ISA Energia (ISAE4) equilibra crescimento e dividendos aos acionistas, afirma CFO; veja o que esperar do 2025 da elétrica

ISA Energia

CFO da ISA Energia, Silvia Wada, falou ao Money Times sobre o atual momento e perspectivas para a companhia (Imagem: Divulgação/Lola Tachibana)

O ano de 2025 começou com o sentimento de crise pairando no ar. Ciclo de alta da taxa básica de juros (Selic), inflação e dólar batendo recordes compõem um tripé de pessismimo no mercado financeiro, que viu o Ibovespa (IBOV), principal índice da Bolsa brasileira, amargar 2024 com queda superior a 10% .

Neste cenário, a ISA Energia (ISAE4), posicionada em um setor considerado defensivo, apresenta um outro tripé aos seus investidores: crescimento, dividendos e disciplina financeira.

Em entrevista ao Money Times, Silvia Wada, CFO da transmissora, explicou que há uma conciliação entre a geração de recursos na implementação de projetos e na decisão do ritmo de crescimento da companhia.

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A executiva destaca que o setor de energia em geral costuma ser defensivo, sendo que especificamente transmissão se mostra ainda mais estável. A CFO aponta o negócio de trasmissão como bastante resiliente, tendo em vista que as receitas da companhia são protegidas pela inflação e não sofrem com aspectos como volume ou preço da energia.

“É um modelo baseado muito na disponibilidade. Temos a infraestrutura, temos os parâmetros e temos que estar disponíveís. Se não estiver disponível, tem penalidade, mas ele [o setor] tem bastante resiliência”, argumenta Silvia.

Ela reconhece que, sendo um negócio intenso em investimentos — especialmente em infraestrutura — o custo do capital sente o efeito, e com o cronograma que a empresa precisa cumprir, acessar o mercado de capitais — de crédito, mais especificamente — é algo que a companhia vem fazendo recorrentemente e precisará continuar acessando.

“Isso faz com que tenhamos que ser até mais criativos no sentido de avaliar opções e até adaptar nossa estratégia [para buscar crédito]”, afirma.

Neste sentido, a CFO exemplifica que nos últimos anos a empresa optou por debêntures incentivadas e intitucionais. Ela aponta o custo da dívida da companhia como bastante competitivo.

Nome e ticker mudam, compromisso com dividendos não

Recentemente, a elétrica estreou novo nome e ticker na B3, dando fim ao ISA Cteep e ticker TRPL — que fazia referência à “Transmissão Paulista”. Segundo Wada, a mudança de marca adotou como objetivo unificar a forma como a companhia é conhecida.

A agora ISA Energia Brasil busca se desassociar da atuação apenas “paulista”, uma vez que conta com 35 concessões em 18 estados brasileiros, conforme a executiva. “O movimento foi muito de fortalecer a marca, unificando a identidade com diversos públicos. E é um caminho agora que vamosc reforçar”, disse.

Apesar da reformulação no nome da companhia, Silvia Wada é enfática ao afirmar que a política de distribuição de no mínimo 75% do lucro líquido regulatório em dividendos permanece. “Não temos nenhuma intenção de mudar”.

Veja mais dos principais trechos da entrevista com a CFO da ISA Energia

Money Times: Após a mudança de nome, a companhia falou sobre expandir a fronteira do “paulista”. Como você avalia o andamento dessa expansão do portfólio de concessões?

Silvia Wada: Recapitulando um pouco, nos últimos anos nós participamos muito ativamente dos leilões. Tivemos leilões recordes, até pelo papel da transmissão como suporte da transição energética, porque temos muitas renováveis no Nordeste, centro de consumo no Sudeste. Precisamos da transmissão para viabilizar.

Isso ficou claro no tamanho dos leilões nos últimos anos. Temos no portfólio R$ 14 bilhões de investimentos, já autorizados.

Estamos bastante focados nessa execução e temos uma característica que não é comum a todas as transmissoras. Temos concessões que chamamos de licitadas — que são esse formato mais recente em que a empresa ganha nos leilões que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) promove –, na quais seis projetos em construção. Temos também projetos que são remunerados relacionados a investimentos orgânicos dentro das concessões que já operamos.

No leilão, se determina qual vai ser a receita anual a ser recebida. Enquanto que esse contrato renovado, há uma necessidade de investimento recorrente. Como a concessão já é nossa, o processo de reconhecimento da receita é via revisão tarifária, que acontece a cada cinco anos.

A última revisão aconteceu em 2024, onde tivemos um reconhecimento importante de investimentos. Daqueles R$ 14 bilhões, R$ 5 bilhões são desse tipo de investimento orgânico. Outros R$ 9 bilhões vão para projetos resultantes de leilões, em Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, São Paulo.

MT: Quais são as perspectivas para os próximos anos?

SW: Os projetos que estão dentro dos investimentos de R$ 9 bilhões estarão 100% operacionais até 2028. Quando eles estiverem operacionais, vão gerar cerca de R$ 1 bilhão em receita anual para a ISA. O que vem de leilões, a rentabilidade chega a dois dígitos por ano.

A relação entre Receita Anual Permitida (RAP) e investimentos fica entre 12% e 17%.

MT: Após deixar de participar de um grande leilão em 2024, quais são os planos da companhia em relação aos leilões de concessão?

SW:  Nós fomos muito bem-sucedidos nos últimos leilões e sempre fazemos uma análise em que precisamos tomar conta de um tripé. Nós queremos ter cresciment0, mas também temos um compromisso com os nossos acionistas de ter uma distribuição consistente de dividendos.

Nossa política é de distribuir no mínimo 75% do lucro líquido regulatório. Então, são duas coisas que competem pelo capital.

A forma de conciliarmos isso é tendo uma disciplina financeira, tanto na forma como geramos os recursos, ao buscar eficiência e fazendo uma gestão muito boa na implementação dos projetos, quanto na decisão do ritmo do crescimento.

Quer dizer, não termos participado de leilões não quer dizer que brecamos o crescimento. Pelo contrário, estamos dosando o ritmo.

MT: Em que pé está a negociaçaõ da companhia com a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz) sobre as despesas de aposentadoria?

SW:  Nós estamos dentro do prazo determinado para esse período de mediação. No meio disso, tivemos o recesso do judiciário. Então, não queremos falar muito disso, até para não prejudicar as conversas e as negociações,

O que podemos dizer é que existe essa intenção das partes de buscar um acordo e isso é algo que vemos de forma positiva. Não vamos abrir mão de nenhum direito e pressupõe-se que um acordo vai acontecer se ambas as partes entenderem que é vantajoso.

MT: Mesmo estando num setor resiliente, como a companhia vê os impactos do atual momento macroeconômico e de que forma se prepara para lidar?

SW: Felizmente, o setor de energia em geral costuma ser um setor defensivo, e transmissão dentro do setor é um dos mais estáveis. Nossas receitas são protegidas pela inflação e não tem risco de volume ou preço da energia, é um modelo baseado muito na disponibilidade. Nós temos a infraestrutura, os parâmetros e precisamos estar disponíveis.

É claro que, sendo uma um negócio intensivo em investimentos, o custo do capital aumenta e nós precisamos sempre acessar o mercado de capitais para financiar os projetos, e vamos continuar.

Em momentos assim, precisamos ser mais criativos para avaliar as opções e até adaptar nossa estratégia. Temos feito debêntures incentivadas e institucionais com prêmios até negativos em relação aos títulos públicos. Então o nosso custo da dívida é bastante competitivo.

MT: O que a companhia espera de oportunidades e desafios para o ano de 2025 ?

SW: O desafio para 2025 acho que é fazer uma boa execução da implementação dos projetos, bastante disciplinada no avanço físico,  seguir o planejamento.

Temos uma rentabilidade que aprovamos na altura do leilão e, até entregar o projeto e energizar, precisamos perseguir esse índice.

O contexto macroeconômico faz com que tenhamos muita atenção nessas discussões de tributação. Temos um trabalho de preparação para a reforma tributária para continuar entregando bons resultados mesmo com novas regras.

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