Investida de fundadores do Ebanx, Transferbank cria um “Pix internacional”

A fintech paranaense de transferências internacionais Transferbank encontrou uma saída para a dor de muitos brasileiros que viajam pelo exterior: achar uma alternativa com menos taxas e impostos na hora de realizar os pagamentos internacionais.

A empresa colocará em operação comercial, a partir de março, o transferbank pay, um novo meio de pagamento que viabiliza transações via Pix, por QR Code, fora do País. E sem precisar mudar de banco.

Implementado em 2020, o Pix já é hoje a maior modalidade de pagamento utilizada no Brasil, segundo o Banco Central (BC). De todas as transações realizadas no País no ano passado, 76,4% foram via Pix. Em seguida, ficou o cartão de débito, com 69,1%, e, na sequência, a cédula, com 68,9%. Dados do BC mostram que há 816,7 milhões de chaves Pix cadastradas.

Pelo modelo desenvolvido, o Transferbank, que tem entre seus investidores Wagner Ruiz e Alphonse Voigt, dois dos fundadores da Ebanx, cadastra estabelecimentos comerciais no exterior, principalmente em cidades de alta concentração de brasileiros, para receber os pagamentos pela modalidade.

A partir do momento em que o valor sai da conta do cliente, ele fica em uma espécie de ‘poupança’ do estabelecimento na fintech, que ele acompanha em tempo real, e o valor é repassado de acordo com a programação estabelecida.

“A gente sentiu no mercado que havia demanda por uma solução, que é bem diferente do que já fazíamos, que sempre foi de garantir transferências. E aí adotamos essa tecnologia para facilitar a vida tanto do consumidor quanto do lojista”, diz Luiz Felipe Pereira Bazzo, fundador e CEO do Transferbank, NeoFeed. “E a ideia é de que a taxa sempre fique mais vantajosa do que qualquer outra alternativa de pagamento.”

O sistema está na fase de testes desde o início de novembro e, desde então, já foram realizadas 57 mil transações, que movimentaram R$ 26 milhões em pagamentos via Pix, o que significa um ticket médio de R$ 450.

Uma vantagem importante está na previsibilidade do câmbio. “Nossa intenção é de que a conversão seja feita não só pela cotação do dólar no dia, mas especificamente do momento da compra, para ser bem justo”, afirma Bazzo.

Ainda não está definido o índice exato após a implementação definitiva, mas, durante os testes, a taxa aplicada tem sido de 0,6%, mais 0,38% referente ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Para se ter uma ideia, uma compra feita no exterior com cartão de crédito gera uma cobrança de 3,38% de IOF, além das tarifas do emissor bancário. Para comprar moeda estrangeira em espécie, a taxação com o imposto é de 1,1%.

Nem a previsão de queda gradativa no IOF para os cartões de créditos, que, pela regra atual, deve ser zerada em 2028, preocupa o presidente do Transferbank sobre o crescimento do novo modelo de negócio. “Entendo que, mesmo com a redução gradual, os bancos ainda cobrarão o dólar turismo e spread, que pode chegar a 6%”, avalia Bazzo.

Por enquanto, estão cadastrados 15 estabelecimentos em Ciudad del Este, no Paraguai, e Orlando, nos Estados Unidos. Mas estão previstas ampliações para outras cidades americanas, como Miami, além de Buenos Aires, na Argentina, e na região de Valle Nevado, no Chile.

De eletrônicos a locadoras

Entre os potenciais setores estão lojas de produtos eletrônicos, de roupas, locadoras de automóveis, transfers, hotéis, restaurantes, entre outros. No Chile, por exemplo, já há conversas para realizar parcerias com empresas de locações de roupas de esqui e de hotéis da região, principalmente pela ampla presença de brasileiros na temporada de inverno.

Entre junho e outubro de 2024, segundo dados do Valle Nevado Ski Resort, o Brasil representou 60% dos cerca de 300 mil visitantes nas instalações do hotel. Dos turistas brasileiros que foram para os Estados Unidos no ano passado, 30,6% entraram via aeroporto de Miami, e 16,7% por Orlando, ambos na Flórida, segundo dados da consultoria Viva América.

São justamente pelos estabelecimentos desses locais que o Transferbank quer ampliar o serviço de pagamentos via Pix. “Para isso, vamos ampliar nossa área comercial para realizar essas captações e mostrar os benefícios para os donos de estabelecimentos que, na prática, são os nossos clientes do transferbank pay.” No Paraguai, a empresa firmou parceria com um grupo de lojas de produtos eletrônicos que tem volume de US$ 95 milhões em vendas para brasileiros por ano.

Se o sistema da fintech estiver conectado ao estabelecimento estrangeiro, qualquer correntista brasileiro pode usar o sistema pay. Por enquanto, os pagamentos são feitos diretamente pelo computador ou totem do lojista, mas a partir do segundo semestre, segundo Bazzo, a ideia é fornecer as maquininhas tradicionais para pagamento, a exemplo do modelo realizado no comércio brasileiro.

A expectativa sobre esse novo modelo de negócio é alta. A empresa, que registrou R$ 1,2 bilhão de valores transacionados em 2024, deve dobrar esse volume e ultrapassar a marca de R$ 2,5 bilhões já em 2025, a partir do lançamento do transferbank pay. “Ele mais do que dobra esse volume de recursos, porque aumenta nossa margem.”

Se a iniciativa alcançar o patamar estabelecido, há possibilidade, segundo o presidente da fintech, da realização de uma captação no mercado. “Talvez seja um caminho, para fomentar essa expansão de forma mais acelerada. Vai depender do ritmo de crescimento.”

O perfil do potencial usuário do transferbank pay é bem diferente dos que usam os serviços de envio de recursos, via fintech, para outros países, mais voltados ao público de alta renda. Hoje a fintech contabiliza cerca de 3,5 mil clientes, dos quais 20% são pessoas físicas. Desde que foi criado, em 2019, o Transferbank já movimentou R$ 5 bilhões em transações.

Há seis anos, a empresa recebeu um aporte de R$ 700 mil de Wagner Ruiz e Alphonse Voigt, dois dos fundadores da Ebanx. Em 2022, o Transferbank realizou uma captação de R$ 4 milhões. O breakeven (ponto de equilíbrio do negócio) foi alcançado no ano passado.

++ Notícias

  • Nawaf Salam, presidente da Corte Internacional de Justiça, é nomeado premiê do Líbano

  • ‘Ainda Estou Aqui’ é indicado ao BAFTA de Melhor Filme Internacional; veja lista de indicados

  • Preço dos combustíveis vai subir em fevereiro, mas não por causa do mercado internacional; entenda

  • Como o “Pix indiano” desafiou as gigantes Mastercard e Visa

  • Fiscalização de Pix não afetará autônomos, esclarece Receita

O post Investida de fundadores do Ebanx, Transferbank cria um “Pix internacional” apareceu primeiro em Market Insider.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.
 
 

[email protected]