Um semestre estelar e outro tímido: a projeção do BofA para o 2025 da BRF

O ano mágico da BRF de 2024, com lucros recorde em sequência, deve se tornar um biênio. Pelo menos no primeiro semestre de 2025, o “sólido momentum de lucros deve persistir”, na avaliação do BofA (Bank of America), em relatório enviado a clientes do banco nesta segunda-feira, 13 de janeiro.

No documento assinado pelas analistas Isabella Simonato e Julia Zaniolo, a percepção é que o segundo semestre seja um pouco mais desafiador para a dona da Sadia e da Perdigão, na medida em que o fornecimento de frango acelera no mundo, causando um excesso de oferta.

“Assumimos uma inflexão de margem a partir do segundo semestre deste ano”, ponderam as analistas.

A BRF divulgará seus resultados consolidados de 2024 em fevereiro, mas considerando os números até setembro do ano passado (terceiro trimestre), soma um lucro líquido de R$ 2,8 bilhões e uma receita de R$ 44 bilhões em nove meses. A margem Ebitda ao final do terceiro trimestre era de 19,1%.

As margens do frango podem enfrentar comparações difíceis no segundo semestre de 2025 à medida que a produção de frango acelera no Brasil e nos EUA, na avaliação do banco.

Segundo Simonato e Zaniolo, a oferta e a demanda apertadas de frango, combinadas com os baixos custos de ração, ajudaram a manter as margens do produtor de frango em níveis muito altos durante o ano passado. Em seus cálculos, chegou a ser duas vezes maior em relação a 2023.

Apesar disso, o BofA aponta alguns fatores que podem segurar esse aumento da produção. Além de uma menor eclodibilidade e maiores taxas de mortalidade nos pintinhos, a competição com outras proteínas pode balancear o mercado.

“Esperamos que as margens do frango enfrentem comparações difíceis no segundo semestre, mas reconhecemos que a menor disponibilidade de carne bovina pode dar suporte à demanda e aos preços do frango”, disseram as analistas do BofA.

“No Brasil, os preços spot de frango, que caíram nos Estados Unidos, estão se recuperando devido aos preços mais altos da carne bovina. Acreditamos que este continua sendo um tema importante a ser observado em 2025”, acrescenta o banco.

O BofA mantém uma recomendação neutra para os investidores em relação à ação da BRF. Apesar disso, avaliando um real mais fraco em 2025, aumentou o preço-alvo do papel de R$ 28 para R$ 29 ao final do ano. Frente ao último valor de fechamento, o banco prevê uma alta de 23% na ação.

Nesta segunda, o papel BRFS3 recuava 1% na B3 e era negociado a R$ 23,20 no começo da tarde.

“Aumentamos nossas estimativas de BRF para levar em conta um BRL mais fraco, que deve ter uma média de R$ 6,11 em 2025 ante R$ 5,62 do ano passado, e a recente recuperação dos preços do frango no Brasil”, finalizou o BofA.

A preferida do banco dentre os frigoríficos é a JBS. Para a empresa da família Batista, o BofA recomenda compra com um preço-alvo de R$ 45, upside de quase 30%.

Além da diversificação de negócios globalmente, o banco cita que o múltiplo que divide o preço do papel pelo lucro (P/L) apresentado é mais vantajoso do que o da BRF. Respectivamente, de 6,7 vezes e 16 vezes.

O múltiplo P/L indica que, ao preço atual do papel, um investidor paga 6,7 vezes o lucro anual da JBS, enquanto, na BRF, paga 16 vezes o lucro anual. Isso sugere que, em condições normais, o retorno baseado nos lucros seria mais rápido na JBS do que na BRF.

Outros fatores favoráveis à JBS são o fluxo de caixa elevado e a operação de carne de frango, que deve ter trimestres positivos à frente, assim como na BRF.