XP faz primeiro deal do ano com aquisição de participação em assessoria no Paraná

A XP voltou ao mercado e fechou a compra de uma participação em mais uma assessoria de investimento. Esse é o quarto acordo do tipo com escritórios parceiros desde que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permitiu sócios capitalistas nos negócios dos antigos agentes autônomos.

A companhia anuncia nesta segunda-feira, 6 de janeiro, a aquisição de uma participação minoritária relevante na Center Investimentos, assessoria localizada no Paraná, e que faz parte do ecossistema da XP há quase 15 anos. E já avisa: não vai parar por aí.

“A transação faz parte de uma estratégia da XP de fortalecer ainda mais a capacidade da nossa rede de distribuição, para que ela possa se desenvolver ao longo do tempo”, diz Bruno Ballista, sócio e head de assessoria e relacionamento com cliente XP, ao NeoFeed. “Vamos seguir fazendo acordos com escritórios que ofereçam altas taxas de crescimento.”

Fundada em 2010, a Center Investimentos está plugada à XP desde sua origem. O escritório possui uma carteira de cerca de 8 mil clientes, mais de R$ 5 bilhões sob custódia e em torno de 100 assessores espalhados em dez escritórios. Os termos da operação e a participação que a XP passou a deter não foram informados.

Segundo Diego Gonsalez, head de investidas B2B e wealth services da XP, as conversas começaram no início de 2024. Para a XP, três pontos pesaram para o acordo: os bons níveis de avaliação dos clientes, gestão madura num período de dificuldades do mercado de capitais e forte potencial de crescimento de negócios.

“Eles ganharam o prêmio de melhor atendimento da XP no último ciclo e estão há mais de quatro anos no nosso grupo das 20 melhores operações, que a gente chama internamente de G-20”, diz Gonsalez. “E os empreendedores por trás da gestão da Center mostram uma forte capacidade de execução.”

Outro fator que colaborou foi o posicionamento geográfico das filiais da Center. Com escritórios no interior do Paraná e um na Bahia, a assessoria vai ajudar a XP a avançar sua estratégia de reforçar ligações com o agronegócio. Recentemente, a XP apoiou três ex-executivos do Santander que lançaram uma assessoria de investimentos voltada para o agro, conforme revelou o NeoFeed.

Com o aporte financeiro e a expertise em gestão e governança corporativa que a XP pretende agregar, a Center Investimentos se prepara para lançar um novo plano de expansão, após concluir a primeira fase de crescimento.

Até 2017, o escritório tinha três assessores e estava focado em renda variável. A partir daí, a Center passou por uma reestruturação, com a ampliação do portfólio de produtos, com oferta de seguros, crédito e câmbio. E também investiu na capacitação de assessores, estabelecimento de processos e gestão e na abertura de filiais em regiões que contam com cidades de até 500 mil habitantes.

“Nós montamos uma empresa que é realmente uma assessoria completa, com serviços 360º, muito baseada no que acontecia no mercado americano e que alguns escritórios da XP já vinham fazendo”, diz Jocimar Correia, CEO da Center Investimentos.

Com as fundações firmes e tendo a XP como sócia, a Center parte para uma nova fase de crescimento, em busca de R$ 25 bilhões sob custódia nos próximos cinco anos. Para isso, a assessoria pretende contratar mais 200 assessores e abrir novas filiais, previstas inicialmente para o interior de São Paulo e Santa Catarina.

A Center também está investindo em atrair novos clientes de outras regiões via meios digitais. Há dois anos, a assessoria criou um sistema de criação de conteúdo e captura de leads e pretende escalar a ferramenta.

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Bruno Ballista, sócio da XP, Jocimar Correia, CEO da Center Investimentos, e Diego Gonsalez, head de investidas B2B e wealth services da XP

“Isso muda o jogo, porque a gente deixa de depender exclusivamente das praças em que temos filial e começamos a atingir o Brasil inteiro de uma forma escalável, perdendo a limitação geográfica”, diz Correia.

Movimentos inorgânicos também estão sendo considerados, com o CEO da Center vendo a empresa pronta para consolidar o mercado. “Faz parte do escopo [do plano], entendo que tem muitas assessorias no mercado e a Center poderá estar na ponta compradora. Mas isso é uma parcela menor, 80% [do crescimento] tem que vir da nossa capacidade de atrair clientes”, afirma.

Novos negócios

A compra de uma fatia minoritária na Center é mais um acordo feito pela XP sob o novo marco para a atividade, em vigor desde junho de 2023. Desde então, a XP se tornou sócia da SVN, Ável e Manchester Investimentos. Os ativos sob custódia vindo das assessorias que têm acordo societário com a XP somam mais de R$ 180 bilhões – a XP fechou o terceiro trimestre com R$ 1,2 trilhão em ativos de clientes, alta de 12% em base anual.

O ritmo de associações passou por uma desaceleração quando comparado ao visto nos anos de 2020 e 2021, quando XP e BTG Pactual protagonizaram uma dura batalha pelos então escritórios de agentes autônomos. No ano passado, a empresa anunciou apenas a associação com a Manchester.

Segundo Ballista, a pressão da concorrência sempre existiu e continua igual, mas a XP não está balizando novas transações por esse critério. “Fazer mais ou menos deals não tem a ver necessariamente com a concorrência, mas de conseguir fazer operações que acomodem empreendedor, crescimento e alocação de capital, e que esse conjunto seja favorável à transação”, afirma.

Gonsalez diz que as negociações têm ritmo próprio, podendo demorar mais que o esperado. Ele confirma que a XP está em busca de novos acordos para complementar o portfólio, atento às oportunidades. “Não dá para afirmar que será numa velocidade igual a 2020 e 2021 ou vai ser igual a 2024, mas continuamos conversando e se surgir alguma oportunidade, vamos concretizar”.

A ideia da XP é continuar com o modelo de associação com as assessorias de investimentos, em vez de adotar um formato de private equity, embora possa ser uma opção no futuro. “Nossas participações estão sendo feitas de forma proprietária, por isso exigimos que os escritórios tenham altas taxas de crescimento, para justificar o investimento”, afirma Ballista.

Gonsalez destaca que a visão da XP para as assessorias em que é sócia é de longo prazo, sem pressão de desinvestir. “Não estamos preocupados em fazer a Center crescer a qualquer custo porque temos que fazer um desinvestimento daqui cinco anos”, afirma. “Não quer dizer que não possa ocorrer uma saída, mas não pensamos num investimento pensando na saída em dois anos.”

No momento, as transações preveem a XP como sócio minoritário. De acordo com Ballista, a ideia não é ter participações de quase metade do capital social da assessoria, para permitir que os empreendedores possam monetizar uma parcela da participação em outros negócios ou remunerar os sócios via partnerships.

“Ao longo dos anos, fomos amadurecendo essa interpretação e hoje fazemos aquisições minoritárias que consideramos relevantes para surfar o crescimento que esse parceiro deve ter, sem estrangular a capacidade dele de usar participação como ferramenta de crescimento”, afirma.

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