Turista morta ao entrar em favela por engano ficou no Rio por poucas horas: foi à praia e levou tiro a caminho de uma festa


Diely Silva foi morta na noite de sábado (28), após pedir um carro de aplicativo e entrar por engano no Fontela, uma pequena comunidade que atualmente é dominada pelo Comando Vermelho. Diely da Silva, de 34 anos, morreu na estrada Benvindo de Novaes, em Vargem Pequena, no Rio
Reprodução redes sociais
A turista Diely Silva, de 34 anos, morta ao entrar por engano em uma favela na Zona Oeste do Rio, ficou na cidade por aproximadamente 12 horas. Moradora de Jundiaí, no interior de São Paulo, Diely nasceu na Bahia e trabalhava como gerente de Contabilidade fiscal.
Ela estava no Rio com mais três amigas passar o réveillon na cidade. O grupo chegou no sábado pela manhã. Logo depois de deixar as malas no apartamento que alugaram, em um condomínio em Vargem Pequena, na Zona Oeste, foram aproveitar o dia na praia.
À noite, a programação do grupo era aproveitar uma festa no bairro da Gávea, na Zona Sul.
Por volta das 21h de sábado, elas pediram dois carros de aplicativo. As quatro amigas se dividiram em dois carros. Um dos motoristas foi pela Estrada dos Bandeirantes. O outro, que levava Diely e uma amiga, seguiu a indicação do GPS e acabou entrando por engano na comunidade do Fontela.
A favela fica a poucos metros do condomínio onde elas estavam. Assim que entrou na comunidade, o carro foi recebido a tiros pelos traficantes. Pelo menos três disparos acertaram o veículo.
A turista Diely Silva, de 34 anos, morta ao entrar por engano em uma favela na Zona Oeste do Rio, ficou na cidade por aproximadamente 12 horas.
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Diely foi baleada no pescoço e morreu ainda dentro do veículo. O motorista foi atingido nas costas, mas conseguiu dirigir até uma viatura da PM que estava próxima. Ele foi socorrido e levado para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca.
O motorista foi atendido na unidade hospitalar e liberado. Contudo, a bala continua alojada no corpo do trabalhador. A amiga de Diely não se feriu.
Postagem na praia e críticas ao Rio
Essa não foi a primeira vez de Diely no Rio de Janeiro. Em várias postagens em suas redes sociais, a baiana aparece em pontos turísticos da cidade.
Turista morta ao entrar em favela por engano ficou no Rio por poucas horas: foi à praia e levou tiro a caminho de uma festa
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No sábado, horas antes de ser baleada, ela postou na praia: “Oi Rio”. Após a sua morte, dezenas de pessoas decidiram se manifestar nos comentários de suas fotos, a maioria criticando a violência na cidade.
“Rio de Janeiro? Não quero conhecer nem em sonho”, escreveu Jose Antonio.
“Sempre fui contra viajar ao Rio, desde criança. Hoje o RJ está parecendo zona de guerra! Não sei como conseguem dormir em um lugar desse. Eu não teria paz pra nada”, disse Fe Lovato.
Entre os comentários, o carioca Luck Veloso disse que se sente envergonhado.
“Nós cariocas nos sentimos envergonhados. Nossos visitantes (e nós mesmos) merecemos mais segurança. Meus sentimentos à família e amigos”, disse ele Veloso.
Comunidade já foi pacata
A comunidade do Fontela, em Vargem Pequena, na Zona Oeste do Rio, onde a turista baiana Diely Silva, de 34 anos, foi baleada e morta no último sábado (28), atualmente é controlada por traficantes do Comando Vermelho. Porém, a região também já foi reduto da milícia.
Segundo informações de inteligência da Polícia Militar, o local foi invadido e dominado pelo Comando Vermelho há um ano.
Antes pacata, comunidade Fontela, onde turista foi baleada, é alvo de disputa entre bandidos
Pouco conhecida e quase nunca citada como uma área violenta do Rio, o Fontela chamou atenção das autoridades pela morte da turista baiana. Contudo, os moradores da região já observam o crescimento da criminalidade no local há mais tempo.
A favela, que vem crescendo em direção à mata que é característica do bairro de Vargem Pequena, fica perto de vias importantes da cidade, como a Estrada dos Bandeirantes e a Benvindo Novaes.
Motorista presta depoimento
Em depoimento na delegacia, Anderson, o motorista do veículo baleado, disse que não houve ordem de parada e que não viu de onde vieram os tiros.
A Delegacia de Homicídios da Capital investiga as circunstâncias do homicídio. No começo da manhã desta segunda-feira (30), policiais saíram para fazer novas diligências onde Diely foi morta. Eles buscam por mais informações que ajudem a identificar o autor do disparo.
Carro onde estava a turista Diely da Silva e o motorista de aplicativo, Anderson Pinheiro
Reprodução/TV Globo
Ainda na noite de sábado, poucas horas depois do crime, a PM foi acionada para uma operação na favela, e houve troca de tiros com a chegada do blindado. A Delegacia de Homicídios entrou em seguida.
O corpo de Diely já foi liberado, e o velório deve acontecer nesta segunda-feira em Candiba, na Bahia, cidade onde Diely nasceu e onde vivem os pais dela.
A tia da turista lamentou a morte de Diely, que ficou no Rio de Janeiro menos de um dia e descobriu como a violência na cidade pode ser fatal.
“Nossa menina, nossa princesa. Criada com tanto amor, tanto carinho. Tão esperta, linda e cheia de vida. Um amor de menina”, relembrou a tia de Diely.
Diely da Silva, de 34 anos, morreu na estrada Benvindo de Novaes, em Vargem Pequena, no Rio
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