Ibovespa despenca 10% e tem pior desempenho anual desde 2021: o que pressionou o índice em 2024?

Ibovespa

O Ibovespa caiu mais de 10% em 2024 pressionado pela alta dos juros no Brasil, incerteza fiscal e juros elevados por mais tempo nos EUA (Imagem: Pixabay)

Em 2024, o Ibovespa (IBOV) frustrou as expectativas do mercado e saiu da casa dos 135 mil pontos do início do ano para o nível dos 120 mil pontos. O índice acompanhou — e foi pressionado — pelas nuances das políticas monetárias local e dos Estados Unidos e o aumento das incertezas sobre o cenário fiscal doméstico.

O principal índice da bolsa brasileira acumulou queda de 10,38% no ano, o pior desempenho desde 2021.

O que mexeu com o Ibovespa em 2024?

O principal índice da bolsa brasileira contrariou as expectativas e fechou o ano em forte queda. 

A cautela com o cenário fiscal doméstico e a demora no corte de juros nos Estados Unidos estão entre os motivos que seguraram o Ibovespa no tom negativo. 

A tensão aumentou após o anúncio duplo do pacote de contenção de gastos — amplamente esperado pelo mercado — e de um projeto de reforma do Imposto de Renda — que prevê a isenção para salários de R$ 5 mil por mês — no penúltimo mês do ano. 

Mesmo com a aprovação dos três projetos que compõem o pacote fiscal pelo Congresso e o adiamento do debate sobre mudanças no IR para 2025, agentes financeiros ainda questionam a efetividade das medidas na contenção das despesas e duvidam da determinação do governo em reduzir a dívida pública.

Com as expectativas de inflação desancoradas e a deterioração do mercado doméstico, o afrouxamento monetário do início do ano foi abandonado pelo Banco Central, que voltou a elevar os juros. 

Em uma rápida retrospectiva, a taxa básica de juros, a Selic, iniciou o ano em 11,25%. O BC reduziu 50 pontos-base em março, para 10,75%, e mais 25 pontos-base na reunião de maio— que causou um ‘alvoroço’ no mercado com a divisão entre os colegiados. 

A Selic permaneceu a 10,50% por duas reuniões seguidas (junho e julho) e voltou a subir nos três encontros seguintes (setembro: 10,75%; novembro: 11,25% e dezembro: 12,25%). 

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), além de elevar a Selic em 100 ponto-base, a 12,25% ao ano, o colegiado do BC ainda sinalizou que a Selic deve atingir 14% ao ano até março de 2025. 

O cenário externo também pesou com a frustração das expectativas por uma série de cortes nos juros nos Estados Unidos, pelo Federal Reserve, o Banco Central norte-americano.

Em janeiro, os operadores projetavam até seis reduções de juros pelo BC norte-americano. Mas a autoridade monetária fez apenas três cortes — de 100 pontos-base acumulados — o que provocou ganhos nos rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro dos EUA, os Treasuries, ao longo do ano, valorizando o dólar ante divisas globais. 

A moeda norte-americana também foi favorecida pela vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos, com medidas de protecionismo econômico que devem fortalecer o dólar ainda mais e favorecer o cenário de juros mais altos no país. 

Com os juros elevados nos EUA, os investidores tendem a injetar mais capital em ativos como os Treasuries, considerados os títulos mais seguros do mundo, retirando o fluxo de dólares dos países emergentes — principalmente, em investimentos de renda variável. 

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