PIB do agronegócio se recupera com ajuda da pecuária e deve crescer em 2024

Depois de dois trimestres em queda, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro registrou crescimento de 1,26% no terceiro trimestre de 2024, de acordo com o levantamento feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA).

O indicador leva em conta não apenas a produção nas fazendas, mas também a riqueza gerada nos demais elos da cadeia do agronegócio.

Os segmentos que puxaram a alta no terceiro trimestre do ano passado foram as agroindústrias, com 1,60%, os agrosserviços com 1,22%, o setor primário com 1,14% e os insumos com 0,83%.

Segundo relatório divulgado nesta quinta-feira, “os desempenhos desses segmentos foram impulsionados pelo aumento do valor bruto da produção, que foi principalmente influenciado pelos preços reais mais altos no período”.

O PIB da atividade pecuária foi o que mais cresceu no terceiro trimestre, com alta de 1,31%, puxado principalmente pelo bom desempenho do setor primário, com alta de 3,02%, e pelo setor de insumos, que cresceu 1,99%.

Apesar da boa notícia, o avanço foi insuficiente para reverter a queda no acumulado total de janeiro a setembro, que ficou em 2,49%.

“Essa reação no terceiro tri é importante, mas não foi suficiente para reverter a queda acumulada. No entanto, os dados mostram o início dessa reversão e a expectativa é de que essa recuperação se mantenha no quarto trimestre”, avaliou a assessora técnica da CNA, Isabel Mendes, em entrevista ao AgFeed.

Se considerados apenas os números contabilizados até setembro, a indicação seria de que o PIB do agronegócio fecharia o ano em R$ 2,58 trilhões, um recuo de 3,3% em relação a 2023.

Isabel Mendes esclareceu, porém, que a perspectiva de recuperação continua, por isso os pesquisadores ainda acreditam que o PIB do agronegócio possa crescer até 2%.

O percentual exato só será conhecido quando o IBGE tiver divulgado os dados do ano completo e o time de pesquisa fechar o quarto trimestre, pela metodologia do Cepea.

Se o crescimento se confirmar, Isabel afirma que a participação do agronegócio no PIB do Brasil como um todo poderá chegar a 23,2%, percentual bastante próximo dos 23,5% registrados em 2023.

A safra menor de grãos na temporada 23/24, somada à queda na cotação das commodities contribuíram para a desaceleração de 4,04% do PIB agrícola nos três primeiros trimestres de 2024.

Segundo o último levantamento da safra de grãos 23/24 feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção fechou em 298,41 milhões de toneladas, redução de 21,4 milhões de toneladas em relação às perspectivas iniciais.

Em contrapartida, o setor pecuário registrou alta de 1,6% no acumulado dos três trimestres. “Na pecuária, apesar da queda dos preços, tivemos expansão forte na produção, especialmente na bovinocultura de corte, o que ajudou a atenuar o declínio”, avalia Isabel.

Os recordes das exportações de carne bovina, suína e de aves puxados pelo aumento da demanda internacional também contribuíram para o crescimento do segmento da pecuária dentro do PIB.

Com isso, os insumos agrícolas para a pecuária registraram alta de 1,32%. O desempenho do setor agroindustrial pecuário também registrou alta, de 6% no acumulado dos três trimestres do ano. Os agrosserviços voltados para a pecuária também registraram alta de 4,15%.

Setor agrícola em queda

Dentro do segmento agrícola, um dos setores que apresentou a maior queda foi o de insumos, cuja retração chegou a 7,24% no acumulado de janeiro a setembro. O desempenho foi impactado principalmente pelos insumos agrícolas, que registraram baixa de 10,69%.

Segundo o relatório, contribuíram para essa queda os desempenhos das indústrias de fertilizantes, defensivos e máquinas agrícolas, “que enfrentaram pressões devido à queda tanto nas cotações quanto na produção, como observado nos setores de fertilizantes e máquinas agrícolas”.

No segmento primário, a retração foi de 4,32%, com destaque para o setor primário agrícola que recuou 4,44% puxado pela queda nos preços das commodities e as perspectivas de menor produção, especialmente na safra de milho, soja e trigo.

O segmento agroindustrial foi o que menos recuou no acumulado do ano, com queda de 0,67%, puxado pela queda no desempenho das indústrias de base agrícola, que recuaram 2,32%.

Mesmo com o início da safra 24/25 e a projeção de uma produção recorde, acima de 322 milhões de toneladas segundo a Conab, o desempenho do PIB da indústria agrícola foi tímido, impactado principalmente pelos preços reais mais baixos especialmente para os biocombustíveis e óleos vegetais.

Isabel explica que a expectativa é de que os primeiros resultados dessa safra recorde comecem a surtir efeito nos resultados do quarto trimestre. “Os impactos da alta do dólar também devem começar a aparecer, já que a dispara aconteceu nos últimos meses do ano”, pondera.

Apesar de benéfico para quem exporta, Isabel explica que a alta do dólar também pressiona os custos, já que os insumos são em dólar. “No caso do milho e da soja, o dólar alto ajudou, mas não foi assim em todos os setores, porque nem todos exportam”, avalia.

 

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