Em resposta à recente série de ações higienistas promovidas pela Prefeitura de Goiânia contra a população em situação de rua, foi realizada uma manifestação nesta quinta-feira, 15, no centro da Capital, onde há a maior concentração de pessoas em situação de vulnerabilidade. A ação buscou denunciar as práticas de “limpeza social” que têm agravado a vulnerabilidade de pessoas que já enfrentam condições extremas.
Um grupo de aproximadamente 20 pessoas em situação de rua, que estava presente na intervenção, disse à reportagem que todos tiveram seus pertences jogados no lixo pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (Sedhs) na última terça-feira, 6. Um deles, inclusive, não conseguia se levantar porque diz ter sido atingido com spray de pimenta e bala de borracha. Em resposta ao Jornal Opção, a Prefeitura de Goiânia as atividades realizadas no Setor Central da capital tiveram como objetivo ações de zeladoria.
“Na operação específica realizada na Avenida Goiás, nas interseções com a Rua Paranaíba e com a Avenida Independência, as equipes do Consultório na Rua, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde, e do Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS), da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social, estiveram presentes para coletar dados e apresentar os diversos programas, ações e serviços disponíveis para essa população”, disse a prefeitura em nota.
A prefeitura não sabe estimar quantas pessoas existem sem abrigo na capital, porque o último levantamento com essa população foi realizado apenas em 2019, pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Criminalidade e Violência (Necrivi) da Universidade Federal de Goiás (UFG), que contabilizou 1.200 pessoas. Quem trabalha com assistência social e presta apoio para essas pessoas, no entanto, diz que Goiânia ultrapassa 4 mil pessoas em situação de rua.
“Estamos nos posicionando contra uma política que trata seres humanos como problemas a serem eliminados, e não como cidadãos que precisam de apoio e inclusão”, afirmou Eduardo Matos, um dos organizadores do evento. “Essa intervenção é um grito por justiça, por dignidade e por políticas públicas que verdadeiramente acolham e respeitem quem mais precisa.”
A intervenção contou com a presença de pessoas em situação de rua, ativistas, movimentos sociais e cidadãos que defendem os direitos humanos e a dignidade de todos os moradores da cidade. Estiveram presentes o vereador Fabrício Rosa (PT) e a presidente estadual do PSOL, Cíntia Dias. Além da cavalaria da Polícia Militar (PM), haviam cerca de 7 viaturas e 3 carros da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM).
“Os pertences, as roupas, os documentos das pessoas em situação de rua foram roubados pelo prefeito Rogério Cruz e pela Prefeitura de Goiânia, que é incapaz de criar uma casa de acolhida. Cada roupa, cada mala, cada documento, investimento de trabalho, foi desrespeitado. Precisamos tratar a dor das pessoas como se fosse nossa”, denunciou Fabrício Rosa.
O ato de resistência foi realizado contra as ações da prefeitura, que incluem remoção forçada, destruição de pertences e a falta de alternativas dignas de moradia, desrespeitando os direitos básicos dessa população. A manifestação é um apelo à sociedade goianiense para que se una em defesa dos direitos de todos, exigindo que a Prefeitura de Goiânia cesse as ações repressivas e adote medidas inclusivas e humanitárias.
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