Startup AutoAgroMachines vai captar R$ 850 milhões para fabricar “robôs da floresta”

Uma ambição grande exige um ponto de partida grande. A startup AutoAgroMachines, criada pelo produtor-inventor Marcello Guimarães, está em busca de R$ 850 milhões para escalar seu negócio.

Segundo ele revelou ao AgFeed, a companhia, que desenvolve máquinas agrícolas inteligentes focadas na silvicultura e outras aplicações na floresta, está em “conversas avançadas” para captar esse montante com um investidor.

O nome não foi revelado, mas trata-se de uma única empresa que irá aportar sozinha o capital. “Estamos num processo de discutir números. Da porcentagem da empresa que vamos vender e até o plano de recompra de ações ao longo de 10 anos performando no mercado”, disse Guimarães.

Hoje a companhia possui no quadro societário, além do CEO e criador, seu irmão Eduardo e a Incomagri, indústria que hoje produz as máquinas da startup que estão em processo de teste com gigantes do agro.

Os mais de R$ 800 milhões ajudarão a companhia a ingressar em um mercado com muito potencial. Em um cálculo conservador feito por Guimarães, considerando 2,5% do mercado de plantio e replantio de árvores, existe espaço para a companhia vender entre 11 mil e 14 mil máquinas em 10 anos.

Com a necessidade cada vez maior de replantio e novos projetos de reflorestamento surgindo, o executivo ainda acredita que esse “mercado de árvores” deve crescer ainda mais.

Levando em consideração os mercados agrícolas que atua, a projeção é um mercado global potencial de 30 milhões de hectares. Considerando áreas de reflorestamento, o número já sobe para 150 milhões de hectares.

Cada máquina custa cerca de R$ 4 milhões e, com isso, o fundador projeta que o faturamento pode atingir até R$ 6 bilhões nesse intervalo de 10 anos.

“O capital entra para que o negócio enfrente um mercado acordando para o setor florestal. John Deere, Komatsu e outras empresas estão há décadas desenvolvendo produtos para esse segmento e nós vamos disputar com eles”.

A ideia de Guimarães é continuar à frente do negócio mesmo com o novo sócio. “Para que essa incursão ao mercado aconteça de forma suave, preciso estar no controle do projeto, comandando a indústria”, acrescenta.

O recurso prestes a ser captado será alocado durante quatro anos e servirá para a construção da fábrica própria da AutoAgroMachines, para a compra de matérias-primas para desenvolver os tratores e cerca de R$ 200 milhões para pesquisa e desenvolvimento.

A instalação, tanto do laboratório de pesquisa quanto da fábrica, será no Rio de Janeiro, de acordo com Marcello Guimarães.

Hoje, a startup conta com duas máquinas em processo de teste em florestas de empresas como Klabin, Suzano e Bracell.

Modelo do Forest.Bot

A primeira, o Forest.Bot, como é chamado, atua em áreas limpas, que estão virando florestas pela primeira vez. A máquina atua plantando 1,8 mil mudas de árvore por hora.

Em estágio avançado de desenvolvimento, também há o Forest.Bot Reforma, que é focado em replantio e reflorestamento.

“A reforma é um caos. Falamos de um ambiente com raízes, troncos, galhos, tudo para atrapalhar o replantio da nova floresta pois é difícil de plantar”.

Esse recurso de P&D servirá, segundo Guimarães, para desenvolver novos robôs com aplicações distintas. “Já recebemos pedidos para máquinas que atuem com irrigação, outras de adubação de ponta a ponta. A Citrosuco já esteve com a gente e sondou a viabilidade de uma máquina para plantar laranjeiras, um outro mercado enorme”, revelou.

Até agora, Guimarães já havia recebido um aporte de R$ 8 milhões da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus). Entre o aporte do órgão federal e recursos investidos pelo próprio fundador, ele estima que foram R$ 20 milhões para tirar as máquinas do papel.

No modelo de negócio, a AutoAgroMachines vende a máquina fabricada para empresas que alugam para companhias florestais.

A ideia da startup surgiu do próprio Guimarães. Experiente programador que trabalha com tecnologia há 40 anos, resolveu diversificar empreitadas e se tornou produtor rural há quase 10 anos.

A cultura escolhida foi o mogno africano e o que eram 14 hectares plantados de forma “artesanal” hoje são 2,5 mil hectares, que fazem parte da Mahogany Roraima, maior empresa produtora do cultivo em todo País.

A ideia é chegar aos 20 mil hectares em 10 anos. Percebendo a necessidade de reduzir custos de plantio, Guimarães começou a desenhar uma série de protótipos, e um deles foi o Forest.Bot.

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