Após trauma com água, menino cria plataforma de combate ao afogamento infantil e tem mais de 20 milhões de visualizações


Aplicativo desenvolvido por Davi Assef, de Ribeirão Preto (SP), oferece cursos, jogos e ajuda para encontrar professores de natação. Davi Assef, de Ribeirão Preto, é o criador da plataforma digital ‘Tuba Go’
Arquivo Pessoal
Antes mesmo de aprender a falar, Davi Assef desenvolveu um medo quase inexplicável por água e quem olha para o menino, hoje com 10 anos, não imagina o trauma que a família passou.
“Quando ele nasceu, em função dos primeiros banhos da maternidade, que não foram muito adequados, ele adquiriu trauma de água. Era muito difícil dar banho nele. Nós tivemos que fazer uma adaptação ao meio líquido e, para resolver esse problema, matriculamos ele na aula de natação com sete meses”, diz o pai, Henry Assef.
Ainda bebê, Davi passou a curtir o novo ambiente e, desde então, nunca mais parou de nadar. Por volta dos 3 anos, ele começou a questionar os pais: ‘se um tubarão não se afoga, por que uma criança se afoga?’
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E foi durante um das aulas de natação que Davi teve a ideia de ajudar outras crianças a perderem o medo. Ainda mais: se prevenirem de casos de afogamento.
“Todo mês de novembro tem o mês da segurança aquática, tem aulas especiais, dicas de segurança e aí eu pensei ‘como as crianças que não fazem natação, iam saber de tudo isso’?”, diz a criança.
Davi tinha 6 anos quando pediu a ajuda do pai, designer gráfico, para criar uma plataforma digital de combate ao afogamento infantil. Hoje, o aplicativo acumula 20 milhões de visualizações nas redes sociais.
Davi Assef, de Ribeirão Preto, é o criador da plataforma digital ‘Tuba Go’
Arquivo Pessoal
Youtube, programa de TV e aplicativo
A partir desta primeira ideia, Henry e Davi fizeram um canal no Youtube para compartilhar vídeos do menino fazendo natação. Atualmente o canal conta com 60 mil inscritos.
Após quase três anos postando os vídeos, um comercial chamou a atenção de Davi enquanto ele assistia um desenho. Era um programa de ‘ideias para um mundo melhor’, o que faltava para o aplicativo sair do papel, e o menino se tornar o participante mais novo da competição.
“Infelizmente eu não ganhei, mas continuei batalhando e consegui fazer o aplicativo e hoje é uma plataforma completa já, com várias funções, cursos, os joguinhos e a busca por professores”.
Davi Assef, de Ribeirão Preto, é o criador da plataforma digital ‘Tuba Go’
Arquivo Pessoal
Ao g1, Henry contou que o filho desenhou com lápis de cor como queria que fosse o aplicativo. (veja na foto abaixo)
A partir do primeiro esboço, ele viu que era possível transformar aquele desenho em uma solução tecnológica. Foi quando surgiu a primeira versão do aplicativo ‘Tuba Go’.
“A gente começou a desenvolver, mas de uma maneira bem tímida no começo, sem recursos. Com o tempo a gente foi crescendo e evoluindo a solução tecnológica. Hoje nós temos dois patrocinadores que permitem que aplicativo seja totalmente gratuito”.
Davi Assef, de Ribeirão Preto, é o criador da plataforma digital ‘Tuba Go’
Arquivo Pessoal
🦈Tuba Go
O aplicativo que se transformou em uma plataforma digital oferece três tipos de serviço:
Cursos educativos: atualmente são dez cursos, alguns com versão inglês e espanhol. Todos são ministrados por professores e, após a conclusão, o usuário recebe um certificado
Jogos educativos: de forma lúdica, as crianças aprendem sobre segurança aquática
Busca por professores: a partir do CEP do usuário, ele consegue encontrar um professor ou uma academia mais próxima que oferece curso de natação infantil. Atualmente, mais de 2 mil professores e escolas estão cadastrados.
De acordo com Henry, mais de 10 mil certificados foram emitidos em todo o Brasil. Além disso, a plataforma recebe cerca de três mil novos usuários por mês.
O sucesso do aplicativo foi reconhecido recentemente pelo selo ‘Ilpact 2024’, que comprova o impacto social da plataforma.
“Nós concorremos com 663 soluções, startups, de 19 países e fomos selecionados nas ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU (Organização da Nações Unidas) de educação, saúde e bem-estar e vida na água. O selo ajuda a comprovar o impacto para que a solução tenha visibilidade e receba investimento”, diz Henry.
Medo de água
O trauma de água que Davi sofreu ainda na maternidade, de acordo com os pais, é algo que pode acontecer especialmente com recém-nascidos.
Isso porque, segundo a médica Rafaela Capelin, de Sertãozinho (SP), bebês precisam de um cuidado especial no momento do banho, que vão desde a temperatura adequada até a quantidade certa de água na banheira.
“Normalmente, em recém-nascidos, se coloca uma fralda no corpo para conseguir controlar a temperatura e adequar como se fosse dentro do útero da mãe”.
Veja abaixo os cuidados necessários para evitar o medo de água, como aconteceu com Davi:
Temperatura entre 36ºC a 37ºC
Quantidade certa de água: segundo a médica, o ideal é o chamado ‘banho de imersão’, feito na banheira
O banho deve começar pela cabeça e com movimentos circulares
Sabonete adequado para não desenvolver alergia
*Sob supervisão de Flávia Santucci.
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