Um país “dopado” pelos efeitos do populismo-socializante

Diversos atletas disputam uma maratona. Um deles toma a dianteira e chama a atenção dos espectadores pelo desempenho excepcional. Surpreende o público pela sua velocidade e vigor acima das expectativas. Merece por esta surpreendente performance a admiração de quase todos. Não de todos, pois alguns identificam a causa do seu superior desempenho ao efeito de drogas. Visivelmente ele está dopado. Os outros vêm em seguida em um batalhão homogêneo.

Os mais atentos e melhor informados sabem dos riscos a que se expõe esse atleta sob efeito de drogas. Ele pode até não completar o longo percurso. Corre o risco de uma crise antes ou depois do fim. O batalhão de corredores segue atrás, como é normal, com pequenas diferenças entre os participantes. Como não estão dopados deverão completar a prova dentro dos padrões esperados. Esgotados, mas saudáveis.

Um outro desempenho surpreende outro tipo de público. São os dados da economia, que encantam muitos analistas especializados. São dados de crescimento da economia acima das expectativas, com o consequente nível baixo de desemprego; e de redução da pobreza. Muitos se empolgam com estes admiráveis resultados.

Muitos, mas nem todos! Pois há os que têm espirito crítico. Eles correlacionam os resultados “admiráveis” da economia a um tipo de doping igual ao do nosso atleta. Assustados preveem que chegará no final da prova (se chegar) em situação delicada, por estar sacrificando o futuro do país. Eles sabem que o aumento descontrolado dos gastos públicos gera um crescimento insustentável da dívida pública. É veneno na veia, que pode levar ao estado indesejável da “dominância fiscal”* (veja nota ao final do texto). E a melhor das expectativas terá como resultado, o já nosso conhecido, o famoso voo da galinha. Dura pouco e voa baixo.

Os atletas profissionais e amadores mais desenvolvidos são a ponta aparente de um iceberg. Há uma parte escondida na retaguarda, uma equipe de treinadores, psicólogos, nutricionistas… sob um líder que se responsabilizam pelo estado físico, mental e são responsáveis pela melhora da sua performance.

Somente uma equipe de apoio de um atleta agindo com irresponsabilidade, inconsequência e falta de ética admitiria o doping do seu atleta. Um país tem similaridades com esse enredo. Basta adaptar os elementos e a história se repete . Também no nosso país temos um líder que comanda uma equipe e uma economia a ser administrada.

Se ele for responsável, consequente e respeitador das leis da economia, não admitirá os dopings dos gastos desmedidos — a que título for. E por sabedoria e modéstia daria crédito aos que antes dele modernizaram a administração com a reforma das leis trabalhistas e do teto dos gastos. Voltando ao nosso maratonista dopado, olhando com atenção, ver-se-á exibir sinais das drogas: pupilas dilatadas, pulso acelerado e respiração ofegante. Uma condição física a inspirar cuidados.

O mesmo que ocorre com a nossa economia, que apresenta sinais inequívocos de problemas: inflação em alta, fuga de capitais externos, moeda se desvalorizando, juros proibitivos e dificuldade de colocar títulos da divida pública, que acendem um sinal amarelo para o risco de uma “dominância fiscal”. O nosso governo não quer ver o perigo. Acredita equivocadamente que os resultados valem o risco; que tudo é questão de vontade política. Na verdade, é puro voluntarismo injetado na veia.

No caso do atleta, se der errado. Azar o dele. Se der certo, emprego garantida à equipe técnica. É um jogo de “custo/oportunidade”. Custo para o atleta e oportunidade para a sua equipe. No nosso caso, se der errado o custo será pago pela sociedade. Se der certo, o curral eleitoral do populista-socializante estará feliz e garantirá a vitória na próxima eleição .

*Dominância fiscal é caracterizada por uma perda de eficácia da política monetária em cenário de desarranjo das contas públicas. Em ambiente desse tipo, uma alta nos juros básicos pelo BC para domar os preços eleva o gasto do governo com pagamento de juros da dívida pública e aumenta o problema fiscal a ponto de deteriorar expectativas de mercado, afetando condições financeiras, como o dólar, o que acaba por pressionar ainda mais a inflação.

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