Justiça impede posse de prefeito foragido e vereador assume cargo no Ceará

Por Carlos Madeiro
Do UOL

A Justiça Eleitoral acolheu pedido do MPCE (Ministério Público do Ceará) e suspendeu a posse do prefeito eleito de Choró, Bebeto Queiroz (PSB), e do seu vice, Bruno Jucá (PRD). Bebeto está foragido da justiça por suspeita de relações com grupos criminosos e crimes eleitorais. Eles tomariam posse nesta manhã de quarta-feira (1º).

A decisão é da 6ª Zona Eleitoral de Quixadá e foi informada pelo vereador e presidente da Câmara, Paulo George Saraiva (PSB), que tomou posse para um novo mandato e assumiu como prefeito interino.

Durante a sessão, ele leu um trecho da decisão, que foi entregue à Câmara instantes antes da sessão de posse dos vereadores. “Em virtude de decisão judicial que suspendeu a posse do prefeito e do vice-prefeito de Choró, eu convido a vice-presidente a tomar assento na presidência enquanto eu irei tomar posse como prefeito interino”, disse, para aplausos dos presentes.

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Bebeto foi diplomado por procuração pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Ceará durante cerimônia no dia 14. Para não ser preso, quem compareceu ao ato oficial no lugar dele foi o filho, Daniel Queiroz.

Ele teve 61,1% dos votos válidos (5.971 do total) em 6 de outubro, quando venceu o Professor Antonio Delmiro (PT), que teve 3.801 votos (38,9% do total válido). O MP Eleitoral pede agora a cassação da chapa vencedora para evitar que ele cumpra o mandato. O pedido deve ser julgado pela 6ª Zona Eleitoral e depois eventuais recursos pelo TRE-CE.

Alvo de três operações
O MPCE afirma que Bebeto Queiroz já foi alvo de três operações nos últimos três meses e é suspeito de crimes eleitorais e corrupção.

A primeira operação policial foi a Mercato Clauso, deflagrada pelo MP Eleitoral em parceria com a Polícia Federal no dia 4 de outubro.

Nela, o prefeito eleito responde por tentativa de influência de grupos criminosos nas eleições municipais de 2024, através de compra de votos. “Ele é um dos acusados de oferecer vantagens materiais e financeiras, com indícios da utilização de recursos ilícitos oriundos de contratos fraudulentos com entes públicos, para financiar campanhas eleitorais”, diz o MP-CE.

Bebeto também é alvo da operação Ad Manus, deflagrada pela Procuradoria de Justiça de Crimes contra a Administração Pública (Procap), com apoio das Polícias Civil e Federal, no dia 22 de novembro.

Na ação, foram presos e afastados das funções, por 180 dias, o atual prefeito Marcondes Jucá (PT) e um servidor da Secretaria de Transporte do município. Na ocasião, a Justiça expediu o mandado de prisão contra Bebeto Queiroz.

Na operação Vis Occulta, deflagrada em 5 de dezembro pelo MP Eleitoral e pela PF, o prefeito eleito é investigado pela suposta participação em um grupo criminoso responsável por “compra de votos e influência nas eleições em municípios cearenses”.

A ação foi um desdobramento da Operação Mercato Clauso, deflagrada em outubro em Fortaleza, Canindé e Choró. Nesta operação, o prefeito eleito foi detido e ficou preso preventivamente por dez dias.

“As investigações revelaram indícios de que os valores utilizados para a compra de votos foram obtidos por meio de um esquema de caixa 2, envolvendo contratos públicos direcionados a empresas vinculadas à organização criminosa. Esses recursos eram destinados ao financiamento ilícito de campanhas eleitorais”, afirmou o MP-CE, em nota.

Por conta desses casos, a Procuradoria 6ª Zona Eleitoral pediu a cassação do registro de candidatura de Bebeto e de seu vice, Bruno Jucá.

A coluna procurou a defesa de Bebeto, mas não obteve êxito. Em suas redes sociais, no dia 5 de dezembro, Bebeto postou nota e disse que iria provar sua inocência.

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