Delator do PCC assassinado, Vinícius Gritzbach, revelou localização de cofres do PCC

O empresário e delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, pagou um preço alto por cooperar com as autoridades. Após revelar ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) e a policiais corruptos a localização de 15 casas-cofre da facção criminosa, ele foi assassinado no Aeroporto Internacional de Guarulhos em 8 de novembro. As informações confidenciais levaram à subtração de R$ 90 milhões armazenados nas residências.

As casas-cofre, propriedades estrategicamente preparadas pelo PCC para armazenar dinheiro, armas e drogas, estão no centro do escândalo. Construídas com compartimentos secretos e paredes reforçadas, essas residências abrigavam milhões de reais oriundos do tráfico internacional de drogas. Contudo, a confiança da facção foi rompida quando Gritzbach revelou os endereços desses locais.

De acordo com mensagens enviadas por um integrante do PCC identificado como Tacitus, os policiais civis Valdenir Paulo de Almeida, conhecido como Xixo, e Valmir Pinheiro, apelidado de Bolsonaro, teriam invadido as casas sem mandado judicial. Os investigadores, supostamente, se apropriaram dos valores escondidos, gerando enormes perdas financeiras ao PCC. Apenas Tacitus, uma das principais vozes da organização, alegou um prejuízo individual de R$ 6 milhões.

“O Vinícius passou informações das ‘casas cofre’ para o Xixo e o Pinheiro. Esses policiais invadiram as casas ‘cofre’ sem mandado judicial, roubando milhões de reais em espécie da ‘empresa’”, afirmou Tacitus, em e-mail enviado às autoridades.

Retaliações do crime organizado

As ações de Gritzbach, que também cooperou com o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), geraram retaliações imediatas. Desde sua delação, ele passou a ser ameaçado pelo PCC, assim como os policiais envolvidos. Tacitus, por sua vez, exigiu a devolução do dinheiro perdido, ressaltando sua determinação em buscar justiça de qualquer maneira.

O assassinato de Gritzbach ocorreu pouco tempo após a prisão dos investigadores mencionados. Mesmo com a execução de mandados, os rumores de corrupção envolvendo agentes públicos não pararam por aí. Segundo informações, a Operação Tacitus, deflagrada pela Polícia Federal em dezembro, revelou um esquema intrincado que incluiu policiais civis e outros associados ao PCC.

Investigação e desdobramentos

Os desdobramentos da fase inicial da Operação Tacitus resultaram na prisão de cinco policiais civis e três membros da facção, todos apontados como envolvidos nas acusações feitas pelo delator. Entre os detidos estão figuras de alto escalão da polícia paulista, como o delegado Fábio Baena Martin, e os investigadores Eduardo Monteiro, Marcelo Marques de Souza, Marcelo Roberto Ruggieri e Rogério de Almeida Felício.

Ainda assim, a operação pode estar longe de terminar. Investigações sugerem que chefes da Polícia Civil de São Paulo, policiais militares e outros integrantes de cargos elevados do PCC estejam na mira de uma possível segunda fase, batizada de Operação Tacitus 2, prevista para 2025.

Assassinato planejado

Pouco antes de sua morte, Gritzbach apresentou informações que colaboraram para prisões subsequentes e avanço nas investigações contra policiais corruptos. No entanto, sua vida terminou de forma violenta, com 10 disparos de fuzil, em plena área de acesso ao aeroporto de Guarulhos.

Tacitus, que ainda permanece um enigma para as autoridades, comemorou publicamente o assassinato do delator. “A colaboração prestada [pelos assassinos] foi essencial”, afirmou em mensagens obtidas pela Polícia Federal. O crime, no entanto, levantou questões sobre quem realmente teve interesse na eliminação de Gritzbach.

Policiais sob suspeita e relação com o tráfico

Valdenir Paulo de Almeida e Valmir Pinheiro, presos meses antes do homicídio, já acumulavam suspeitas de extorsão contra traficantes. Segundo apurações, a dupla teria exigido R$ 800 mil do narcotraficante João Carlos Camisa Nova Júnior para frear uma investigação sobre exportação de cocaína para a Europa.

Os dois agentes, apelidados de Xixo e Bolsonaro, foram indiciados junto com outros membros da polícia que, supostamente, utilizavam sua posição para enriquecer ilicitamente. Ainda assim, os detalhes sobre as conexões completas dos investigadores com o PCC permanecem sob análise.

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