Ao contrário do que se pensa, inteligência artificial pode estar humanizando a Medicina

Por Dr. Thiago Lima, ortopedista da Casa de Saúde São José

A inteligência artificial está redefinindo a Medicina de forma surpreendente, promovendo não apenas avanços tecnológicos, mas também um paradoxo fascinante: ao automatizar tarefas repetitivas e burocráticas, permite que médicos se concentrem mais na conexão humana com seus pacientes. Apesar do grande receio de sua aplicabilidade na Saúde, a IA pode ajudar a fortalecer laços humanos e a tornar o atendimento mais dedicado, empático e eficiente.

Automatização para mais conexão humana

É comum ouvirmos previsões apocalípticas de que a inteligência artificial desumanizaria as relações na Medicina, substituindo interações humanas por processos comandados por algoritmos. Contudo, o momento que vivemos na Saúde apresenta uma antítese: ao agilizar funções administrativas e resolver atividades repetitivas, a tecnologia libera tempo para aquilo que realmente importa: a boa, velha e indispensável relação entre médico e paciente.

Se médicos sempre dedicaram horas a tarefas administrativas, como o preenchimento de prontuários e a análise detalhada de exames, agora, com ferramentas de inteligência artificial altamente customizáveis – que organizam dados, analisam imagens, pesquisam artigos em bases técnicas confiáveis e ajudam com diagnósticos iniciais –, podem reforçar a atenção primária. Afinal, escutar, compreender preocupações e estabelecer relações íntimas e de confiança a máquina não faz.

Ferramentas que tornam a Medicina mais acessível

Além das plataformas de conversas avançadas, outras tecnologias baseadas em inteligência artificial têm permitido oferecer um atendimento mais humano e focado na comunicação eficaz. Por exemplo: os óculos de realidade virtual têm sido uma ferramenta valiosa nos consultórios para que os pacientes entendam claramente condições como lesões e fraturas, por meio de imagens interativas de altíssimo nível. “O recurso contribui para o diálogo, deixando o diagnóstico mais palpável e acessível ao leigo.”

Outro exemplo notável – que está entre nós há bastante tempo, mas poucos se dão conta de que é um caso evidente de inteligência artificial – é a cirurgia robótica. A tecnologia, cada vez mais aprimorada, permite intervenções nos Centro Cirúrgicos com altíssima precisão e menor risco de complicações. Potencializa a habilidade do médico, mas não o substitui. “Pelo contrário, oferece suporte para que ele tome as melhores decisões para o paciente.”

Superando o receio com o avanço da IA

E por que ainda tanto receio? O novo assusta. O definitivo assusta. E algoritmos, chatbots, prompts, redes neurais, big datas e outros termos do glossário das máquinas vieram para ficar. Mas é importante destacar que a inteligência artificial não suprime responsabilidades. Então, “que saibamos mergulhar nesse universo e lançar mão do valioso aliado que temos para a desburocratização, para o refino de decisões clínicas, apoio científico e, sim, para maior dedicação aos nossos pacientes.” Temos aqui um prognóstico de sucesso.

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