Quem a governadora vai enganar desta vez?

Por Cláudio Soares*

A política pernambucana está, novamente, em ebulição com a expectativa da reunião entre o senador Humberto Costa (PT) e a governadora Raquel Lyra (PSDB). Há rumores de que a gestora poderia formalizar um convite ao PT, sinalizando uma possível aliança que, até o momento, se mantém apenas nas especulações.

O deputado João Paulo (PT) já manifestou publicamente a necessidade de o partido reavaliar sua posição de oposição à governadora que, na prática, vem se mostrando cada vez mais tênue.Raquel tem um histórico de estratégias ambíguas. Na última eleição, sua escolha de não declarar apoio a nenhum candidato à Presidência foi uma manobra que, embora controversa, lhe rendeu dividendos.

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Ao se posicionar como uma candidata neutra, conseguiu conquistar o eleitorado bolsonarista, que acreditava que ela jamais votaria em Lula. Essa estratégia, somada à tragédia pessoal que a envolveu com a morte de seu marido no dia da eleição, criou um clima de empatia que a assegurou ao segundo turno, desbancando Miguel Coelho e Anderson Ferreira.

Naquela disputa, quem da chamada oposição chegasse ao segundo turno seria o governador de Pernambuco. O sentimento foi de mudança e renovação, derrotar Paulo Câmara e frear PSB/PT. No entanto, o cenário atual é bem diferente. A governadora, que prometeu uma nova abordagem e mudanças fundamentais, enfrenta uma gestão marcada por críticas severas.

Diversas áreas do Governo, incluindo saúde, educação e infraestrutura, têm sido alvo de descontentamento popular. As condições das estradas no Sertão, como os trechos entre Afogados da Ingazeira e Tabira, de Sertânia a São José do Egito, de Riacho do Meio a Santa Terezinha, estão em estado de abandono.

Na saúde, os hospitais Getúlio Vargas, Restauração e Agamenon Magalhães enfrentam um atendimento desumano e os repasses financeiros aos hospitais em convênios sofrem com a demora dos recursos, enquanto os educadores expressam revolta generalizada em relação à educação pública.

A segurança pública também não escapa à insatisfação. Delegacias operam em condições precárias, sem a estrutura mínima necessária para o trabalho.  

As pesquisas recentes, como as da Opinião e Quaest, revelam uma posição pessimamente para governadora com um forte indicativo de que, se as eleições fossem hoje, Raquel perderia para João Campos, atual prefeito do Recife.

Diante desse contexto, surge a pergunta: quem a governadora, com sua astúcia, conseguirá enganar desta vez? O ceticismo em relação à sua capacidade de liderar e promover mudanças é palpável entre a população que, cansada da ineficácia administrativa, já demonstrou não hesitar em mudar de rumo.

O futuro político da governadora parece cada vez mais incerto e o desafio de reconquistar a confiança do eleitorado será monumental. A junção com o PT poderá ser um passo relevante ou sua sepultura política, mas resta saber se ela se tornar petista será suficiente para reverter a maré de insatisfação que se instalou em Pernambuco.

*Advogado e jornalista

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