Chantagem a milionário levou à descoberta de crime em Vila Velha

Imagens da dentista Gabriella Kiefer e do médico veterinário Thiago do Nascimento foram divulgadas pela polícia

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Divulgação/Sesp

Três anos após o assassinato de um morador de rua, em Vila Velha, as investigações tomaram novos rumos: o médico veterinário Thiago Oliveira do Nascimento e a dentista Gabriella Anacleto Kiefer foram presos acusados de participação no crime.O delegado adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, Cleudes Junior, explicou que o corpo do morador de rua foi encontrado em agosto de 2021, às margens da rodovia Leste-Oeste.Sem elementos e testemunhas para chegar até os autores, o crime só voltou a ser investigado em janeiro deste ano, após Thiago ser preso pela Polícia Federal por extorsão milionária de um empresário indiano.Mesmo sem relação entre os dois crimes, foi só após a prisão de Thiago que uma testemunha fez a denúncia de que ele era responsável pela morte de morador de rua.“Durante busca e apreensão na casa do médico veterinário, na Praia da Costa (Vila Velha), a Polícia Federal encontrou um verdadeiro arsenal na casa do Thiago, com várias armas e munições. Com base na denúncia que recebemos, requisitamos uma perícia de confronto balístico para a Polícia Científica”.O delegado revelou que ficou comprovado que a arma de fogo apreendida com Thiago foi a mesma arma utilizada no homicídio.Durante as investigações, testemunhas relataram que o crime aconteceu após o morador de rua ter entrado na clínica de Gabriella – que estava em reforma – para cometer furto.“Gabriella viu na imagem das câmeras a invasão e entrou em contato com o Thiago, que era seu namorado na época. Ela sabia que ele andava armado, então os dois foram até a clínica”.Segundo o delegado, Thiago teria rendido a vítima, fez um disparo e arrastou o homem para o carro de Gabriella.Com a vítima baleada no veículo, os dois ainda levaram o homem até a rodovia Leste-Oeste, onde ele foi executado com tiros na cabeça.Cleudes Junior explicou que Thiago já estava usando tornozeleira eletrônica por causa da investigação de extorsão, mas em novembro teve a prisão temporária cumprida durante a investigação do homicídio.Na última quarta-feira (18), ele teve a prisão convertida em preventiva, quando Gabriela também foi presa preventivamente em sua clínica, em Vila Velha.Dentista mostrou frieza e vendeu carro após morteTestemunhas revelaram em depoimento à polícia que a frieza da dentista Gabriella Anacleto Kiefer após participar da morte de um morador de rua, em agosto de 2021, teria chamado atenção.O delegado adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, Cleudes Junior, contou que uma testemunha revelou que, na época, até mesmo Thiago Oliveira do Nascimento – acusado de ter atirado contra a vítima – havia ficado surpreso com a frieza da Gabriela.O delegado afirmou ainda que a dentista também vendeu o carro dela, uma caminhonete Fiat Toro – que tinha três meses de uso – três dias após o crime.A caminhonete teria sido usada para transportar o morador de rua amarrado e amordaçado até o local da execução, na Rodovia Leste-Oeste, no bairro Vale Encantado, em Vila VelhaCleudes Junior ainda ressaltou que o carro de Gabriella da época, passou por perícia, com uso da substância luminol, e três anos após o crime, foram encontrados vestígios de sangue.Veterinário teria recebido R$ 9 milhões em extorsãoO médico veterinário Thiago Oliveira do Nascimento, acusado de participação na morte de um morador de rua em 2021, também responde por outros crimes, segundo a Polícia Civil.Entre eles, o de extorsão contra um empresário indiano, ocorrida entre 2021 e 2023. Thiago teria recebido em criptomoedas cerca de 1,8 milhão de dólares, o que daria na época cerca de R$ 9 milhões.Segundo as investigações, Thiago ameaçava divulgar imagens do indiano com uma mulher brasileira, com quem o empresário teve relacionamento extraconjugal.Esse crime faz parte das investigações realizadas pela Polícia Federal, que resultaram na prisão de Thiago em janeiro deste ano. O caso segue em segredo de Justiça.MedoSegundo o delegado adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, Cleudes Junior, durante as investigações do homicídio do morador de rua, em 2021, testemunhas demonstravam ter medo de Thiago.“Ele falava para todos que era policial. Andava com mochila com tarja que militares usam, com distintivo. Demonstrava que andava armado. As testemunhas diziam que ele era uma pessoa extremamente violenta, dissimulada e perigosa, que dizia ameaçar autoridades públicas até do Judiciário”.Vítima não foi identificadaMesmo após três anos do crime e a identificação dos suspeitos, a vítima nunca foi identificada. No momento em que foi rendido, segundo a Polícia, ele teria invadido uma obra para cometer furtos.De acordo com o delegado adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, Cleudes Junior, o homem estava em situação de rua e aparentava ter entre 30 e 40 anos. Nas costas, ele também tinha tatuagens, que podem ajudar a polícia a identificar quem ele era.O delegado ainda classificou como “cruel e bárbara” a forma com que o homem foi morto. “O corpo foi encontrado na rodovia Leste-Oeste, na entrada do bairro Vale Encantado, amarrado, com as pernas quebradas e tinha perfurações por arma de fogo”.

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