O Capitão América está diferente: Mark Zuckerberg se apresenta como herói da democracia

*Por Marcos Carvalho

A fala de Mark Zuckerberg, CEO da Meta, nesta semana, suscitou fortes debates no Brasil e no mundo, sobre a nova diretriz de lavar as mãos quanto às fake news, admitindo-se que a forma como a moderação de conteúdo vinha sendo feita pelas redes sociais Facebook e Instagram não estava dotada de precisão, segurança e clareza.

Se a plataforma vai, ou não, lutar para que seja um meio de propagação de notícias verificadas e baseadas em fatos – e portanto combater informações falsas e todas as suas manifestações – essa é uma decisão estratégica de uma empresa que é privada, que tem razões econômicas para assim estar decidindo e que vai lidar com as consequências jurídicas específicas de cada país em que esteja presente.

Uma consequência possível, por exemplo, é que essas redes virem várzea, com o tempo (ou de forma abrupta) e o mundo se reorganize digitalmente em outros espaços que as pessoas considerem mais confiáveis de interação. Outra possibilidade é que a empresa não consiga manter por muito tempo essa nova diretriz em razão de regulações a surgirem nos países em que opera.

Mark Zuckerberg, CEO da Meta: Meta revisa moderação e acirra debate sobre desinformação e liberdade online (Celal Gunes/Getty Images)

Qualquer destes caminhos será natural e fruto de evoluções razoáveis para uma tecnologia que mudou o mundo, mais de uma vez – e que pode muito bem ser mudada também como reação a como o mundo passa a encará-la e opta por lidar com ela.

Mas o comunicado de Zuckerberg não foi somente sobre mudança de diretriz e autocrítica sobre a falibilidade de seu modelo de checagem de fatos.

O CEO da Meta, visto até então como um contraponto a Elon Musk, veio agora manifestar sua preocupação com a liberdade de expressão no mundo e com o que chamou de “tribunais secretos” na América Latina.

Engraçado que Zuck não parece estar preocupado com as audiências às quais o CEO do Tiktok teve que comparecer no Congresso norte-americano. “Ah, mas o Tiktok é da China e ele rouba nossos dados”… diria algum desavisado para quem a expressão “Cambridge Analytics” não signifique nada.

Pelo visto há algo capaz de unir Zuckerberg e Musk. O domínio norte-americano sobre tecnologias estratégicas está em xeque e eles sabem, pois ainda estão bufando na corrida do 5G, vendo a China disparar à frente.

Mas o domínio cultural ainda há de valer alguma coisa! Não devemos estranhar se o próximo super-herói da Marvel for um sobrinho do Capitão América, nerd típico estadunidense, bem-intencionado, dono de uma gigante global de tecnologia e preocupado em garantir a democracia e a liberdade de expressão no mundo.

*Marcos Carvalho é CEO e fundador da AM4 Brasil

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