Por Larissa Rodrigues – repórter do Blog
A deputada estadual Débora Almeida (PSDB), uma das mais fiéis governistas na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), negou que tenha havido orientação do Palácio do Campo das Princesas para que parlamentares da base faltassem à sessão plenária da tarde de ontem (21). Segundo ela, o que ocorreu foi a coincidência de alguns deputados estarem em pautas fora do Recife.
Na ocasião, seria votado o nome do veterinário Moshe Dayan Fernandes de Carvalho, indicado pelo Estado à presidência da Adagro (Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco). Ele foi sabatinado pela Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ) da Casa, na manhã de ontem, mas no período da tarde não houve quórum suficiente para que o nome dele fosse aprovado em definitivo para o cargo. A aprovação precisava de 25 deputados, mas só estavam presentes 19.
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A ausência dos governistas deixou a oposição surpresa, já que, em tese, era do interesse do próprio governo que o nome do novo presidente da Adagro fosse logo aprovado, uma vez que o Brasil passa por uma crise com a gripe aviária.
A Associação Avícola de Pernambuco (Avipe) chegou a fazer um apelo aos deputados para que o nome do novo comandante da Adagro fosse chancelado, devido à gravidade da situação, tendo sido atendida pelo presidente da Alepe, Álvaro Porto (PSDB). O presidente destrancou a pauta para que houvesse a votação no plenário, que, agora, deve ficar para a semana que vem.
De acordo com Débora Almeida, não procede a informação de que o secretário executivo da Casa Civil, Yuri Coriolano, teria orientado deputados governistas a não participarem da sessão. A teoria foi levada à tribuna pelo deputado Júnior Matuto (PSB). “Muitos deputados estão na marcha dos prefeitos, em Brasília, outros em agendas no Interior ou fora do país, como no meu caso”, informou Débora, que está na Argentina participando da Conferência do Observatório Internacional da Democracia Participativa.
A líder do Governo, Socorro Pimentel (UB), e o deputado Antônio Moraes (PP) disseram, à Folha de Pernambuco, que não esvaziaram a sessão, apresentando o mesmo discurso de Débora Almeida sobre as agendas dos parlamentares fora do Recife. Considerado independente na Casa, porém mais alinhado à gestão Raquel Lyra (PSD), o deputado Renato Antunes (PL) também afirmou que não recebeu nenhuma orientação do Palácio para faltar à sessão.
Sem contato
Na noite de ontem, o vice-presidente da Alepe, Rodrigo Farias (PSB), enviou nota à imprensa na qual afirma que tentou, durante a tarde e noite, contactar a liderança da gestão Raquel Lyra para levar o tema à votação hoje, mas sem sucesso. Ele vai presidir a sessão plenária desta quinta.
“A Alepe fez a sua parte e, de forma ágil, aprovou e sabatinou o indicado do governo na CCLJ. Mas o governo não reuniu os parlamentares necessários para que a indicação fosse votada e aprovada no plenário, como manda o regimento, mesmo com todo esforço da Casa em garantir que os produtores pernambucanos não sejam penalizados em função da gripe aviária. Passei a tarde e à noite tentando contactar a líder do governo na Alepe, liguei, mandei mensagem, mas até agora não tive resposta. Seguimos aguardando um posicionamento do governo, se eles conseguirão juntar deputados para votar amanhã pela manhã (hoje)”, comentou Rodrigo Farias.
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