De casa nova, Oilema abre as portas para 2030, com mais share na soja e apoio do sorgo

Ano novo, casa nova, planos novos. Uma das maiores e mais tradicionais empresas de sementes do País, a baiana Oliema decidiu colocar 2025 no calendário em grande estilo.

Logo de saída, nesta primeira segunda-feira útil do ano, dia 6 de janeiro, o CEO da companhia, Celito Missio, reuniu cerca de 240 funcionários e os familiares da familia Gatto, fundadores da empresa, para a cerimônia de inauguração da nova sede do grupo, em Luís Eduardo Magalhães (BA).

A instalação de 3,6 mil metros quadrados, conta com um laboratório de 465 metros quadrados e marca, segundo Missi, “um novo ciclo da empresa”.

“A construção, realizada ao longo de dois anos, utilizou painéis isotérmicos que garantem melhor conforto térmico, especialmente em regiões de clima quente”, disse o executivo, em conversa exclusiva com o AgFeed.

“Investimos na nova sede não apenas para crescer fisicamente, mas para proporcionar um ambiente de trabalho mais moderno e confortável para aumentar a eficiência operacional.

Mais do que isso, a nova planta é resultado de um investimento de cerca de R$ 70 milhões feito desde o ano passado em infraestrutura, tanto na nova sede quanto na parte de escritórios e de fazenda, onde acontecem os testes a campo.

E um símbolo para o início de implantação de um novo planejamento estratégico, elaborado nos últimos meses em conjunto com um conselho de administração reforçado com nomes como o de Arlindo Moura, ex-presidente de grupos como SLC Agrícola e Santa Colomba, e de Marcos Fava Neves, professor da USP em Ribeirão Preto e fundador da Harven Agribusiness School.

Esse planejamento deve guiar as ações da empresa para o próximo quinquênio, um período que deve ser determinante para o futuro da companhia. Em abril passado, Missio já havia revelado ao AgFeed que a família Gatto, que ainda participa da gestão da Oilema – ele mesmo, casado com Carminha Gatto, é genro do fundador, Amélio Gatto –, deve passar a atuar apenas no conselho a partir de 2027.

A ideia, segundo Missio, é que a empresa mantenha uma trajetória de crescimento entre 5% e 10% todo ano, a depender das dificuldades do mercado.

Para a safra em vigor, por exemplo, o executivo já prevê um crescimento ou em linha ou mais tímido do que o apresentado na safra passada (que bateu nos 5%), tendo em vista a dificuldade de crédito que o agro deve atravessar em 2025.

“A lavoura brasileira cresce 2% ou 3%, ao ano e sabemos que vamos passar por uma crise de crédito, o que dificulta o crescimento. A Oilema cresce o que o Brasil cresce e mais um pouco, mas o campo das sementes ainda é enorme”, afirmou.

“Não somos de dar sobressaltos, e atuamos numa cadência de crescimento de acordo com o que o mercado nos pede. Essa agora é nossa 27ª safra, de uma empresa que começou, em 1998, com 15 mil sacos de sementes usando a estrutura da fazenda dos meus cunhados”, acrescentou o CEO.

Hoje, quase metade da produção da Oilema fica na própria Bahia, mas o executivo já olha, em linha com o planejamento estratégico, para a expansão em novos estados estratégicos até 2030.

Atualmente, a maior parte dos clientes está em estados do Matopiba, mas Missio vê grande potencial para atuar também no Pará, Goiás e Mato Grosso.

Também olhando para 2030, Celito Missio afirmou que há cerca de 10 projetos para sustentar esse crescimento. As iniciativas envolvem desde aumento de eficiência, fidelização de clientes e até o mapeamento de novas áreas.

Um desses planos é o de reforçar a atuação com sementes que passam por tratamento industrial (TSI). Ele estima que sejam aplicados R$ 15 milhões para isso e que a linha deverá ser comercializada a partir de 2026.

Investimento na qualidade

De toda a área plantada com culturas agrícolas no País, algo próximo aos 80 milhões de hectares, a Oilema, tradicional empresa de sementes, deixou sua marca em quase 2 milhões de hectares na safra de 2023/2024.

Na soja, a companhia afirma ser dona de um market share de 2,5%, algo em torno de 1,1 milhão de hectares dos quase 45 milhões cultivados com a oleaginosa.

De acordo com a companhia, no ano passado a Oilema bateu um crescimento de mais de 5% em volume comercializado e chegou a expedir 1,4 milhão de sacos de sementes.

A companhia atravessa a virada do ano com motivos para comemorar, e já mira novos passos para ganhar ainda mais porcentagem nesse mercado.

De acordo com Celito Missio, CEO da Oilema, o ano passado foi desafiador para a empresa, mas apostou em produtos de qualidade para ganhar mercado.

O novo laboratório, inaugurado na moderna sede, é estratégico nesse sentido “Uma empresa como a nossa precisa de qualidade e volume o ano todo, então esse investimento serve para dar constância nessa capacidade”.

Se no passado a soja era plantada entre outubro e dezembro e era colhida entre março e maio, hoje a janela de plantio se reduziu para cerca de 15 dias e o período ideal de colheita também encurtou, o que exige mais tecnologia na produção de novas sementes.

“Menos dias de colheita demandam uma capacidade maluca para recebimento, secagem e beneficiamento”, afirmou.

Uma das fortalezas da Oilema para conquistar mais mercado e ter conseguido crescer em meio à dinâmica difícil de 2023/2024 foi, de acordo com Missio, a qualidade do produto. “Não tivemos nenhum hectare replantado por questões de qualidade”, disse.

Nos últimos anos, enquanto o Ministério da Agricultura estabelecia uma taxa mínima de germinação de 80% para que sementes pudessem ser vendidas, a empresa decidiu subir a própria barra para 90% e, com isso, trabalhar apenas no segmento superior do mercado.

O padrão mais elevado fez até mesmo com que a empresa trocasse o modelo de comercialização.

Enquanto o mercado vendia as sementes de soja por quilo, a Oilema decidiu negociar por unidade, já tratada com fungicida, inseticida e inoculante.

“Nós fomos a primeira empresa do Brasil a vender semente por unidade. E ficamos um bom tempo sozinhos. Essa semente nos deu um status diferencial”, contou Missio, falando da marca Supreme, lançada pela empresa há alguns anos.

Uma aposta no sorgo

Hoje, na soja, com um portfólio de mais de 40 variedades de sementes diferentes.

Nos últimos anos, contudo, o sorgo tem ganhado espaço neste mix. A companhia estima que a cultura cresceu 50% em representatividade no faturamento na safra 2023/2024 e, dada a demanda regional na Bahia para o grão, deve continuar a ganhar espaço.

Essa demanda deve ser impulsionada principalmente pela chegada da Inpasa, especializada na produção de etanol, que pretende produzir o biocombustível na região a partir do grão.

Em setembro passado, a Inpasa anunciou um investimento de R$ 1,2 bilhão para colocar de pé uma biorrefinaria em Luis Eduardo Magalhães. A perspectiva é que a usina fique pronta até o ano que vem.

Ainda neste ano, a Inpasa deve inaugurar outra usina em Balsas, no Maranhão. Esses dois projetos do Nordeste se somam a mais uma unidade em construção, esta em Sidrolândia (MS). Ao todo, são cerca de R$ 3 bilhões investidos.

Segundo a empresa, essas unidades juntas terão capacidade de processar cerca de 12 milhões de toneladas de grãos, totalizando 5 bilhões de litros/ano de etanol, 3 milhões ton/ano de DDGS, 300 mil ton/ano de OIL Premium, 1.513 GWh de Energia Elétrica ao ano.

A demanda interna aliada ao potencial de exportação para países como a China, amplia as perspectivas do mercado para a Oilema.

“O sorgo é uma cultura extremamente promissora. Os produtores já estão se preparando para atender a essa demanda, tanto para a produção de etanol quanto para exportação. O Brasil tem todas as condições de ampliar sua participação nesse mercado global”, afirmou Missio.

A empresa começou a explorar o mercado do sorgo graças a parcerias com duas empresas, a Innovative Seeds e a chinesa LongPing, que fornecem a genética que a Oilema multiplica.

A Oilema se prepara para sua terceira safra vendendo sementes de sorgo. “Estamos muito entusiasmados porque a Bahia não tem clima para milho safrinha, só por irrigação. Antes o cultivo de sorgo não avançava pois não havia mercado”, analisou o CEO.

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