Quais são as espécies nativas do Cerrado ideais para plantio em Goiânia?

Nos primeiros mutirões do prefeito Sandro Mabel (UB), a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) iniciou o plantio de novas mudas de árvores. No entanto, as ações devem ser ampliadas após o foco inicial na zeladoria de Goiânia. Segundo a presidente Zilma Percussor, a prioridade está voltada para a limpeza urbana, mas a pasta analisará programas como o ArborizaGyn e o Plano de Arborização, sancionado no ano passado.

“Estamos gastando muita energia para colocar a demanda da limpeza em ordem”, disse a presidente, em entrevista exclusiva ao Jornal Opção. “Temos problemas sérios com as pessoas descartando resíduos em locais inapropriados. Estamos realizando um trabalho dedicado contra isso, além de várias outras questões emergenciais e a Conferência do Meio Ambiente. Também temos que cuidar de 67 parques, e outros seis estão em andamento”, acrescentou.

Percussor também pontuou que a equipe da Amma também não está completa e que aguarda as nomeações do prefeito para completar o time. Por isso, a pasta tem focado nas ações emergenciais no primeiro momento. “Ainda não estamos 100% completos, temos que organizar a questão de pessoal para darmos sequências ao projetos”, explica.

A titular da Agência também destacou que irá abordar a questão de gerar crédito de carbono durante o a conferência que será realizada na quinta e sexta-feira, 23 e 24. “Vamos fazer o cálculo de tudo que gerar o efeito estufa para reverter isso em plantio de árvores”, conta.

Futuras mudanças?

Segundo a presidente, o Plano Diretor de Arborização Urbana do Município de Goiânia ainda é recente, tendo sido aprovado em 2023 pelos vereadores e sancionado no início do ano seguinte. No entanto, ela acredita que tudo pode ser aprimorado e que, futuramente, a pasta buscará alternativas para melhorar a legislação.

Em entrevista ao Jornal Opção, o biólogo da Amma, Leandro Georges, afirmou que o Plano de Arborização está em análise e que há a possibilidade de futuras discussões sobre termos de cooperação com a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e a Equatorial Energia para a poda de árvores. Além disso, há chance de discutir a regulamentação da poda realizada pela própria população.

“Hoje a legislação não permite, ela deixa apenas a própria Comurg realizar qualquer ação no exemplar arbóreo no passeio público. Então, esse é um ponto de discussão que às vezes pode ser melhorar, para que em alguns casos um condomínio ou o proprietário do imóvel possam contratar um profissional habilitado para realizar esse tipo de poda”, explica o especialista.

No entanto, a Amma está em frase de transição e qualquer discussão a respeito será tratada no futuro, mas não foi descartada a possibilidade de alterações na legislação. As medidas podem ser encaminhada através de instruções normativas para complementarem a lei.

Plano de Arborização

O Jornal Opção também conversou com o biólogo da AMMA sobre como é feito o plantio de árvores em Goiânia. Segundo Georges, o processo depende das características de cada espaço e há estudos específicos a respeito. Por exemplo, é analisado se será utilizada uma planta nativa ou uma espécie exótica, além de qual espécie se encaixa melhor no contexto.

“Primeiro verificamos a largura do local, todos os mobiliários urbanos existentes, como lixeiras, postes, rebaixamento de meio-fio, presença de fiação, etc. Só depois disso podemos definir o que será utilizado. Em relação às espécies, é necessário equilibrar as nativas e as exóticas, pois o clima está cada vez mais quente. No período mais seco do ano, as espécies nativas são caducifólias, ou seja, perdem todas as folhas e não fornecem sombra. Já as espécies exóticas mantêm a copa com folhas, o que ajuda a reduzir a temperatura durante o período mais quente devido à cobertura da copa”, detalha o biólogo da Amma.

A respeito do equilíbrio entre espécies nativas e exóticas, ele também destaca a importância de considerar o tempo de desenvolvimento da planta. “A espécie nativa tem um desenvolvimento mais lento, e por isso é mais difícil recuperar uma área desmatada apenas com espécies nativas. Já as exóticas, como as da Mata Atlântica, crescem muito mais rápido do que as do Cerrado”, conta.

Entre as espécies nativas mais utilizadas em Goiânia, Georges cita o uso de ipês (brancos e amarelos principalmente), além da árvore Nó-de-porco. Entre as exóticas estão: Resedá (Ásia), Escumilha Africana (África) e Escova-de-Garrafa (Oceania).

Jamelões

O Jornal Opção conversou com alguns biólogos, que apontaram os riscos de algumas espécies exóticas em Goiânia. Por exemplo, o fruto do jamelão deixa as vias da cidade escorregadias, e as palmeiras, que soltam grandes folhas nas calçadas, representam outro risco. A respeito disso, a Amma já está realiza estudos e podas de prevenção, segundo Georges.

“O jamelão, mesmo sendo uma espécie exótica, tem uma função ambiental importante após ser plantado. Muitas aves e outros animais nativos consomem seus frutos. Portanto, o problema com os jamelões pode ser minimizado com podas preventivas, o que reduz o impacto da queda dos frutos. Para as árvores que não têm condições de permanecer, fazemos um projeto de substituição, para evitar impactos com a retirada. Por exemplo, retiramos algumas árvores, plantamos outras espécies, esperamos elas se desenvolverem, e, quando atingirem um porte adequado, retiramos o restante”, explica o biólogo.

Vale lembrar que os vereadores tentaram aprovar duas matérias para proibir o plantio de jamelões em Goiânia. A primeira é um projeto do ex-vereador Anderson Sales (Solidariedade) e a segunda, uma emenda de Paulo Magalhães (UB) para o Plano de Arborização. No entanto, ambos os trechos foram vetados pelo Executivo.

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