Big Techs e Trump: entre interesses privados e submissão

Com o retorno de Donald Trump ao poder, a relação das grandes corporações de tecnologia com o governo dos Estados Unidos assume um novo capítulo, marcado pela submissão estratégica e pelo abandono de qualquer compromisso com valores democráticos. Empresas que antes avolumavam seus marketings vendendo a ideia de serem bastiões da liberdade de expressão e da resistência à concentração de poder agora se curvam ao presidente eleito, em um movimento que revela a verdadeira essência de seus interesses.

Durante seu primeiro mandato, Trump enfrentou resistência aberta das gigantes da tecnologia. Empresas como Meta e Amazon, ao lado de líderes como Mark Zuckerberg e Jeff Bezos, frequentemente se posicionaram contra suas políticas, seja nos tribunais ou em meio a opinião pública.

Mas agora, com o cenário político e econômico dos Estados Unidos em transformação, esses mesmos executivos se reaproximam de Trump, abandonando o que antes chamavam de “princípios”.

Mark Zuckerberg, que chegou a banir Trump de suas plataformas após a invasão ao Capitólio, foi visto jantando com o presidente eleito. Jeff Bezos, antes um crítico feroz, prometeu apoio financeiro para os eventos de posse. Até mesmo Shou Zi Chew, do TikTok, cuja plataforma foi alvo de tentativas de banimento por Trump no passado, parece disposto a estabelecer uma trégua.

O que move essa reviravolta? Em primeiro lugar, o interesse em preservar seus modelos de negócio diante de um governo que já demonstrou disposição para atacar empresas que não o apoiam. Além disso, a crise econômica global e o aumento das regulações durante o governo Biden pressionaram as big techs a buscar proteção no Estado — desde que esse Estado se mostre amigável às suas agendas privadas.

Esses movimentos não são apenas oportunistas; eles expõem a falta de compromisso dessas corporações com qualquer tipo de ética ou responsabilidade social. O discurso de “inovação” e “liberdade” é deixado de lado assim que surge a oportunidade de reforçar seus monopólios e evitar regulações desfavoráveis.

Esse alinhamento entre as big techs e o governo Trump também reflete o enfraquecimento da resistência política. Democratas, que antes se colocavam como barreira a Trump, agora mostram sinais de apatia ou divisão interna.

Apesar do clima de submissão que marca o início deste segundo mandato, os conflitos não desapareceram. As promessas de Trump, como as tarifas comerciais e as deportações em massa, podem rapidamente colidir com os interesses das próprias big techs e provocar rupturas.

O que se desenha, no entanto, é um cenário em que grandes empresas de tecnologia apostam na aliança com Trump como forma de garantir sua sobrevivência — mesmo que isso signifique comprometer princípios, democracia e o interesse público.

Sob a fachada de inovação e progresso, as big techs se mostram cúmplices de um projeto autoritário e corporativo. No fim, a submissão a Trump é mais um exemplo de como essas empresas colocam o lucro acima de tudo, deixando claro que seus compromissos éticos nunca passaram de retórica conveniente.

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