Falas de Haddad aliviam temor fiscal? Especialistas se dividem quanto à retomada da confiança

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(Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

A entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à GloboNews na tarde desta terça-feira (7) dividiu opiniões no mercado. Para uns, a mudança no tom em relação à agenda fiscal deve trazer alívio ao mercado, mas, para outros, não houveram surpresas a ponto de mudar o temor fiscal.

Harrison Gonçalves, sócio da CMS Invest, é um dos que defende a análise positiva das falas do ministro pelo mercado. “A mudança no tom em relação à agenda fiscal, o reconhecimento da falha na comunicação das medidas e a previsão de um déficit primário melhor do que o esperado foram os pontos que chamaram a atenção”, diz.

Ele pontua que a curva de juros de cinco anos caiu 96 pontos base nos primeiros dias do ano e segue apresentando queda hoje. “É importante destacar que o comportamento do governo já vinha sendo precificado pelos ativos, o que justifica um alívio prévio.”

Em linha com o movimento já observado na curva, Gonçalves afirma que uma agenda mais comprometida com o equilíbrio fiscal pode reduzir a inclinação dos juros, beneficiando os ativos de risco.

“Com a retomada da confiança na gestão fiscal, é possível observar o câmbio atingindo um pico e começando a cair”, afirma.

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Por outro lado, Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, destaca que Haddad é “sempre demasiadamente otimista”. “Não tivemos surpresas, ele insiste em dizer que existe compromisso com o fiscal, mas na prática não é isso que o mercado e, principalmente os investidores estrangeiros estão vendo”, diz.

Ele acredita que as falas não devem acalmar o mercado e diminuir o temor fiscal. “A entrevista não deve trazer impactos muito significativos, visto que não foi anunciado nada sólido, mas basicamente leitura de cenário.”

Para Moreira, só haverá mudanças significativas no mercado quando forem anunciadas medidas “consistentes”, com capacidade de reancorar as expectativas futuras de inflação e aliviar a pressão cambial. “Caso contrário, os ativos tendem a continuar depreciados e o dólar acima do atual patamar de R$ 6”, pondera.

Hoje, assim como no pregão passado, o Ibovespa (IBOV) opera em alta. O índice sobe mais de 2% em duas sessões.

As falas de Haddad

Haddad disse, na entrevista à GloboNews, que o Brasil deve fechar 2024 com déficit primário de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB), sem considerar os gastos com a calamidade provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul. Incluindo essas despesas, o déficit vai para 0,37%.

A meta do governo é de déficit zero no ano passado, com tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para mais ou para menos. Se confirmado o número informado por Haddad, o governo terá cumprido a meta fiscal.

O ministro afirmou ainda que o Ministério da Fazenda estima que o crescimento do PIB feche 2024 entre 3,4% e 3,6%.

Ele reconheceu também que a falta de credibilidade do governo está atrelada aos “problemas graves” de comunicação. Quando questionado se junção do anúncio do pacote de contenção de gastos e a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda foi erro na comunicação, disse que “foi um dos problemas”.

Em relação ao cenário externo, Haddad disse que está “mais desafiador”, argumentando que o mundo está preocupado com incertezas relacionadas à maneira que a economia dos Estados Unidos será gerida na gestão de Donald Trump.

Renda fixa é unanimidade diante de cenário incerto

Gonçalves, da CMS Invest, acredita que, caso o governo mantenha um posicionamento firme sobre a gestão fiscal e corte de gastos, é recomendado aumentar a alocação em ativos de risco. Na renda fixa, ele indica ativos de longo prazo, como títulos de 10 anos, enquanto, na variável, ele destaca as ações.

Moreira, da WMS Capital, também diz que, diante do cenário incerto, os investidores devem continuar surfando as taxas elevadas da renda fixa, principalmente nos ativos que pagam ganhos reais.

Já em relação à exposição à bolsa de valores, ele recomenda os papéis de empresas mais sólidas, com menos dívida, mais capacidade de geração de caixa e descorrelacionadas com o crescimento econômico.

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