Preço dos combustíveis vai subir em fevereiro, mas não por causa do mercado internacional; entenda

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(Imagem: Pixabay/Engin_Akyurt)

Os preços da gasolina, etanol e diesel devem subir no mês de fevereiro. Apesar da defasagem dos combustíveis frente os preços internacionais, o motivo é outro: as novas alíquotas do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) aprovadas no fim do ano passado.

“O ajuste de tributação a partir de fevereiro deve gerar efeitos no preço que é pago pelo consumidor final”, afirma Bruno Cordeiro, analista de inteligência de mercado na StoneX.

Em novembro, representantes das secretarias da fazenda dos estados brasileiros se reuniram no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) e aprovaram o aumento de 7,1% na tributação da gasolina e etanol Para diesel e biodiesel a alíquota sobe 5,3%.

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Petrobras resiste a alta do dólar e do petróleo

O aumento ainda não tem relação com cotação no mercado internacional.

A Petrobras (PETR4) não realizou intervenções no preço do diesel em todo o ano de 2024, enquanto a gasolina sofreu apenas um reajuste, em julho.

No entanto, o cenário internacional pressiona a petroleira a rever os preços praticados. Nesta semana, o petróleo atingiu os maiores níveis desde agosto, com novas sanções dos Estados Unidos ao petróleo russo. Além disso, o dólar se mantém acima dos R$ 6, encarecendo importações.

De acordo com o relatório da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço doméstico está abaixo do que é praticado no mercado mundial. 

“Esse forte avanço do petróleo e derivados, somados a um câmbio que se mantém desvalorizado, contribuiu para um aumento da diferença entre os preços do produto comercializado pela Petrobras e dos que chegam do exterior”, diz Cordeiro.

Atualmente, a defasagem do óleo diesel é de -21%, com o Preço de Paridade de Importação (PPI) do combustível acumulando aumento de R$ 0,56/L desde o último reajuste da Petrobras. Já em relação à gasolina, a defasagem  é de -13%, com aumento de R$ 0,01/L no PPI.

Vale ressaltar que em 2023, a Petrobras abandonou a política de reajustes baseados exclusivamente no PPI. Para a atual composição dos preços, a empresa considera variáveis como a competitividade dos seus combustíveis em relação aos mercados interno e externo.

Para os acionistas, a questão pode não afetar significativamente os dividendos no curto prazo. O Goldman Sachs acredita que  as perdas nas operações de refino e venda de combustíveis (downstream) são compensadas pelos ganhos na exploração e produção de petróleo (upstream), desde que os preços da commodity permaneçam altos.

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O que o consumidor pode esperar?

De acordo com o analista da StoneX, a variação do preço dos combustíveis tem um impacto maior no diesel do que na gasolina, já que o país importa menos, devido ao avanço do etanol hidratado e aumento da produção de gasolina por parte das refinarias brasileiras.

“As importações de gasolina representam de 5% a 10% de toda a gasolina que é consumida no país. No caso do diesel é de 20% a 30%, o que acaba por impactar uma parcela maior do diesel que circula no país e, consequentemente, impacta mais o consumidor”, diz Cordeiro.

Segundo analistas do Santander, a petroleira brasileira deveria reajustar entre 7% e 8% para equiparar os preços ao de importação. A empresa se manifestou publicamente no Broadcast, afirmando que observa o mercado, mas “por questões concorrenciais não pode antecipar suas decisões”.

De qualquer forma, enquanto a estatal resiste à pressão, segurando os preços abaixo dos praticados no mercado internacional, o consumidor deve sentir a alta nas bombas a partir do mês que vem.

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