BOA VISTA – Nas ruas de Boa Vista (RR), o time mais citado pelos transeuntes é o Flamengo, do Rio de Janeiro. É raro alguém que seja torcedor exclusivo de algum dos dez times do Estado, ligados à Federação Roraimense de Futebol, a FRF. A falta de popularidade se reflete no esporte local: as equipes são modestas, com a maioria treinando em campos públicos; a arbitragem era amadora até recentemente; e o campeonato local tem público reduzido.
Ele atribui a mudança à injeção de dinheiro recente no futebol de Roraima, por parte de empresários interessados em patrocinar o esporte local. Carneiro foi campeão roraimense pelo Baré e pelo Atlético Roraima. Até o ano passado, era diretor do Rio Negro. No Ranking Nacional de Federações (RNF) da CBF, a Federação Roraimense aparece em 24º lugar atualmente, à frente apenas de Amapá, Mato Grosso do Sul e Rondônia. O ranking é baseado no desempenho dos clubes filiados à federação nos últimos cinco anos, em competições nacionais. Atualmente, a FRF soma 1.671 pontos. Esse resultado se deve às campanhas dos times São Raimundo, o “Mundão”; Grêmio Atlético Sampaio, o GAS; Náutico e Baré. Como mostrou o Estadão, Samir Xaud vem de uma família tradicional na política de Roraima. A mãe, Ilma de Araujo Xaud, foi vice-reitora da Universidade Estadual de Roraima e secretária de Educação da prefeitura de Boa Vista e do governo do Estado, nas gestões do ex-governador Ottomar Pinto, do antigo PTB. Além do futebol – ele foi goleiro na adolescência –, Samir gosta de correr de kart, é faixa-preta em jiu-jítsu e instrutor certificado de crossfit. Em Boa Vista, é dono de um centro de treinamento da modalidade, além de uma academia e uma clínica de medicina esportiva.
A reportagem do Estadão procurou a FRF para comentários por meio de um dos diretores da entidade, Darkson Leal, mas a Federação resolveu não se manifestar. Entidade movimenta R$ 2,4 milhões por anoSem site, a FRF não publica por conta própria seus balanços anuais de despesas e receitas. Em maio deste ano, porém, os documentos foram publicados no site da CBF. Em 2024, a Federação Roraimense captou R$ 2,47 milhões e gastou um pouco mais que isso: R$ 2,67 milhões. A maior parte das receitas veio de repasse da própria CBF: R$ 1,4 milhão. A rubrica de “outras receitas” somou R$ 1,06 milhão. Segundo as informações do balanço, a entidade gastou R$ 468 mil em “despesas administrativas” no ano passado, e mais R$ 316,5 mil em “material de consumo”. As competições de futebol amador e profissional consumiram R$ 1,65 milhão; e a compra de material esportivo somou R$ 260,7 mil. As contas foram aprovadas pelo Conselho Fiscal da entidade e pelos presidentes dos clubes.
Além dos repasses para a federação, a CBF também manda dinheiro para a realização do “Roraimão”, o campeonato estadual. Em 2023, último ano disponível, a entidade nacional repassou R$ 1,37 milhão para o campeonato. Naquele ano, a receita total do Estadual foi de R$ 1,58 milhão, enquanto as despesas para a realização do evento foram de R$ 1,06 milhão. Com apenas dez times federados, o Campeonato Estadual de Roraima dura em média dois meses – três, se incluída a pré-temporada. Este ano, a disputa terminou em abril, com o GAS derrotando o Monte Roraima nos pênaltis por 4 a 3. Com a vitória, o GAS sagrou-se bicampeão roraimense (2024-2025). Além da disputa principal, há também a competição feminina e categorias de base.Nos últimos dois anos, em 2024 e 2025, o campeonato passou a ter também patrocinadores privados. No ano passado, a disputa foi batizada de Campeonato Roraimense Sicredi, em função do apoio do Sistema de Cooperativas de Crédito – é o mesmo patrocinador do Campeonato Paulista. Em 2024, o principal apoio foi da empresa de ônibus roraimense Asatur, da família da deputada federal Helena Lima (MDB), a Helena da Asatur.