Misoginia e violência contra mulheres não podem ser liberadas nas redes sociais

Mark Zuckerberg anunciou o fim do programa Third-Party Fact-Checking (3PFC) nos EUA de verificação independente dos fatos da big tech Meta, empresa que controla o Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp. O proprietário da Meta diz que reduzirá o programa a uma equipe de “confiança, segurança e moderação de conteúdo” da empresa que passará a focar exclusivamente em publicações de alta gravidade que possam representar violações legais, como terrorismo, exploração sexual infantil, drogas, fraudes e golpes. O programa 3PFC que proporcionava a checagem de fatos conduzida por especialistas e jornalistas nas plataformas será substituído por “notas da comunidade”, um sistema aberto aos usuários, em um modelo semelhante ao do X que transfere aos usuários a responsabilidade. Todas as outras barbaridades, a exemplo da misoginia e vários outros tipos de violência contra as mulheres estão liberadas nessas redes sociais? A decisão inicialmente se aplica aos EUA, mas não se pode abandonar a perspectiva de se estender para o mundo. Notícia ruim sempre surpreende porque ela sempre vem com intensidade maior do que a gente possa esperar.

A declaração do proprietário da big tech surpreende de certa maneira.  Primeiro porque o programa 3 PFC existe há oito anos e, na sequência, surpreende o argumento utilizado de que estaria sendo desviado para censura.

Neste dia 10 de janeiro a imprensa divulgou a Carta Aberta dos Checadores de Fatos do Mundo, registrando que há nove anos esses jornalistas escreveram a Zuckerberg “sobre os danos reais causados pela desinformação no Facebook” e que em resposta, a Meta criou o programa de verificação de fatos, agora suspenso. Os profissionais checadores de fatos afirmam que a iniciativa “ajudou a proteger milhões de usuários contra boatos e teorias da conspiração”. Alertam para o fato de que a decisão “ameaça desfazer quase uma década de progresso na promoção de informações precisas no universo digital”. E reforçam que o objetivo do programa é que os verificadores de fatos na defesa da liberdade de expressão, buscam fornecer evidências, informações verificadas e contexto sobre o que circula nas redes sociais para empoderar os usuários em sua tomada de decisões — e não eliminar ou censurar conteúdo. E completam, “a possibilidade de dizer por que algo não é verdadeiro também é liberdade de expressão”.

Esse fato nos leva à necessidade de que no Brasil se estabeleça uma política em relação à desinformação, para não ficar ao sabor de decisões das big techs da comunicação e de manipulações do tipo: confundir omissão diante da desinformação e de omissão diante vários tipos de violência de gênero, racismo e LGBTfobia com liberdade de expressão. Aliás, para além das motivações políticas e possível sintonia com o governo Trump é o estabelecimento de políticas desse tipo nos vários países que as big techs estão tentando evitar.

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