Ele faz R$ 200 milhões alugando motos para entregadores – e agora vai expandir o negócio pelo mundo

São Paulo é a cidade das motos. Na correria dos aplicativos de delivery, elas dominam as ruas. É difícil olhar pela janela e não ver o zigue-zague de motoboys entre carros, ônibus e pedestres. Esse cenário, que cresceu com a pandemia, transformou motos em peças-chave da economia urbana.

Foi identificando essa oportunidade que o mineiro Fillipe Félix – praticamente radicado no Maranhão – criou a LocaGOra há cinco anos. O negócio começou simples: alugar motos para entregadores que precisavam do veículo, mas não tinham condições de comprá-lo.

Hoje, com 460 franquias em 88 cidades e 12.000 motos na frota, a LocaGOra é a segunda maior locadora de motos do Brasil.

Diferente de suas concorrentes, a principal delas a Mottu, a LocaGOra aposta em franquias para crescer.

O modelo permite que empreendedores locais gerenciem operações com suporte da empresa. Foi assim que a empresa faturou 200 milhões de reais em 2024 e se prepara para atingir 300 milhões de reais em 2025.

“Hoje, o mercado de delivery no Brasil ainda está engatinhando. O potencial de crescimento é enorme”, afirma Félix.

Qual é a história da LocaGOra

A trajetória de Fillipe Félix é marcada por improviso e reinvenção. Ele começou a empreender aos 6 anos, vendendo picolés e chup-chups (ou geladinho, ou sacóle, a depender de onde você mora).

Anos depois, já adulto, apostou no comércio de castanhas no Maranhão. Tudo ia bem até que a pandemia fechou suas lojas e deixou Félix sem saída.

“Eu precisava entregar as castanhas, mas não tinha quem fizesse o serviço”, diz. “Contratar motoboys estava impossível – ninguém aceitava menos de R$ 2.000 por mês na época”.

Ao investigar o mercado, ele percebeu que havia uma demanda enorme por motos. Foi então que nasceu a ideia da LocaGOra.

O início foi modesto: com 15.000 reais, comprou sua primeira moto para aluguel. Os resultados vieram rápido.

Félix viu que o modelo funcionava e vendeu tudo que tinha para investir em uma frota maior. Em pouco tempo, tinha 50 motos e uma renda de 50.000 reais por mês.

“Foi um crescimento muito rápido. Eu mal conseguia atender a demanda”, lembra.

A virada veio quando ele decidiu criar um modelo de franquias para expandir o negócio. Com isso, a LocaGOra começou a ganhar escala e se tornou referência no mercado de locação de motos.

Qual é a estrutura da LocaGOra hoje

Atualmente, a LocaGOra opera com 460 franquias e uma frota de 12.000 motos.

O modelo de negócios combina locação para motoboys e parcerias com empresas de delivery.

Cada franqueado paga 60.000 reais pela licença e 8% do faturamento bruto mensal para a matriz. A LocaGOra cuida de toda a manutenção, IPVA e seguros das motos, enquanto os franqueados gerenciam a operação local.

Para o motoboy, o aluguel médio é de R$ 50 a R$ 60 por dia, o que equivale a cerca de R$ 1.600 por mês.

“O motoboy paga semanalmente, porque é assim que as grandes plataformas como iFood e Uber funcionam. Quando o dinheiro entra na conta dele, cobramos o aluguel”, diz Félix.

Além disso, a empresa está diversificando seu público. “Agora, atendemos estudantes, pequenos empresários e até empresas que usam motos para delivery próprio”, diz o fundador.

Quais são os desafios

A LocaGOra enfrenta desafios típicos de um setor em expansão.

A inadimplência é uma preocupação constante, assim como os custos com acidentes e manutenção. “São Paulo é o nosso maior mercado e, ao mesmo tempo, o mais complexo. Muitos acidentes acontecem aqui”, afirma Félix.

Para lidar com isso, a empresa está lançando uma cooperativa própria para cobrir danos, roubos e multas.

“É uma forma de proteger nossos franqueados e garantir a sustentabilidade do negócio”, explica. O custo mensal de 100 reais por moto será bancado pelos franqueados.

Outro desafio é a concorrência. A Mottu, maior player do setor, tem uma frota de 37.000 motos e acesso a fundos milionários para expandir.

Qual é o futuro da LocaGOra

A internacionalização está no radar da empresa. Em 2025, a LocaGOra planeja abrir sua primeira operação no México, um mercado que Félix considera promissor.

“É um país com características muito parecidas com as do Brasil. O potencial é gigantesco”, afirma.

Além disso, a empresa está investindo em prédios próprios para centralizar as operações de franquias. A ideia é que os franqueados cuidem apenas da gestão financeira, enquanto a matriz administra o dia a dia.

“Vamos abrir 45 prédios em todo o Brasil até 2025. Isso vai nos dar ainda mais eficiência”, diz Félix.

Outro projeto é o lançamento de uma linha de motos com marca própria. As primeiras unidades chegam em setembro, vindas da China num modelo em que compram a estrutura e aplicam a marca, e devem gerar novas receitas para a empresa.

“Ter nossa própria moto aumenta a margem de lucro e fortalece nossa marca no mercado”, explica.

Com planos ousados e um modelo de negócios sólido, a LocaGOra promete continuar crescendo em ritmo acelerado, conquistando novos mercados e enfrentando os desafios do setor de frente.

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