Ação social: reeducandos de unidades prisionais fazem panetones

Por Letícia Lins
Do Oxe Recife

Iniciativa bacana, nesses dias de espírito fraterno e natalina. Iguaria que surgiu na Itália – e que, em diversas versões, tornou-se presença obrigatória nas mesas dos brasileiros durante o Natal – o panetone virou, também, objeto de uma ação social. É que 2 mil foram produzidos por reeducandos de duas unidades prisionais de Pernambuco, para distribuição para entidades beneficentes e também para compartilhar com aqueles que participaram da fabricação.

A iniciativa resulta de parceria entre o Instituto César Santos (fundador e Chef do Restaurante Oficina do Sabor), o Ceasa e a a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco. Uma ação que merece aplausos e bem diferente das normalmente praticadas no final do ano, cuja maioria consiste na simples distribuição de alimentos.

Quem sabe esses detentos que aprenderam a fazer o panetone não se motivam para montar pequenos negócios a partir do que vivenciaram com a mão na massa? Vamos torcer para que isso aconteça pois, como sabemos, há estabelecimentos prisionais que pouco educam e que são verdadeiras escolas do crime. Além do mais, todos sabem que o ócio é o pior de todos os conselheiros.

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Para o chef Cesar Santos, presidente do Instituto, a gastronomia vai além do preparo de alimentos, como muita gente pensa. “Trabalhar na cozinha é missão. Estamos lá para servir o outro e para isso é preciso ter vontade e amor”. Ele torce para que ações como essa contribuam para dar algum sentido à vida de pessoas que pagam por crimes que cometeram e que, muitas vezes, ficam sem perspectivas de mudança e pouco valor dão à própria existência.

“A gastronomia muda vidas. Mudou a minha e sei que pode mudar a de muita gente”, completa. Ele crê no resultado da ação. ”Percebemos o orgulho dos reeducandos e reeducandas em aprender a fazer o panetone, uma nova função que levarão para a vida. É uma chave que vira e permite ver o mundo de uma outra forma”, diz César.

A oficina para fabricação de panetones aconteceu na unidade prisional masculina de Itaquitinga e na feminina de Abreu e Lima. “Foi uma semana intensa, de muito trabalho, mas de satisfação imensa”, afirma Rogério Ribeiro. “Poder estar junto desses reeducandos e ensinar um ofício, trocar experiência e mostrar que é possível ter uma nova vida é uma prova de que todo mundo tem uma segunda chance”, completa. Itaquitinga fica a 84 quilômetros do Recife. Abreu e Lima se situa na Região Metropolitana.

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