Fake news afetam uso do Pix e geram queda recorde nas transações em janeiro

As transações realizadas via Pix apresentaram uma queda de 15,3% nos primeiros 14 dias de janeiro em comparação com o mesmo período de dezembro. A redução, a maior desde o lançamento do sistema de pagamentos instantâneos em 2020, ocorre em meio à disseminação de fake news sobre uma suposta taxação do serviço pela Receita Federal.

Dados do Banco Central (BC) apontam que as operações caíram de 2,7 milhões em dezembro para 2,29 milhões em janeiro. Embora o início do ano costume registrar queda sazonal devido a despesas extras e ao fim do ciclo de consumo natalino, a retração supera as médias históricas para o período.

As especulações falsas ganharam força nas redes sociais com mensagens que alegavam a criação de um novo imposto sobre transferências acima de R$ 5 mil por mês. Há também circulação de deep fakes do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, supostamente anunciando a medida.

A Receita Federal negou as alegações e reforçou que as novas regras implementadas em janeiro apenas ampliaram o monitoramento de movimentações financeiras, incluindo instituições de pagamento e fintechs, sem alterações tributárias.

“Essas informações falsas só têm um objetivo: desinformar e criar medo. O Pix continua gratuito para pessoas físicas e nenhuma transação está sendo taxada”, afirmou o secretário da Receita, Robinson Barreirinhas, durante o programa “Voz do Brasil”, na segunda-feira (13).

O governo federal mobilizou a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) para combater a desinformação. Entre as medidas, foram lançados vídeos curtos com apresentadores conhecidos, como Cissa Guimarães, para redes sociais. Em um deles, Guimarães desmente a fake news e explica as reais mudanças no sistema de monitoramento.

A ofensiva também inclui ações judiciais. A Advocacia-Geral da União (AGU) foi acionada para investigar os responsáveis pela disseminação das notícias falsas.

Com 6 bilhões de transações mensais e movimentações financeiras que ultrapassam R$ 2,5 trilhões, o Pix se tornou uma ferramenta essencial para trabalhadores informais e pequenos comerciantes. O receio gerado pelas fake news afeta diretamente esses setores, prejudicando o planejamento financeiro e gerando insegurança sobre o uso do sistema.

Além disso, as mentiras criam um ambiente de desconfiança que pode enfraquecer a credibilidade de políticas públicas e inovadoras no sistema financeiro.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) também se posicionou contra as fake news e reiterou a gratuidade do sistema para transações entre pessoas físicas.

Apesar da queda registrada, especialistas apontam que o impacto pode ser temporário. A campanha de esclarecimento tende a reverter o quadro nos próximos meses.

O episódio evidencia fragilidades na comunicação institucional e nos mecanismos de proteção contra a desinformação. O governo deve fortalecer suas estratégias preventivas e adotar ferramentas mais eficazes para checar e refutar informações falsas. 

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