Por que Davos? Entenda como a estação suíça passou a sediar o Fórum Econômico Mundial

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O Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) ocorre anualmente em Davos, cidade localizada nos Alpes Suíços, famosa por ser também um celebrado destino de esqui. Desde sua fundação em 1971 pelo economista alemão Klaus Schwab, o encontro reúne os mais importantes chefes de estado, CEOs e lideranças da sociedade civil para debater os principais desafios globais.

Davos se tornou sinônimo do encontro devido à frequência com que sediou o evento. Apenas uma vez, em 2002, o Fórum foi realizado fora da cidade, em Nova York, como gesto de solidariedade aos Estados Unidos após os ataques de 11 de setembro. E somente em 2021 e 2022, durante a pandemia de Covid-19, aconteceu de forma virtual.

Chama atenção o fato de Davos ter se consolidado como sede do evento, apesar de suas limitações logísticas. Primordialmente, a escolha de Davos como sede está ligada à visão de Schwab, que utilizou sua “teoria dos stakeholders” para orientar o Fórum. Segundo essa abordagem, empresas devem servir a todos os públicos relacionados, como acionistas, funcionários, fornecedores e comunidades, promovendo um modelo de gestão socialmente responsável.

Com apenas 11 mil habitantes e localizada a cerca de 150 quilômetros de Zurique, o acesso à cidade é relativamente complexo, especialmente durante o inverno, quando as nevascas podem complicar o trajeto nas estradas montanhosas. A infraestrutura hoteleira também é modesta para um evento dessa dimensão – cerca de 90 hotéis precisam acomodar mais de 2.500 participantes durante o Fórum.

No entanto, essas características que poderiam ser vistas como desvantagens acabaram se tornando parte da identidade única do encontro. O isolamento geográfico e o ambiente intimista proporcionado pela pequena cidade favorecem as interações próximas entre os participantes, algo valorizado por Schwab desde o início. Os hotéis boutique e chalés exclusivos, embora limitados em número, conferem mais privacidade e discrição aos líderes mundiais e executivos que participam do evento.

A segurança também é um fator importante: o terreno montanhoso e o acesso restrito facilitam o controle e a proteção dos participantes, uma preocupação crucial para um evento que reúne tantas autoridades globais. Além disso, o governo suíço fornece apoio significativo em termos de segurança e infraestrutura durante o Fórum.

Impactos históricos do Fórum em Davos

Ao longo de seus mais de 50 anos, o evento sediado em Davos teve momentos históricos significativos:

  • Em 1988, a Declaração de Davos evitou um conflito armado entre Turquia e Grécia.
  • Em 1992, Nelson Mandela e o presidente sul-africano FW de Klerk apertaram as mãos em um gesto simbólico que marcou o fim do apartheid. Ambos foram premiados com o Nobel da Paz no ano seguinte.
  • A criação da Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi), lançada durante o Fórum, melhorou o acesso global às vacinas.

Esses eventos reforçam a importância de Davos como um ponto estratégico para negociações de grande impacto.

Temas e desafios na pauta de 2025

A edição de 2025 do Fórum tem como tema “Colaboração para a Era Inteligente”, refletindo as profundas transformações tecnológicas e seus impactos na sociedade global. Os debates são fortemente influenciados pelos principais riscos identificados no Global Risk Report 2025.

Entre os assuntos prioritários estão:

  • Desinformação e manipulação digital em larga escala, com foco no impacto da inteligência artificial em processos democráticos e na estabilidade social
  • Eventos climáticos extremos e falhas nas medidas de mitigação ambiental, apontados como os riscos mais críticos para a próxima década
  • Polarização socioeconômica crescente e riscos de conflitos interestatais, agravados por disputas geopolíticas na Ucrânia e no Oriente Médio
  • Vulnerabilidades em infraestruturas críticas e cibersegurança, especialmente em setores estratégicos como energia e finanças

O objetivo do Fórum permanece alinhado à sua tradição de reunir líderes globais para desenvolver respostas coordenadas aos desafios contemporâneos, agora com ênfase especial na governança de novas tecnologias e na construção de resiliência sistêmica.

++ Notícias

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