Dentista presa em Vila Velha tentou coagir testemunha, diz polícia

Gabriella foi presa na quarta-feira, dentro da própria clínica, em uma avenida do bairro Itapuã, em Vila Velha

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Divulgação / PCES

A dentista Gabriella Anacleto Kiefer, de 34 anos, presa na quarta-feira (18), em Vila Velha, por suspeita de participação no assassinato de um homem em situação de rua, ocorrido em agosto de 2021, teria tentado coagir uma testemunha que presenciou o crime. Para evitar que Gabriella atrapalhasse o andamento das investigações, a Polícia Civil pediu a prisão dela.O adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, delegado Cleudes Junior, explicou que a Justiça já havia determinado algumas medidas cautelares em desfavor da dentista, como a proibição de sair de Vila Velha e de manter contato com os envolvidos no crime.No entanto, segundo o delegado, Gabriella entrou em contato com uma testemunha do assassinato no dia em que essa testemunha seria ouvida pelos policiais da DHPP. Na época do crime, ela morava com a dentista e teria presenciado o momento em que o então namorado de Gabriella, o médico veterinário Thiago Oliveira do Nascimento, de 41 anos, rendeu o morador de rua e o colocou em uma caminhonete modelo Fiat Toro branca. Atualmente, essa testemunha mora em outro estado e foi ouvida remotamente pela Polícia Civil. “Ela afirmou que a Gabriella tinha entrado em contato com ela na data em que ela seria ouvida. Então, possivelmente, a Gabriella entrou em contato com ela para tentar orientar, dissuadir ela de falar alguma coisa. E, por essa razão, pela conveniência da instrução processual, nós representamos também, no relatório final, pela prisão da Gabriella Kiefer”, destacou Cleudes Junior.Participação da dentista no crimeO crime pelo qual Gabriella e Thiago respondem aconteceu no dia 29 de agosto de 2021. Segundo uma testemunha relatou à polícia, a dentista viu pelo celular, por meio das câmeras de videomonitoramento de sua clínica, em Itapuã, Vila Velha, que o local estava sendo invadido por um indivíduo.Ela então teria ligado para Thiago, seu namorado na época, que foi armado até o local, em um veículo próprio. Ela também se dirigiu à clínica, no seu próprio carro. Para a testemunha, o veterinário teria afirmado que o casal encontrou o invasor, um homem em situação de rua, armado com uma faca dentro da clínica. Thiago então teria o rendido e o colocado amarrado em seu carro.Segundo o adjunto da DHPP de Vila Velha, há relatos de que o veterinário teria atirado contra o morador de rua ainda dentro da clínica. “Nós temos relatos de populares que chegaram a ouvir gritos e um disparo no local, e que viram o Thiago colocando essa vítima, já baleada, dentro de um carro branco, que depois nós soubemos, por meio das investigações, que se tratava de uma Fiat Toro branca, de propriedade da Gabriella. E a Gabriella estava presente no local”, frisou o delegado. Em seguida, o então casal entrou na caminhonete e seguiu, com a vítima amarrada, até o local onde o homem foi executado. O corpo da vítima, que ainda não foi identificada pela polícia, foi abandonado às margens da avenida Leste-Oeste, na entrada do bairro Vale Cantado, em Vila Velha. O corpo estava com as pernas quebradas, amarrado e tinha perfurações provocadas por arma de fogo.De acordo com as investigações, os tiros foram dados por Thiago. O delegado, no entanto, explicou que, mesmo não sendo a executora do crime, Gabriella teve participação.”Para o direito penal, não é somente criminoso quem puxa o gatilho. Quem, de qualquer forma, concorre para o crime vai incidir nas penas desse crime. Quem empresta uma arma, dirige o veículo ou está junto ali, com a vontade de que aquele crime seja realizado, vai responder pelo crime. Nesse caso, como ela ligou para o Thiago, ela provocou a ida do Thiago até o local, ela esteve com o Thiago o tempo todo e, mesmo depois da vítima baleada, ela prosseguiu até o local da execução com o carro dela, isso denota, para a investigação, de que ela tinha sim ânimos nesse homicídio”.Dentista trocou de carro três dias após o crimeAinda segundo Cleudes Junior, Thiago teria se assustado com a frieza da então namorada durante a execução do crime. “A testemunha nos relatou que o Thiago teria ficado surpreso com o tamanho da frieza da Gabriella, por tudo que ele tinha feito e pela reação que ela teve. Ela, em tese, se demonstrou fria durante toda a ação do Thiago”.Outro ponto que chamou a atenção da polícia foi o fato de a dentista ter trocado de carro três dias após o assassinato do morador de rua. Ela teria ganhado a Fiat Toro, zero quilômetro, em maio de 2021, como presente do namorado. No entanto, no início de setembro daquele ano, trocou o veículo por uma BMW X1. O delegado disse que foi feita uma perícia na Fiat Toro, utilizada para transportar a vítima no dia do crime, e no veículo foram encontrados vestígios de sangue.

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