O fenômeno climático El Niño já provocou a extinção em massa da vida na Terra

Há 250 milhões de anos, a vida na Terra, por pouco, foi quase totalmente extinta. Essa é a conclusão de um estudo científico realizado pela Universidade de Bristol, no Reino Unido, em parceria com a Universidade de Wuhan, na China, que revela como o fenômeno climático El Niño contribuiu para a extinção de quase toda fauna e flora em todo o planeta durante o período Triássico, na Era Mesozóica.

Foi neste período que os primeiros dinossauros surgiram, logo após a formação de um novo oceano que causou alterações no clima e permitiu transformações em todo o planeta. A Terra, até então, contava apenas com um único continente: Pangeia. O clima era quente e seco. A Terra era praticamente um grande deserto do Saara. Nos polos, a condição climática era bem diferente de hoje porque não havia gelo por ali, mas áreas de floresta povoadas por animais vertebrados.

Antes do início do período Triássico, o planeta já havia passado por uma extinção em massa no período anterior. Nos ambientes de água doce, os anfíbios eram a espécie predominante. Viviam os primeiros sapos, salamandras, tartarugas, serpentes e lagartos. Além disso, havia artrópodes, como aranhas, escorpiões, centipedes e gafanhotos. No topo da cadeia alimentar surgiram os primeiros dinossauros, só que esses eram  quadrúpedes e bem mais baixos. Este grupo contava ainda com os pterossauros (vertebrados que voavam) e répteis que lembram crocodilos.

Em princípio, esses dinossauros eram ágeis e pequenos, mas logo surgiram os maiores, com pescoços alongados, os famosos “sauros”. Apesar de terem surgido no Triássico, os dinossauros se destacaram no período Jurássico. Há 250 milhões de anos, as espécies passaram por uma de “montanha russa” de sucessivas extinções. O período ficou marcado por cinco eventos significativos que duraram 2 milhões de anos e reduziram em até  80% a biodiversidade do planeta. Todos eles tiveram causas distintas, entre elas o impacto de asteroides, atividades vulcânicas, elevação drástica do nível do oceano causada pelas idas e vindas de eras de gelo, aquecimento global e, por último, a pior de todas as catástrofes: o fenômeno El Niño, capaz de provocar extinção total da vida terrestre.

Até a publicação deste estudo, a ciência atribuía o momento em que a Terra quase tornou-se inabitável às erupções vulcânicas massivas na região da Sibéria, mas sempre houve questionamentos sobre a capacidade dos vulcões de provocar um aquecimento global de tal magnitude. Agora, sabemos que a devastação foi provocada pelo fenômeno conhecido como El Niño.

Combinação de desastres globais

O novo estudo concluiu que o El Niño teve um papel relevante no período Triássico e foi capaz de alterar a biodiversidade do planeta há 250 milhões de anos. Durante o El Niño, as águas do Oceano Pacífico esquentam, provocando o aumento da temperatura global e o super aquecimento em várias regiões.

No entanto, no período Triássico, o El Niño não durava apenas alguns meses do ano como hoje, mas décadas, e causava impacto fulminante no clima. A pesquisa inédita também revelou que, enquanto hoje, os ecossistemas passam por um período de recuperação após o El Niño. Há milhões de anos, o fenômeno era bem mais intenso e poderia durar anos. Esses episódios foram classificados como “mega El Niño”, e tinham a capacidade de desertificar o planeta inteiro após incêndios catastróficos, que dizimavam plantas e animais e aumentavam consideravelmente o efeito estufa, a partir da produção excessiva e concentração de gases tóxicos.

A pesquisa, sino-britânica, além de reveladora, conecta-se com o momento atual que o planeta vive com as mudanças climáticas e elevação da temperatura média. Há 250 milhões de anos, a vida na Terra quase se extinguiu devido à concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. A situação se repete, mas, dessa vez, a alteração climática é resultado da ação humana. A ciência chama a atenção para o momento que pode levar à  extinção em massa. O tempo está se esgotando e a humanidade corre o risco de desaparecer caso permita que a História volte a se repetir.

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