Luxo em Dubai e IA no Texas: como Hussain Sajwani virou o homem de Trump no Oriente Médio

Hussain Sajwani, o bilionário por trás do Damac Group, de empreendimentos de luxo, é um parceiro de longa data de Donald Trump. A relação entre os dois começou há mais de uma década, quando Sajwani firmou parcerias com a Organização Trump para desenvolver campos de golfe em Dubai. Essa colaboração foi marcada pela afinidade em valores comerciais e pela disposição de Sajwani em associar sua marca ao estilo controverso de Trump.

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Desde a primeira investida política do empresário bronzeado, em 2016, Sajwani se apresentou como um parceiro confiável no Oriente Médio, ampliando e trazendo retorno das investidas no setor imobiliário de Trump. Com o parceiro americano novamente à frente da Casa Branco, o magnata dos Emirados Árabes anunciou um investimento de US$ 20 bilhões nos EUA. O dinheiro será destinado a estados-chaves como Texas, Ohio e Arizona.

“Esse projeto é essencial para manter os Estados Unidos na liderança tecnológica e na vanguarda da inteligência artificial”, declarou Trump durante uma coletiva em Mar-a-Lago, seu resort na Flórida.

No anúncio, Trump deixou claro que a incursão de Sajwani no setor de data centers reflete uma estratégia de diversificação que já vinha sendo desenhada pelo amigo. O Damac Group anunciou recentemente planos de investir US$ 3 bilhões em instalações semelhantes no Sudeste Asiático, em países como Indonésia e Malásia.

Agora, o foco se volta para os Estados Unidos, um mercado-chave para atender à crescente demanda por inteligência artificial e processamento de dados.

Aproximação com setor de tecnologia

Esse movimento faz parte de uma estratégia recorrente de Trump: atrair grandes investimentos estrangeiros para fortalecer a economia americana.

Antes mesmo de assumir, Trump celebrou um compromisso da SoftBank de investir US$ 100 bilhões nos Estados Unidos. Agora, a aliança com Sajwani reforça sua narrativa de revitalização econômica, desta vez com foco em tecnologia de ponta.

Mas, enquanto Trump se aproxima do setor tecnológico, ele também compra os desafios regulatórios no cenário internacional do setor.

A União Europeia, sob a liderança de Teresa Ribera, endureceu as regras para gigantes como Apple, Google, Meta e X (antigo Twitter), com leis como o Digital Services Act e o Digital Markets Act, que visam regular práticas de mercado e proteger os usuários.

Essas regulações colocam Trump em uma posição delicada: embora tenha sido um duro crítico das big techs, ele também acusa a UE de prejudicar empresas americanas. “Precisamos equilibrar interesses econômicos com a preservação da competitividade global dos EUA”, indicou Trump durante sua campanha, sinalizando que pretende usar tarifas e acordos de defesa como ferramentas para pressionar aliados europeus.

Parcerias estratégicas e laços com líderes tecnológicos

Trump mantém relações ambíguas com os líderes do Vale do Silício, cada uma marcada por interesses e tensões específicas. Elon Musk, dono do X e aliado declarado, enfrenta multas bilionárias na Europa por falhas em moderar conteúdo ilegal. Tim Cook, da Apple, já negociou vantagens tarifárias durante o primeiro mandato de Trump, mas agora lida com investigações na UE que podem resultar em multas de até €1,8 bilhão.

Mark Zuckerberg, da Meta, passou de crítico a frequentador de jantares em Mar-a-Lago, e sinalizou alinhamento com a nova gestão ao anunciar o fim das parcerias da Meta com organizações de checagem de fatos e mudanças em suas políticas de moderação.

Sundar Pichai, do Google, lida com o maior desafio regulatório: um caso antitruste que pode levar à divisão da empresa, ideia já ventilada pelo próprio Departamento de Justiça dos EUA.

Com sua nova administração, Trump terá que equilibrar a proteção das gigantes da tecnologia contra sanções internacionais com sua retórica de responsabilizá-las por práticas abusivas.

Sua aproximação com líderes como Sajwani reflete um movimento calculado para fortalecer a infraestrutura tecnológica dos EUA e, ao mesmo tempo, criar uma rede de aliados estratégicos para enfrentar o cenário global.

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