Rock in Rio: força-tarefa resgata 14 trabalhadores em situação análoga à escravidão

Uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 14 trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão durante o Rock in Rio 2024. A ação, conduzida por auditores-fiscais e procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT), expõe a exploração promovida por uma empresa terceirizada responsável por atividades operacionais do evento.

Os trabalhadores, contratados pela FBC Backstage Eventos Ltda, uma empresa terceirizada, para prestar serviço de limpeza e fazer o carregamento de equipamentos, gradis, coolers e brindes, estenderam suas jornadas chegando a trabalhar até 21 horas em um único dia, com apenas três horas de descanso. Prometidos pagamentos diários entre R$ 90 e R$ 150, muitos não receberam o valor devido. Além das longas horas, os trabalhadores dormiam no chão, sobre papéis e lonas, dentro do escritório da empresa montada na Arena de Tênis do Parque Olímpico.

“Há registros de trabalhadores que atuaram por dias consecutivos sem retornar para casa, com intervalos de apenas três horas entre as jornadas, começando às 8h, trabalhando até as 5h da manhã seguinte e reiniciando às 8h do mesmo dia”, destacou a equipe.

A fiscalização começou em 22 de setembro, com o objetivo de verificar se expositores, comerciantes e contratantes de músicos no evento estavam cumprindo as obrigações trabalhistas. Durante a operação, os auditores encontraram 14 pessoas dormindo em condições degradantes. Segundo o MTE,  trabalhadores resgatadas disseram que improvisaram banhos de caneca nos banheiros femininos devido à falta de chuveiros e, para garantir a privacidade, elas retiravam a maçaneta das portas para evitar a entrada de homens.

No decorrer da operação, foram lavrados 32 autos de infração, sendo 21 autos contra a FBC Backstage Eventos Ltda, a empresa terceirizada, e outros 11 contra a Rock World S.A, organizadora do Rock in Rio. Thiago Gurjão, responsável pelo inquérito não é possível tolerar trabalhadores dormindo em papelões por três horas antes de retornar a jornadas exaustivas, carregando materiais por até 20 horas. É inadmissível que isso aconteça em um evento de grande porte, com discurso de sustentabilidade e responsabilidade social, que possui todos os recursos necessários para evitar essa situação.”

“Caso isolado”

O caso de 2024 não é isolado. Em 2013, 93 trabalhadores foram resgatados de uma empresa terceirizada do setor de fast food. Na época, a empresa cobrava pelo credenciamento, forçando os trabalhadores a arcar com passagens, hospedagem e ingressos. Eles eram alojados em comunidades próximas e passavam noites ao redor do evento, sem alimentação, água ou descanso, com retenção de documentos. Em 2015, outros 17 trabalhadores foram resgatados em condições semelhantes, com jornadas exaustivas, alojamento precário e falta de pausas para alimentação e hidratação.

Além do resgate, foram emitidas guias de Seguro-Desemprego para os trabalhadores e o MPT seguirão com inquéritos para garantir indenizações e prevenir novos casos. A situação também levantou questionamentos sobre a validade dos certificados de sustentabilidade do festival, e novas medidas serão necessárias para evitar a reincidência dessa prática desumana.

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com informações de agências

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