Invasão de apoiadores de presidente detido por decretar lei marcial deixa tribunal destruído em Seul

Apoiadores do presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol invadiram um tribunal de Seul neste domingo, 19, depois que um juiz decidiu estender a detenção do líder acusado de tentar impor lei marcial.

Yoon afirmou estar “profundamente chocado e triste” com o ataque ocorrido antes do amanhecer no tribunal, onde seus apoiadores causaram destruição ao quebrar janelas, portas e paredes.

No sábado, milhares de manifestantes se reuniram do lado de fora do Tribunal Distrital Ocidental de Seul em apoio ao presidente. Yoon se tornou o primeiro chefe de Estado em exercício da Coreia do Sul a ser preso, o que aconteceu durante uma operação realizada nesta semana.

Segundo jornalistas da AFP, centenas de policiais foram mobilizados para conter os manifestantes. Dezenas de pessoas foram presas durante a invasão, que foi classificada como um “incidente ilegal e violento intolerável” pelas autoridades.

O episódio marca um novo capítulo na crescente crise política na Coreia do Sul, que começou em 3 de dezembro, quando Yoon Suk-yeol declarou lei marcial e enviou tropas ao Parlamento.

Prisão e acusações contra o presidente

A tentativa de Yoon de suspender o governo civil durou apenas seis horas. Durante esse período, os parlamentares desafiaram os soldados enviados ao Parlamento e votaram contra a imposição da lei marcial. Posteriormente, Yoon foi acusado e afastado do cargo.

No domingo, Yoon prometeu “persistir, não importa quanto tempo leve, em retificar quaisquer injustiças”. A declaração foi feita enquanto ele enfrentava a possibilidade de julgamento no Tribunal Constitucional e seguia sob investigação criminal, o que levou à sua detenção.

O tribunal de Seul justificou a extensão da prisão por mais 20 dias afirmando que existiam preocupações de que o presidente poderia destruir evidências caso fosse solto.

Acusações de fraude eleitoral e comparações com Trump

A defesa de Yoon alegou que a declaração de lei marcial foi uma resposta a supostas fraudes nas eleições legislativas vencidas pela oposição no ano passado, mas nenhuma evidência foi apresentada para sustentar essas alegações.

Seus apoiadores frequentemente adotam símbolos e discursos ligados ao movimento “Stop the Steal” (Parem o roubo, em tradução literal), associado ao ex-presidente americano Donald Trump. Essa retórica lembra a invasão ao Capitólio em Washington, nos EUA, por apoiadores de Trump que tentavam anular a vitória de Joe Biden.

O chefe de polícia interino, Lee Ho-young, afirmou que investigará a participação de YouTubers de direita na invasão. Alguns desses criadores de conteúdo transmitiram o ataque ao tribunal ao vivo, o que aumentou as preocupações sobre o papel das redes sociais na mobilização dos manifestantes.

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