Nem só de China vive a suinocultura brasileira, que ganha novos fregueses pelo mundo

Depois de um 2024 marcado pela retomada do setor de proteína animal, com aumento da produção, do consumo interno e das exportações, a indústria de carne suína vislumbra um horizonte de crescimento para 2025.

A combinação de custos de produção controlados, preços em alta no mercado e abertura de novos mercados internacionais contribuíram para a construção de um cenário positivo para o segmento.

A expectativa é de que o setor tenha alta de 2% na produção de carne suína, chegando a 5,45 milhões de toneladas. Desse volume, 4 milhões de toneladas serão destinados ao mercado interno, um volume estável se comparado a 2024. O consumo per capita também deverá se manter estável, em 19 quilos.

A boa notícia vem do mercado internacional, onde segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a expectativa é de aumento de 7,4% nas exportações, que deverão chegar a 1,45 milhão de toneladas no próximo ano, ante 1,3 milhão de toneladas em 2024.

“Esse crescimento será possível graças ao intenso trabalho de sanidade do plantel e também de abertura de mercados que o Brasil, por meio do Ministério da Agricultura (Mapa), vem fazendo com excelência”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Em março, o Mapa publicou a portaria 665 reconhecendo 16 estados como livres de aftosa sem vacinação. Desses, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia, partes do Amazonas e do Mato Grosso também têm o reconhecimento de zona livre de aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).

Santin explica que esse trabalho possibilita a diversificação de mercados, evitando que a indústria fique dependente de um único player para exportar – leia-se a China.

A prova de que essa diversificação é ponto importante para o sucesso das exportações brasileiras está no fato de que, em 2024, os embarques de carne suína para a China recuaram 38,9%.

Esse recuo poderia ter tirado o sono da indústria e dos produtores, não fosse o fato de que no mesmo período, as Filipinas compraram 107% mais carne suína do Brasil, não só compensando a queda Chinesa, mas ultrapassado o gigante asiático na demanda e tomando a dianteira no ranking.

Como resultado, as exportações totais de carne suína cresceram 11% de janeiro a novembro em volume. Em receita, o crescimento foi de 7,3%, chegando a US$ 2,8 bilhões ante US$ 2,58 bilhões do mesmo período de 2023.

Enquanto os filipinos compraram 234,8 mil toneladas em 2024, a China comprou apenas 221 mil toneladas.

“No passado a China chegou a representar 52% das compras de carne suína brasileira e em 2024 chegou a 18%. Ainda assim, segue sendo o segundo maior comprador e possui muita relevância para nós”, explica Santin.

Mas não foram apenas os filipinos que consumiram mais carne suína do Brasil em 2024. O México, por exemplo, aumentou o volume comprado do Brasil em 49% entre janeiro e novembro e chegou a 42,1 mil toneladas.

No mesmo período, Chile e Japão também se destacaram, com embarques de 103,1 mil toneladas e 85,1 mil toneladas, respectivamente. Como resultado, as exportações brasileiras de carne suína em 2024 cresceram 11%.

Para o próximo ano, a ABPA prevê uma estabilização da demanda chinesa global em 1,4 milhão de toneladas, volume próximo dos patamares que o país comprava antes de sofrer perdas com a Peste Suína Africana, doença que dizimou a produção de suínos por lá.

Santin destaca que cada vez mais o mercado internacional enxerga o potencial complementar que o agronegócio brasileiro tem para o mundo. Ele cita os baixos custos de produção, o acesso à tecnologia e a capacidade de fornecer cortes variados, atendendo às peculiaridades de cada mercado.

“Isso faz com que o nosso produto seja mais competitivo e entre nesses mercados como um complemento, contribuindo para manter os preços em patamares acessíveis aos consumidores, reforçando o nosso papel em contribuir para a segurança alimentar do mundo”, avalia.

Relação custo x preço positiva

Além do aumento dos embarques, a relação entre custo de produção e preço médio de comercialização para a carne suína está em um patamar considerado positivo pelo setor.

O gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA, Cesar de Castro Alves, destaca que essa relação foi favorável em 2024 e pode continuar contribuindo para as boas notícias em 2025. “Enquanto o custo ficou em R$ 6, o preço chegou a R$10, uma boa margem para o produtor”, calcula.

Em anos anteriores, a diferença entre essa relação ficou em 1% e em 2024 chegou a 4%, indicando aumento da margem para os produtores.“É um momento bastante positivo para o setor que sofreu muito em anos anteriores com o descasamento entre custo e preços”, avalia o analista.

As análises preliminares indicam que o custo do farelo de soja, utilizado largamente para a produção de ração animal, deverá se manter em patamares mais estáveis.

“Também temos boas perspectivas para a safrinha de milho, que deverá crescer 3% em volume, o que contribui para evitar escaladas de preços dos insumos”, pondera Castro.

O analista avalia que o bom momento vivido pelo setor contribui para que novos investimentos sejam feitos, tanto por parte do produtor, quanto da indústria.

Algumas boas notícias já começam a surgir. No final de novembro, por exemplo, a Agroceres PIC, joint venture entre a brasileira Agroceres e a empresa britânica Pig Improvement Company (PIC) inaugurou uma nova Unidade de Disseminação de Genes (UDG) em Campo Grande (MS).

Com investimento de R$ 50 milhões, a unidade entrará em funcionamento no início de 2025 e terá capacidade para produzir 1,2 milhão de doses inseminantes ao ano.

A JBS também planeja investir em uma nova planta para abate de suínos no Paraná, segundo maior produtor de carne suína do país.

O local ainda não foi anunciado, mas durante reunião com os irmãos Joesley e Wesley Batista, o governador do estado, Ratinho Júnior, sugeriu que a nova unidade seja instalada em algum município com baixo IDH, a fim de estimular o desenvolvimento econômico e social.

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