Negócio de venture capital da Intel ganha independência em busca de outras fontes de dinheiro

A Intel, gigante de tecnologia americana, informou ao mercado que está separando o seu braço de venture capital, a Intel Capital, da operação da empresa, transformando-o em um fundo apartado do negócio. Com a iniciativa, a companhia visa oferecer maior independência à unidade e permitir que ela levante capital de outras fontes.

“A separação da Intel Capital é uma situação em que todos ganham, pois proporciona ao fundo acesso a novas fontes de capital para expandir sua franquia, enquanto permite que ambas as empresas continuem se beneficiando de uma parceria estratégica produtiva de longo prazo”, afirmou David Zinsner, CEO interino e diretor financeiro da Intel.

Segundo o executivo, as operações independentes devem ter início no segundo semestre de 2025. “Este passo apoia nossa estratégia mais ampla de maximizar o valor de nossos ativos, ao mesmo tempo em que promove maior foco e eficiência em toda a empresa”, complementa Zinsner.

Apesar da separação, a Intel continuará sendo a investidora âncora do fundo, que possui mais de US$ 5 bilhões em ativos e já investiu mais de US$ 20 bilhões em companhias ao longo de seus 30 anos de vida, se tornando referência no segmento de investimento corporativo.

Nesse período, a empresa teve foco em tecnologias que a ajudassem a impulsionar a indústria de computadores e servidores, que continuam sendo responsáveis pela maior parte da receita da Intel. Entre seus investimentos estão nomes como ASML Holding NV, Red Hat e VMware.

A novidade ocorre em um momento bastante complexo para a operação da Intel, que vem perdendo participação de mercado ao longo dos últimos anos, após gigantes como Nvidia e AMD ganharem cada vez mais espaço no mercado de inteligência artificial.

O declínio da empresa, que perdeu 59% do seu valor de mercado em 2024, resultou em cortes de mais de 15 mil empregos e outras despesas para preservar o caixa, já que a empresa não consegue atingir resultados financeiros positivos há muito tempo.

A situação também contribuiu para a saída do CEO Pat Gelsinger no final de 2024. Ao longo do ano, o executivo afirmou, por diversas vezes, que a Intel precisa de uma “reestruturação massiva”.

Nesse processo, a Intel está em busca de investidores para sua unidade Altera, segundo a Bloomberg. A divisão, que fabrica chips programáveis, foi adquirida por cerca de US$ 17 bilhões em 2015.

A empresa de tecnologia para veículos autônomos Mobileye Global, que também foi adquirida pela Intel, realizou IPO em 2022 seguindo esse mesmo movimento e é vista como uma potencial fonte de capital para a companhia nessa nova fase.

A ajuda também parece estar vindo de fora. No fim do ano passado, o governo dos Estados Unidos bateu o martelo para conceder US$ 7,9 bilhões em subsídios para a fabricante construir quatro novas fábricas no país.

O montante, que foi o maior já concedido pelo programa criado pela administração do presidente Joe Biden para impulsionar a indústria de chips do país e competir com a China, também deve ser destinado à expansão de projetos nos estados de Arizona, Novo México, Ohio e Oregon.

O dinheiro será liberado à medida que determinadas metas forem cumpridas e a companhia também não poderá realizar nenhuma recompra de ações nos próximos cinco anos.

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