e tem dois “alvos” em estudo, em fase de valuation, para potenciais aquisições. O primeiro envolve a expansão de um serviço que já integra o seu portfólio. E, o segundo, um serviço ainda não ofertado em sua carteira.

“A tese em M&As é exatamente a expansão de portfólio”, afirma. “Nossa ideia é cuidar de conveniência. Então, tudo que envolver conveniência em casa, para a família, a jornada do carro, enfim, o cotidiano do cliente, vamos ofertar.”

A Porto Serviço tem outros esforços em curso para ampliar essa presença no dia a dia e, por consequência, a base atendida por sua operação. E, no caso do segmento do B2C, das vendas diretas ao consumidor, o principal caminho não se restringe a explorar os 18 milhões de clientes do grupo Porto.

“Temos um volume de 50 milhões de clientes que já tiveram passagens pelo ecossistema da Porto ao longo do tempo”, diz Araújo. “Então, a partir do nosso CRM, estamos começando a mandar pushes e ativações diretamente para essas pessoas.”

No campo do consumo desses serviços, outra estratégia inclui o segmento B2B2C, por meio de parcerias para a venda dos serviços a clientes de empresas de segmentos como bancos, montadoras, plataformas digitais, varejo e gás.

Mais recentemente, a Porto Serviço adicionou 10 novos acordos nessa ponta, chegando a cerca de 30 parceiros. Essa relação conta com empresas como Magazine Luiza, Porsche, BYD, Honda, Casas Bahia e Comgás.

Com o plano de ampliar essa lista, a empresa vem estendendo os laços com um desses parceiros, o Carrefour. Do projeto inicial, que cobria 11 lojas da rede em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Pernambuco, o acordo está agora em 43 unidades em todo o País e já prevê a expansão para 70.

Companhia aberta

Nos dados públicos mais recentes que traduzem o resultado de todos esses passos, a Porto Serviço registrou um volume de atendimentos de mais de 5,5 milhões de serviços no acumulado de janeiro a setembro de 2024.

Entre julho e setembro, a operação apurou uma receita de R$ 620,1 milhões, um lucro líquido de R$ 52,5 milhões e um Ebitda de R$ 105,5 milhões. Já a receita nos primeiros nove meses de 2024, por sua vez, foi de R$ 1,86 bilhão, aproximando-se do guidance para o ano, entre R$ 2,4 bilhões e R$ 2,7 bilhões.

Com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 44 para a ação da Porto, o BTG Pactual destacou a manutenção do “forte crescimento” da Porto Serviço. Além de ressaltar o fato de o grupo estar “aberto a trazer novos parceiros estratégicos e/ou conduzir IPOs de suas subsidiárias no futuro”.

No caso da Porto Serviço, o passo mais recente nessa direção foi dado em novembro de 2024, quando a empresa pediu o registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na categoria A, que permite a emissão de qualquer valor imobiliário, inclusive ações.

“O registro como companhia aberta foi muito mais por uma questão estratégica, de mostrar que estamos com apetite de crescimento, do que efetivamente por uma necessidade de capital”, diz Araújo. “Mas, no curto prazo, não temos nada no horizonte.”