Planejamento, ‘núcleo duro’ do MDB e espaço para o PL: o que muda no novo secretariado de Nunes

A dez dias da posse, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), já definiu algumas mudanças no secretariado para a próxima gestão na maior cidade do país, mas ainda há lacunas.

O emedebista tenta conciliar seus próprios interesses com os dos partidos que integraram a coligação eleitoral em outubro — caso do PL, que tem o vice. Em algumas pastas-chave, os secretários serão os mesmos do atual mandato, enquanto outras áreas decisivas, como a Segurança, estão indefinidas.

Na Saúde, o secretário Luiz Carlos Zamarco vai permanecer no cargo, assim como o secretário de Governo, Edson Aparecido. Já o chefe da Casa Civil, Fabrício Cobra, segue para a Secretaria de Subprefeituras, enquanto Enrique Misasi, atual secretário executivo de Relações Institucionais, assumirá a Casa Civil. Esse é o núcleo duro de Nunes, e tanto Aparecido como Misasi são do MDB.

O cenário é incerto na Educação, pasta em que Fernando Padula está sob avaliação: o prefeito não descarta mantê-lo no cargo, mas estuda nomes. Os resultados da pasta vêm sendo avaliados com lupa, já que Nunes tem como compromisso, no próximo mandato, melhorar os índices da rede municipal, sobretudo a nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

As escolas públicas paulistanas apresentaram queda no Ideb nos dois segmentos do ensino fundamental — o 5º e o 9º ano dessa etapa escolar — na comparação com 2019, último ano antes da pandemia. O prefeito vem tendo reuniões com especialistas na área educacional, das quais Padula participa, para analisar o sistema de alfabetização adotado nas escolas, mudar o modo de escolha dos diretores das unidades de ensino e estabelecer mais metas para professores e diretores.

O vice-prefeito eleito, coronel Mello Araújo (PL), será secretário executivo de Projetos Estratégicos, um braço da Secretaria de Governo. Com isso, vai atuar em crises e situações mais delicadas que exijam uma articulação de vários setores da administração pública. Essa atuação pode se dar na cracolândia, por exemplo.

PL no meio ambiente

O espaço do PL de Jair Bolsonaro no futuro governo, aliás, é motivo de imbróglio: o partido pleiteava a pasta da Educação, mas Nunes ofereceu a Secretaria do Verde e Meio Ambiente.

Inicialmente, o mais cotado para assumir a secretaria era Luiz Fernando Machado, hoje prefeito de Jundiaí, mas houve uma divisão dentro do PL, e o mencionado agora é o prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi.

O PSD de Gilberto Kassab, partido com mais prefeituras no estado, também postula alguma pasta ou o comando de empresas e autarquias públicas, especialmente as que hoje têm um caixa robusto, como a SP Obras. Já para a Habitação, o prefeito estuda nomear a arquiteta Bete França, atualmente à frente da Secretaria de Urbanismo e Licenciamento. Se a troca se concretizar, Pedro Fernandes, comandante da SP Urbanismo, herdaria a secretaria dela.

Na secretaria de Mobilidade e Trânsito, a ideia de Nunes é manter Gilmar Pereira Miranda, que está na área desde novembro, após a demissão de Celso Gonçalves Barbosa no mesmo mês. O prefeito também vem entrevistando quadros técnicos para compor a pasta. Trata-se de uma tentativa de manter a secretaria independente do vereador Milton Leite (União), que tem forte influência na área.

Nunes pretende recriar a Secretaria de Planejamento, área que hoje fica sob tutela da Secretaria de Fazenda. A ideia é que ela seja comandada por Clodoaldo Pelissioni, atual secretário adjunto de Governo.

Dúvidas na segurança

A área da Segurança ainda é uma incógnita. Aliados avaliam que não se trata de uma pasta que pode ser “leiloada” a partidos. A permanência do atual secretário, Junior Fagotti, é vista com bons olhos, sobretudo porque ele comandou a implementação do Smart Sampa, programa de monitoramento por câmeras com reconhecimento facial, tido como uma vitrine do prefeito.

A composição do secretariado também leva em consideração o Legislativo, para que vereadores que não se reelegeram possam assumir cadeiras. Nunes deve chamar alguns parlamentares de sua base para liberar vagas de suplentes.

A Secretaria de Direitos Humanos, por exemplo, foi oferecida à vereadora Sandra Santana (MDB). Com isso, Paulo Frange (MDB), primeiro suplente, ganharia uma vaga na Câmara Municipal. Sandra, entretanto, declinou do convite, mas as negociações ainda estão em curso para que ela ganhe algum cargo no Executivo. A pasta de Cultura também está sendo avaliada e pode receber indicações partidárias.

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