Trump ameaça Rússia com sanções e dá prazo para fim do conflito

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou, nesta quarta (22), o clima de tensão global ao estabelecer um prazo de 100 dias para o enviado especial da Casa Branca Keith Kellogg acabar com a guerra na Ucrânia.

A medida, acompanhada de ameaças de sanções “sem precedentes” contra Moscou, é vista como potencial desestabilizador da região ao dificultar soluções diplomáticas.

Trump prometeu impor “altos níveis de taxas, tarifas e sanções” contra quaisquer bens russos exportados para os EUA e outros países caso Moscou não aceite negociar sob suas condições. A iniciativa foi anunciada em sua rede Truth Social, em um discurso marcado pela retórica belicosa que tem caracterizado o novo mandato do presidente republicano.

“Farei um grande FAVOR à Rússia, cuja economia está falhando, e ao presidente Putin. Acertem agora e PAREM com essa guerra ridícula! SÓ VAI PIORAR”, alertou o republicano, advertindo ainda que “podemos fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil”.

O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, respondeu nesta quarta dizendo que Moscou vê uma “pequena janela de oportunidade” para negociar acordos com Trump, embora não tenha citado especificamente a questão ucraniana.

“Não podemos dizer nada hoje sobre o grau de capacidade de negociação do novo governo, mas ainda assim, em comparação com a falta de esperança em todos os aspectos do chefe da Casa Branca anterior, há uma janela de oportunidade hoje, embora pequena”, declarou Ryabkov em discurso no Instituto de Estudos Americanos e Canadenses, em Moscou. 

“Portanto é importante entender com o que e com quem teremos de lidar, qual a melhor forma de construir relações com Washington, qual a melhor forma de maximizar as oportunidades e minimizar os riscos”, completou.

A reação russa indica que a pressão norte-americana não é considerada adequada para buscar a paz. 

Em um discurso recente, Putin enfatizou que qualquer acordo de paz precisa garantir uma solução de longo prazo baseada no respeito às necessidades dos povos da região. Apesar das sanções econômicas em vigor, a Rússia segue resistindo às tentativas de isolamento promovidas por Washington e seus aliados.

Lideranças europeias também manifestaram preocupação com os desdobramentos da nova política americana. Muitos temem que a postura de Trump resulte em perdas territoriais significativas para a Ucrânia ou que leve à redução do apoio militar a Kiev. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, por sua vez, pediu o envio de 200 mil soldados de paz para garantir a implementação de qualquer cessar-fogo, enquanto analistas alertam que tal medida seria inviável em um contexto de escalada militar.

Desde sua campanha eleitoral, Trump tem prometido encerrar rapidamente a guerra na Ucrânia, mas suas propostas têm sido criticadas por simplificarem um conflito complexo com profundas raízes históricas e geopolíticas. Em vez de buscar soluções multilaterais, o presidente americano parece priorizar um discurso que agrada sua base eleitoral enquanto reforça a percepção de que os EUA continuam operando como “polícia do mundo”.

Em paralelo, a China, maior parceira comercial da Rússia, tem consolidado sua relação estratégica com Moscou, ignorando as ameaças de sanções americanas. O fortalecimento dessa aliança coloca em xeque a capacidade de Trump de isolar a Rússia economicamente e levanta questões sobre o impacto de sua política externa na ordem multipolar emergente.

Trump não apenas agrava a instabilidade global, mas também compromete os esforços de paz que exigem cooperação entre diversas potências. A escalada de ameaças e sanções unilaterais apenas reforça o papel de Moscou como um importante contrapeso às ambições imperialistas de Washington.

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