Cerimônia de homologação da terra Potiguara de Monte-Mor tem presença de Sonia Guajajara, na PB


Ministra defendeu a autonomia do povo e cacique explicou que homologação é o primeiro passo para assegurar políticas públicas específicas. Secretária da Mulher e da Diversidade, Lidia Moura, e a ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara
Divulgação/Governo da Paraíba
A cerimônia de homologação da Terra Indígena (TI) Potiguara de Monte-Mor, localizada nos municípios de Rio Tinto e Marcação, aconteceu nesta terça-feira (21), com a presença de lideranças indígenas locais, do Governo do Estado e da Ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara.
“Hoje é um dia histórico, é um dia muito significativo para os povos indígenas do Brasil, em especial para o povo potiguara da Paraíba. Hoje eles têm a autonomia, a liberdade de fazer dentro desse território a sua própria gestão do território, seja a gestão política, seja a gestão da produção, seja a gestão é conforme os seus modos de vida próprios, então para mim é uma alegria muito grande”, disse a ministra.
A área, com 7.530 hectares, abriga 5.799 habitantes do povo Potiguara e marca um avanço significativo no reconhecimento dos direitos dos povos indígenas no estado.
A demarcação das terras foi homologada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 4 de dezembro. O local abriga seis aldeias, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022.
Processo de demarcação
Após um longo e desafiador processo de 40 anos, a luta pela homologação do território teve início em 2002 com a publicação de um estudo antropológico pelo Governo Federal, conforme explica a Claudecir Braz.
Em 2007, foi emitida a portaria declaratória; dois anos depois, em 2009, ocorreu a demarcação física pela Funai.
Em 2022, uma ação civil pública de obrigação de fazer foi protocolada pelo Ministério Público Federal na Paraíba (MPF-PB), com a União e a Fundação Nacional do Índio (Funai) como representadas. Ela pedia a imediata demarcação da terra indígena de Monte-Mor.
Aldeia Coqueirinho do Norte, na cidade de Marcação, na Paraíba
Zelma Brito/Prefeitura de Marcação/Divulgação
A luta não se limitou à ação governamental, mas também à força e mobilização do movimento indígena. “Não é governo. A gente não tem que parabenizar só o governo. O governo faz seu papel institucional, mas nós fazemos parte do movimento indígena”, reforça a Cacique Claudecir, destacando o papel de organizações como o Acampamento Terra Livre e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
A TI Potiguara de Monte-Mor possui rica biodiversidade e está localizada em áreas com relevante interesse ecológico, incluindo manguezais e zonas de proteção ambiental, no bioma Mata Atlântica.
A cacique explica que o próximo passo agora será a desintrusão do território, ou seja, a retirada de invasores. A homologação, embora uma grande conquista, é vista como parte de uma luta contínua, que envolve assegurar políticas públicas específicas para saúde, educação e sustentabilidade.
“A gente tem participado dessa luta política e jurídica dentro do governo nacional para que tenhamos nosso território livre e desentruso, que é o passo final. Agora é lutar para manter as políticas públicas voltadas para o nosso povo e nossa especificidade”, finaliza.
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