Governo da Alemanha acusa Musk de tentar interferir em eleições do país

O governo da Alemanha acusou nesta segunda-feira, 30, o magnata americano Elon Musk de tentar interferir no processo eleitoral do país. A acusação veio após tuítes de Musk na rede social X (antigo Twitter) em apoio ao partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e um artigo de opinião publicado no jornal “Die Welt”.

“Elon Musk está de fato tentando influenciar as eleições do Bundestag (Parlamento) com suas declarações”, afirmou Christiane Hoffmann, porta-voz adjunta do governo alemão.

Hoffmann destacou que, apesar de Musk ter liberdade para expressar sua opinião, isso não significa que suas declarações sejam irrelevantes para o contexto político. “A liberdade de opinião é um bem precioso. E aqui estamos vendo uma tentativa de exercer influência”, afirmou.

AfD sob vigilância das autoridades

A AfD, que recebeu o apoio de Musk, é monitorada pelo Departamento Federal de Proteção da Constituição, devido a suspeitas de extremismo de direita. Em vários estados federados, o partido já é classificado como um caso de extremismo, o que autoriza vigilância especial.

A porta-voz enfatizou que as eleições na Alemanha são decididas pelos eleitores e que a recomendação de Musk é um gesto de apoio a um partido controverso.

Com relação ao artigo de opinião publicado no “Die Welt”, Hoffmann declarou que o chanceler Olaf Scholz prefere não comentar decisões editoriais.

Presença do governo alemão na rede social X

Apesar das controvérsias envolvendo o X, Hoffmann afirmou que o governo continuará utilizando a plataforma para disseminar informações oficiais. Ela reconheceu que a presença na rede social é um “ato de equilíbrio”, dadas as preocupações com os eventos recentes.

Ao ser questionada sobre comparações entre as ações de Musk e as tentativas de interferência da Rússia, Hoffmann esclareceu que as declarações do empresário americano se tratam de iniciativas individuais. Já no caso da Rússia, há registros de campanhas massivas destinadas a desestabilizar a confiança pública nas instituições alemãs.

A porta-voz destacou ainda que, embora muitas dessas campanhas sejam difíceis de rastrear, diversas foram atribuídas diretamente ao entorno do Kremlin.