2024: o ano mais quente da história ultrapassa limite crítico de 1,5°C

O ano de 2024 entrou para a história como o mais quente já registrado, superando o recorde de 2023 e marcando uma perigosa ultrapassagem do limite de 1,5°C de aquecimento global médio em relação ao período pré-industrial. Esse limite, estabelecido pelo Acordo de Paris, é crucial para evitar os impactos mais severos das mudanças climáticas. Dados do Observatório Europeu Copernicus publicados nesta sexta-feira (10) confirmam que 2024 foi 1,6°C mais quente do que o nível pré-industrial e registrou uma temperatura média global de 15,10°C — 0,12°C acima do recorde anterior. A íntegra do relatório pode ser conferida aqui.

Recordes históricos

Os últimos dez anos já haviam sido os mais quentes da história, mas 2024 intensificou essa tendência. O ano apresentou recordes em todos os meses de janeiro a junho e um dia histórico em julho, quando a temperatura global diária atingiu 17,16°C, a mais alta já registrada. Além disso, 2024 registrou temperaturas superiores à média de 1991-2020 em 91% do planeta, com 52% das áreas terrestres apresentando anomalias superiores a 1°C.

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A intensidade do calor foi sentida globalmente: cerca de 44% do planeta enfrentou níveis de “estresse térmico forte” ou “extremo” em 10 de julho, estabelecendo um recorde de área afetada por calor extremo. No norte do Canadá, temperaturas chegaram a 3°C acima da média.

Impactos devastadores ao redor do mundo

Eventos climáticos extremos reforçaram os efeitos devastadores do aquecimento global. Nos Estados Unidos, furacões alimentados por temperaturas oceânicas elevadas resultaram em centenas de mortes. Na Espanha, inundações catastróficas ceifaram mais de 200 vidas. Enquanto isso, a Amazônia enfrentou a pior seca já registrada, com rios em níveis críticos, e as Filipinas sofreram uma temporada de tufões sem precedentes, com seis eventos em apenas 30 dias.

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A crise climática, impulsionada por emissões de gases de efeito estufa, foi agravada por eventos naturais, como o El Niño, e por alterações na dinâmica climática, incluindo mudanças na poluição marítima e na formação de nuvens. A erupção de um vulcão submarino em 2022 também contribuiu para o aumento de vapor d’água na atmosfera, intensificando o aquecimento.

“Cada fração de grau traz mais danos às pessoas e aos ecossistemas”, explicou Joeri Rogelj, professor de clima do Imperial College London.

Anomalias da temperatura do ar da superfície em 2024, em relação à média do período de referência de 1991–2020. Uma escala de cores não linear é usada para aumentar a visibilidade de anomalias menores e distinguir desvios maiores. Fonte de dados: ERA5 | Crédito: C3S/ECMWF.

Alerta para o futuro climático

Cientistas alertam que, com a atual taxa de aquecimento de 0,2°C por década, é altamente provável que a meta de 1,5°C do Acordo de Paris seja violada de forma permanente dentro da década de 2030. Um relatório da Organização Meteorológica Mundial prevê que a média de cinco anos entre 2024 e 2028 possa ultrapassar esse limite, com um único ano chegando a 1,9°C acima do período pré-industrial.

Mesmo com a previsão de uma leve redução em 2025, devido ao fenômeno La Niña, especialistas afirmam que o planeta continua em uma trajetória de aquecimento preocupante. “Uma pequena queda não muda a clara trajetória ascendente em que estamos”, explicou Paulo Ceppi, cientista climático do Imperial College London.

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O consenso científico é claro: ações imediatas e drásticas para reduzir emissões de carbono são necessárias. “O mundo não precisa inventar uma solução mágica para impedir que as coisas piorem em 2025”, expressou Friederike Otto, cientista climática do Imperial College London. “Sabemos exatamente o que precisamos fazer para deixar de usar combustíveis fósseis.” Sem mudanças substanciais, os impactos climáticos devem se intensificar, colocando em risco ecossistemas e milhões de vidas humanas.

A quebra de recordes em 2024 é um sinal de que os limites climáticos globais estão mais próximos do que nunca, exigindo uma resposta global coordenada e ambiciosa para evitar um futuro ainda mais quente.

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com informações de agências

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