Tarifas à vista? China abre investigação sobre importação de carne bovina

A principal rota da carne bovina no Brasil está sob análise. O Ministério do Comércio da China iniciou, nesta sexta-feira, 27 de dezembro, uma investigação sobre as importações de carne bovina, envolvendo todos os países exportadores, incluindo o Brasil.

A investigação foi aberta a partir de um pedido de representantes da indústria local, que segundo informações da Bloomberg, estão sofrendo com preços baixos devido a um excesso de oferta no gigante asiático.

De 2019 até 2024, as importações chinesas de carne bovina aumentaram de forma intensa, e chegaram próximas das 4 milhões de toneladas neste ano.

A China é o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, e se consolidou como o maior parceiro comercial do Brasil em proteínas animais.

Em 2024, as exportações brasileiras de carne bovina para o país somaram mais de 1 milhão de toneladas, representando aumento de 12,7% em relação ao mesmo período de 2023, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

As indústrias de carne bovina da China argumentam que a proteína importada já representa 44% do mercado local. Em 2019, era somente de 20%. Segundo a Reuters, o preço médio no atacado caiu de 77,18 yuans para 59,82 yuans por quilograma entre o final de 2022 e o final de 2024.

Essa investigação deve terminar em oito meses. Atualmente, a China aplica uma tarifa de 12% ad valorem sobre as importações de carne bovina. Durante o período de investigação, não haverá adoção de outras medidas.

O governo brasileiro divulgou uma nota conjunta dos Ministérios da Agricultura, Relações Exteriores e do Desenvolvimento. Afirmou que buscará demonstrar que a carne exportada para a China não causa prejuízo à indústria local, mas, ao contrário, complementa a produção chinesa.

“O Brasil reafirma seu compromisso em defender os interesses do agronegócio nacional, respeitando as decisões soberanas do parceiro comercial e buscando soluções mutuamente benéficas”, disse a nota.

Também em nota, a ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) disse que “acompanha com atenção a investigação”, e ressaltou que está à disposição para fornecer quaisquer esclarecimentos e participar ativamente do processo de investigação.

Lygia Pimentel, CEO da AgriFatto, afirmou que a China tinha aprovado um aumento da tarifa de 12% para um patamar de 20%. A tarifa isentaria países membros do acordo de livre comércio, como a Austrália, outro grande fornecedor local, mas deixaria o Brasil de fora.

“Como na sequência do aumento de impostos houve um aumento dos preços internos, eles suspenderam a aplicação da tarifa e estão estudando os efeitos disso antes de uma liberação”, afirmou Pimentel.

Com esse repasse das tarifas, ela vê que a carne bovina ficaria menos competitiva em comparação com outras proteínas.

Frigoríficos brasileiros que exportam para a China viram suas ações recuarem na manhã desta sexta, na B3. A ação da JBS recuava 1,32%, a da Marfrig caía 4,40% e a da Minerva desvalorizava 2,30%.

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