‘Ainda Estou Aqui’: a música do filme com Fernanda e a resistência brasileira no Globo de Ouro

A recente conquista de Fernanda Torres no Globo de Ouro por sua atuação, como atriz, em “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, reafirma não apenas o poder do cinema brasileiro, mas também a importância da música como fio condutor das nossas histórias. O reconhecimento não é apenas de uma performance impecável, mas também de uma narrativa que usa a música para representar o tempo.

Fernanda Torres como Eunice Paiva | Foto: Reprodução

Em seu papel como Eunice Paiva, Fernanda Torres interpreta uma mulher que luta contra o silenciar da história, insiste, e, principalmente, carrega o peso de uma memória coletiva. Essa resistência, porém, não estaria completa sem a trilha sonora que dá voz aos silêncios e sustenta a história em momentos cruciais.

Walter Salles, com sua direção sensível, utiliza a música como um personagem. Warren Ellis, responsável pela trilha original, busca nomes como Tim Maia, Gal Costa e Caetano Veloso e tece uma colcha sonora que une o íntimo ao coletivo: a memória ao presente. No último ato do filme  a combinação entre o olhar de Eunice e os acordes sutis de Ellis traduz a profundidade da cena. Essa singularidade,  ganha mais peso, com o discurso emocionado de Fernanda ao receber o prêmio e homenagear sua mãe, Fernanda Montenegro, que dá vida a Eunice dos últimos anos de vida.

Fernanda Torres e sua mãe, Fernanda Montenegro | Foto: Reprodução

É também notável como a seleção musical do filme é  capaz de levar ao público internacional partes do Brasil. De Falsa Baiana, com a voz cristalina de Gal Costa, à energia ritualística de Tim Maia em A Festa do Santo Reis, as canções não são apenas ilustrações do período retratado; são documentos históricos que representam o passar do tempo. Petit Pays, de Cesária Évora, uma ressonância universal, em contraponto  conecta e ancora a família Paiva,  às ausências que  e permeiam a saudade.

Mais do que uma obra cinematográfica, “Ainda Estou Aqui “ é um testemunho de que a música possui a capacidade  de  permitir que as  emoções  nos conecte com memórias coletivas. Como bem disse Walter Salles em entrevistas recentes,

“a música não está no filme apenas para pontuar emoções, mas para construir a narrativa junto com os personagens”.

Na solenidade de premiação Globo de Ouro no ultimo 05 de janeiro, ao ouvir o nome de Fernanda Torres, entre aplausos, não foi apenas sua vitória que celebramos, foi à confirmação de que o Brasil insiste em contar suas histórias, com coragem e arte. E que a resistência, tal como nossa música, não se cala diante do tempo.

Mais uma vez, não foi tarefa fácil destacar apenas uma das obras da trilha sonora de “Ainda Estou Aqui”. Ouviremos Falsa Baiana na voz de Gal  Costa.

Observe e comtemple uma das vozes mais agradáveis de ouvir.

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