Israel e Hamas chegam a acordo histórico de cessar-fogo e libertação de reféns

Após intensas negociações mediadas pelo Catar, Israel e o Hamas fecharam um acordo de cessar-fogo, que inclui a libertação de reféns e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. A notícia foi confirmada nesta quarta-feira (15) pelo gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e nas redes sociais pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Temos um acordo para os reféns no Oriente Médio. Eles serão libertados em breve”, publicou Trump na Truth Social. O acordo ocorre 15 meses após o início do conflito em outubro de 2023, que resultou na captura de 251 reféns pelo Hamas. Destes, 94 permanecem em Gaza; acredita-se que 60 estejam vivos.

A data de início não está clara, de acordo com uma alta autoridade de um dos países mediadores e duas altas autoridades israelenses. O acordo também precisa ser formalmente ratificado pelo gabinete israelense, de acordo com as autoridades. Também há detalhes técnicos que precisam ser trabalhados. Duas outras autoridades disseram que houve uma disputa de última hora sobre a fronteira Egito-Gaza, que atualmente é controlada por forças israelenses.

O gabinete de Netanyahu deve votar o acordo nesta quinta-feira (16), sob pressão contrária da ultradireita do governo. A primeira fase da libertação de reféns está prevista para começar no domingo, enquanto negociações para uma segunda rodada, incluindo a libertação de homens em idade militar, devem ocorrer após 16 dias.

Para implementar o acordo, a equipe de negociação do Hamas nas negociações em Doha, no Catar, precisa obter o consentimento dos comandantes do grupo em Gaza, incluindo Muhammad Sinwar, cujo irmão Yahya liderou o grupo antes de ser morto por Israel em outubro.

Os termos do acordo

Embora os detalhes finais ainda estejam em negociação, as principais cláusulas incluem:

  1. Libertação de reféns: O Hamas libertará 33 reféns, incluindo mulheres, crianças, idosos e feridos, em troca da liberação de cerca de 1.000 prisioneiros palestinos por Israel.
  2. Cessar-fogo inicial de seis semanas: Um período de trégua permitirá a entrada de 600 caminhões diários com ajuda humanitária, incluindo alimentos, medicamentos e combustível.
  3. Retirada de tropas israelenses: Israel começará a se retirar das áreas densamente povoadas de Gaza, mantendo uma zona de segurança ao leste da Faixa.
  4. Reabertura da passagem de Rafah: A fronteira entre Gaza e o Egito será gradualmente reaberta para civis desarmados e ajuda humanitária.

Impactos humanitários

O acordo promete aliviar a crise humanitária em Gaza, onde 2 milhões de pessoas enfrentam deslocamento, escassez de alimentos e colapso dos serviços básicos. Com o envio de combustível, hospitais poderão retomar operações e sistemas de água e esgoto serão reparados.

A notícia foi recebida com celebrações nas ruas de Gaza e de cidades israelenses. No entanto, tanto o Hamas quanto o governo de Israel destacaram que questões importantes, como a governança futura de Gaza, ainda precisam ser negociadas.

O presidente eleito Donald Trump, que assume o cargo em 20 de janeiro, atribuiu o sucesso das negociações à “postura firme dos EUA em busca da paz”. Já críticos apontam que o acordo não apaga as críticas sobre o papel dos EUA durante o conflito.

Organizações humanitárias da ONU, já se mobilizam para implementar o plano de ajuda, enquanto diplomatas afirmam que o acordo representa um avanço crucial, mas frágil, para a resolução do conflito.

Com 45 mil mortos desde outubro de 2023, a esperança é de que o cessar-fogo marque o início de um caminho para a paz duradoura, apesar da intransigência de Israel. O acordo na mesa vem depois que meses de diplomacia de vaivém falharam em acabar com a guerra em Gaza, que começou depois que o Hamas lançou um ataque surpresa contra Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 pessoas e fez 250 reféns. Cerca de 105 cativos foram libertados posteriormente em um cessar-fogo de uma semana em novembro de 2023 em troca de 240 prisioneiros palestinos.

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