Cadeira descartável, esquenta-mãos e horas de fila: as táticas dos fãs de Trump para vê-lo na posse

Washington – A cerimônia de posse é um dos raros momentos em Washington em que o presidente do país sai ao ar livre para falar com uma multidão. Nesta segunda, 20 de janeiro, esta cena ficou faltando: por conta do frio, os eventos foram todos em lugares fechados, com acesso restrito.

O único encontro do novo presidente Donald Trump com a multidão será um comício na arena Capitol One, no fim da tarde. Assim, o local virou o centro das atenções dos apoiadores dele, que fizeram fila desde a madrugada, sob um frio de cinco graus negativos, para garantir um lugar na arena, que comporta cerca de 20 mil pessoas.

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Alguns dos primeiros a entrar na arena usaram uma tática: levaram cadeiras dobráveis para esperar. Na hora de entrar, deixaram elas para trás, pois eram vetadas pela segurança. Mais de dez delas ficaram nas grades, enquanto outros frequentadores passavam rum.

Além disso, outra ajuda eram os “hot hands”, uma espécie de compressa que, ao ser apertada, libera calor. Ambulantes vendiam duas delas por cinco dólares. No frio abaixo de zero, as mãos gelam rápido e, sem proteção, logo começam a doer.

Por volta das 11h da manhã, a fila andava em boa velocidade, mas as pessoas contavam que já estavam há mais de quatro horas na espera. A entrada da fila ficava há quase dez quadras do controle de segurança, com várias voltas pelas ruas.

Ao redor da fila, perto das grades, havia diversas pessoas fazendo pregações cristãs, usando alto-falantes. Um grupo mostrava enormes cartazes com fotos de fetos abortados. Trump se coloca como defensor dos valores cristãos. Sobre aborto, ele defende que cada estado tenha liberdade para decidir sobre a prática e não se comprometeu com um veto federal ao procedimento.

Pessoas de várias países na fila

Entre os espectadores, haviam muitos perfis diferentes, tanto de idade e origem quanto de nível de empolgação. Gabriela, vinda de Los Angeles, estava enrolada em uma bandeira de Trump, além de vestir touca e blusa em homenagens ao presidente. “Apoio ele porque precisamos de um presidente de verdade. Hoje em dia não temos um”, disse.

A fila tinha apoiadores que, embora vivendo nos EUA há décadas, mostravam símbolos de outros países. Corina, que vive em Nova York há 30 anos, levava uma bandeira. “Vim porque a esperança do mundo está aqui hoje”, disse.

Ele vai ajudar a recuperar a economia, que está ruim. Nossa indústria está enfraquecida, e com ele as coisas serão grandes de novo”, disse Balvin, um senhor que nasceu em Punjab, na Índia, vive no estado da Virgínia estava vestido com um turbante laranja.

Por volta das 12h, quando Trump fez seu juramento no Congresso, milhares de pessoas ainda estavam na fila do lado de fora da arena. Não havia transmissão do evento no telão do lado de fora.

O lugar se esvaziou nas horas seguintes, quando todos que tinham ingresso conseguiram entrar. O frio apertou e os apoiadores de Trump que não tinham convite foram se dispersando. Em meio a isso, vendedores anunciavam promoções. O boné vermelho com a frase “Make America great again”, vendido a 10 dólares na parte da manhã, baixou para 5 dólares. Se o cliente negociasse, conseguia levar três por 10 dólares.

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